Mico-leão-dourado se recupera em lista de espécies ameaçadas

3 de dezembro de 2003

A espécie passou para uma categoria de menor ameaça na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)

Brasília – A conservação do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) recebeu um importante reconhecimento hoje depois que a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) divulgou a atualização de sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção. Na nova lista, que inclui espécies ameaçadas de todo o mundo, o mico passou de Criticamente Ameaçado de Extinção (no levantamento de 2000) para Ameaçado de Extinção. O mico-leão-dourado, que só vive na Mata Atlântica de baixada costeira na bacia do rio São João e Região dos Lagos no Rio de Janeiro, foi a única espécie de primata que conseguiu passar para uma categoria de menor ameaça na nova Lista Vermelha.


Quando o WWF, o Smithsonian Institution e outros parceiros começaram a trabalhar com a proteção desta espécie ameaçada, em 1971, restavam apenas cerca de 200 indivíduos da espécie vivendo na natureza. Em 30 anos de cooperação internacional e um árduo trabalho de campo, a população de micos-leões atingiu uma importante conquista em março de 2001, quando o milésimo mico nasceu na natureza.


O Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado é o primeiro e mais antigo projeto apoiado pelo WWF no Brasil, sendo executado pela Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), criada para coordenar todos os trabalhos de conservação da espécie. Desde então, com o uso de técnicas como a reintrodução na natureza de animais nascidos em cativeiro, a translocação de animais vivendo em áreas isoladas, a educação ambiental e a proteção e restauração de hábitat para a espécie, o programa tornou-se um exemplo único de parceria internacional envolvendo 40 organizações e 148 zoológicos. O resultado desse esforço pode ser medido pelo fato que cerca de um terço da população de micos-leões-dourados vivendo na natureza é resultado direto do programa de reintrodução, que tem repovoado florestas onde a espécie estava extinta, envolvendo mais de duas dezenas de propriedades particulares em Silva Jardim, Rio Bonito e Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro.


Apesar da nova classificação da IUCN, a espécie continua ameaçada, uma vez que estudos concluíram que são necessários pelo menos 2 mil micos vivendo na natureza para garantir a sobrevivência a longo prazo da espécie. Contudo, para chegar à essa população, o hábitat do mico precisa aumentar dos cerca de 17 mil hectares atuais para 25 mil hectares de Mata Atlântica contínua na região, até o ano 2025. Com poucas chances do aumento rápido da população vivendo na natureza, devido à fragmentação do pouco que resta da Mata Atlântica na região, a AMLD junto com o WWF e outros parceiros precisam continuar lutando para recuperar e proteger o hábitat do mico.


Um importante passo para atingir o objetivo de salvar o mico do risco de extinção foi alcançado em junho de 2002, quando uma Área de Proteção Ambiental (APA) de 145 mil hectares foi criada na Bacia do Rio São João, no Rio de Janeiro, incluindo as únicas áreas de Mata Atlântica onde vive o mico-leão-dourado. Com a criação da área, foram estabelecidos critérios específicos para a ocupação e uso da terra, garantindo a integridade da biodiversidade local e a qualidade ambiental da bacia.


A Lista Vermelha da IUCN é a lista mais completa sobre a situação de espécies da flora e fauna de todo o mundo. A lista usa uma série de critérios científicos para avaliar o risco de extinção de milhares de espécies e subespécies. Há nove categorias avaliando o nível de ameaça de extinção enfrentado pela espécie: extinto, extinto na natureza, criticamente ameaçado, ameaçado, vulnerável, quase ameaçado, mínimo de preocupação, dados insuficientes ou não avaliado. Uma espécie é considerada ameaçada de extinção se ficar nas categorias Perigosamente Ameaçado, Ameaçado ou Vulnerável.


O WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos, com sede em Brasília, com atuação nacional para que a sociedade brasileira conserve a natureza, harmonizando a atividade humana com a proteção da biodiversidade e o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. Faz parte da rede ambientalista mundial WWF, que congrega organizações similares de mais de 30 países e com atuação em todos os continentes.


Para mais informações:
Jorge Fecuri – Assessor de Comunicação WWF-Brasil
tel: (61) 364.7485 email: [email protected]
Site da IUCN: www.iucn.org