Ecoturismo e educação ambiental

Lazer e preservação no Araguaia

12 de dezembro de 2003

Goiás faz programa de educação ambiental para turistas das praias do rio Araguaia

Teatro de bonecos
Um dado importante: os trabalhos foram direcionados para o público infantil. Por isso tiveram caráter lúdico, com atividades artísticas, além de distribuição de cartazes, banners educativos e vários brindes. O ponto alto da visita é o espetáculo de teatro de bonecos, que tem como personagens os animais da região. Eles falam sobre os problemas que atingem a natureza, sobre a necessidade de preservação, cuidados com o lixo, além da importância de se obedecer as leis.


A apresentação é bastante interativa e prende a atenção dos baixinhos até o final. Segundo o secretário de Meio Ambiente de Goiás, Paulo Souza Neto, o saldo final é extremamente positivo, já que as crianças participaram ativamente da programação, e porque são excelentes multiplicadores. “Além de aprenderem a forma certa de lidar com a natureza desde a infância, as crianças são excelentes fiscais, pois cobram atitudes corretas por parte dos adultos”, lembra o secretário.


O lixo – Outra mudança importante é a preocupação com o manejo correto do lixo nos acampamentos. O secretário Paulo Souza Neto reafirma essa mudança de comportamento e maior nível de consciência por parte dos turistas. A opinião é compartilhada com Paulo D’Ávila, do Grupo Nativa, que realiza esse trabalho há 18 anos.


O superintendente de Gestão Ambiental da Semarh, José de Paula Morais Filho, salienta que os órgãos ambientais parceiros da temporada se preocuparam em não gerar mais lixo nas praias. Por isso, os materiais escolhidos para a campanha, como réguas adesivas, marcadores de páginas e sacos de lixo para carros, são de caráter utilitário, educativo e de lazer.


Araguaia Limpo – A parceria entre os órgãos e instituições também foi responsável pela realização do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Araguaia Limpo, que esteve presente nas cidades e praias de Aragarças, Aruanã, Bandeirantes, São Miguel do Araguaia, Luiz Alves e Baliza. O programa foi implementado para garantir limpeza, qualidade ambiental e estética desses locais.


Sua atuação ocorre durante toda a temporada, com equipes de fiscalização e monitoramento. Os turistas são orientados a separar o lixo, enterrando o orgânico e acondicionando o inorgânico em sacos de lixo. Esse lixo é entregue nos postos de coleta instalados nos municípios de Luis Alves, Bandeirantes, Viúva, Cangas, Aruanã, Itacaiu, Barra do Rio Claro, Registro do Araguaia e Aragarças. Em Aruanã e Luís Alves são colocados barcos para percorrer acampamentos e coletar o lixo. “Não basta pedir que o lixo inorgânico seja recolhido pelo turista, nós espalhamos postos de coleta para ajudar o turista nesta operação”, diz Morais Filho.


Pesca com normas
A pesca, uma atividade que atrai grande número de interessados no rio Araguaia, possui suas normas rígidas, que devem ser seguidas à risca:


? Para pescar é preciso retirar antes a licença para pesca;


? É proibido o uso de qualquer material predatório, assim como pesca em lagos;


? É permitido usar apenas linha de mão, caniço ou molinete;


? Captura e transporte de até 5 kg de peixe mais um exemplar de cada espécie por pessoa;


? A pesca de Pirarucu, Filhote/Piraíba e Pirarara está proibida.


Normas de convivência nas praias de rio


Os acampamentos visitados pelas equipes são orientados sobre as Normas de Convivência com o Araguaia. Conheça as regras que tornam o passeio mais agradável e a natureza mais protegida


1. Na instalação de acampamentos não use recursos vegetais da região. Use estrutura metálica, bambu e madeira beneficiada.


2. Todo material do acampamento deve ser recolhido no final da temporada. A praia tem que ficar limpa.


3. O lixo deve ser separado. Enterre o orgânico no barranco longe da margem do rio. O lixo reciclável (plástico, papel, lata, vidro) deve ser levado de volta ou depositado nos locais de coleta.


4. Na construção de sanitários use material degradável no escoramento da fossa (caixotes, tábuas, bambus etc.). “Não é permitido o uso de tambores”.


5. É proibida a prática de cimentados nas praias e margens do rio.


6. Não use foguetes e fogos de artifício, além de afugentar animais podem provocar incêndios.


7. Instale abafadores nos motores geradores, a fim de diminuir a poluição sonora. Desligue-os sempre que possível.


8. Pesque somente com linha de mão, caniço ou molinete. Não use material predatório.


9. Caçar é crime. Não mate nem aprisione animais silvestres.


10. Para que o acampamento receba o certificado de parceiros é necessário:
a) Cumprir as Normas de Convivência;
b) Participar da reunião na praia ou no acampamento;
c) Não ser pego em nenhuma ação predatória;
e) Participar da reunião dos acampamentos em Goiânia.


11. Todo acampamento deve ter identificação através de faixas ou placas.


12. É proibido o estacionamento de carro nas praias, bem como o uso de som em volume alto.


13. Proibido acampar em praias que tenham ninhal de gaivotas. Distância mínima de 100 metros.


14. A partir deste ano de 2003, estão zoneadas na APA (Área de Proteção Ambiental Meandros do Rio Araguaia) as áreas de acampamento e de refúgio de animais silvestres, sendo assim descritas: Áreas Permitidas – Bandeirantes – Entre a Barreira da Piedade/GO e a entrada do Lago do Cocal/MT.


Tocantins: professora de história resgata cultura indígena
Escola quer mudar modo de pensar de seus alunos e formar
uma nova consciência sobre realidade dos índios


Da redação
A professora Benta Lopes Morais dá aula de história na Escola Estadual de Lagoa da Confusão. Sem nenhuma intenção de fazer trocadilho, ela percebeu muita confusão na cabeça de seus alunos quando se tratava de estudar cultura indígena. E o motivo é simples: seu alunos pensam como a maioria dos homens brancos deste nosso Brasil: todos têm uma visão negativa sobre os índios. Para eles, os índios têm muitos direitos, mas são preguiçosos e não gostam de trabalhar. Então o que fez a professora Benta Morais? Simples, fez um projeto que está sendo desenvolvido há dois anos, para mudar este modo de pensar de seus alunos e formar uma nova consciência sobre os povos indígenas. E a professora está satisfeita porque nestes dois anos, os educadores já notaram fortes mudanças no modo de pensar dos alunos. Hoje eles convivem
harmoniosamente com os índios e aprenderam a respeitar sua cultura.


Mas para que isso acontecesse, a professora Benta, que nasceu na Ilha do Bananal, promoveu um intercâmbio com as tribos indígenas da região. Primeiro, os alunos visitaram as comunidades indígenas e tiveram noções sobre o seu modo de vida. Depois, os índios visitaram a escola para conhecer universo o estudantil. A terceira etapa do projeto será apresentada agora no final de agosto, durante a realização do III Semana Cultural da Escola Estadual de Lagoa da Confusão. Nessa etapa, os estudantes e professores vão participar de uma conversa com o cacique da aldeia Boto Velho. A intenção da professora Benta Morais é que o projeto tenha continuidade e os alunos tenham sempre a oportunidade de estarem discutindo a aprendendo sobre os povos indígenas.


Quem Ama Conhece
A Escola Estadual de Lagoa da Confusão atende 780 alunos da 1ª série do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e a Semana Cultural é um evento elaborado com a participação de todos os professores, que desenvolvem atividades específicas para o evento. Este ano, a Semana Cultural vai contar com espetáculos, músicas, palestras, lançamentos de CDs, paródias e interpretações.


É um projeto desenvolvido visando a despertar o interesse dos alunos pela obra de Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Os estudantes que participam desse projeto se reúnem na escola todas as quartas-feiras, das 19 às 20 horas, para fazer leituras, comentários e análises dos textos dos dois escritores. Como resultado, os alunos produzem paródias e outros textos. O projeto tem a supervisão dos educadores da escola, mas a coordenação fica por conta da ex-aluna Tarciana, que é voluntária da escola.


TO ensina técnicas de reciclagem do lixo


O lixo é um dos mais graves e sérios problemas da sociedade moderna. A questão do lixo é também complexa pois envolve desde a fabricação dos produtos (mais de 40% de um bem que se compra é embalagem) o recolhimento e a destinação final. Um dos fatores mais importantes na destinação final do lixo é justamente seu reaproveitamento, que pode ser feito reciclando e reutilizando.


É importante que a sociedade saiba a importância da reciclagem e que a população tome consciência de que a lata de lixo não é um desintegrador mágico de matéria. O lixo continua existindo e gerando conflitos mesmo depois que o jogamos na lixeira.


Existe uma fórmula de como não produzir lixo? Não. O que se pode é diminuir essa produção, melhorando o processo de fabricação e conscientizando o consumidor para reduzir o desperdício, separar os materiais recicláveis e reutilizar tudo que for possível. Justamente com esse objetivo, a Secretaria de Educação e Cultura do Tocantins ofereceu na semana passada uma oficina de Rreciclagem para professores da Rede Estadual, incluindo técnicos da própria secretaria.


A oficina aconteceu na Escola Frederico Pedreira, em Palmas, e foi ministrada por dois artesãos do Meta – Movimento Ecológico de Taquaruçu. Os professores foram orientados sobre técnicas de reciclagem do papel, plástico e de outros produtos. Os professores foram orientados de como eles podem passar todos esses ensinamentos para seus alunos, que serão multiplicadores do aprendizado em suas comunidades.