Retratos do Brasil

12 de dezembro de 2003

Uma exposição que é a cara do Brasil: exuberante, cheia de mistérios e de uma diversidade riquíssima

 








Pesca artesanal dos Yaualapiti, Alto Xingu (MT)


Índia kamayurá, do Alto Xingu (MT). O Parque Indígena do Xingu é o único do mundo que realmente funciona, no sentido de preservar a cultura tradicional dos povos
como costuma explicar o próprio Orlando Villas Boas


Menina, descendente de poloneses, na região de São Pedro da Serra (SC). As tradições européias ainda são fortes, mas o sentimento de brasilidade está presente nesses povos do Sul.


 


Negra descendente de quilombolas de Frechal (MA). Depois de 200 anos de luta com fazendeiros da região, o povo de Frechal teve, finalmente, o direito à terra, quando Frechal foi transformado em Reserva Extrativista, em 1992


Índia yanomami, da região de Parafuri (RR). Seu grupo teve um primeiro contato com o homem branco em 1988 e, até hoje se mantém isolado nas matas do noroeste do território Yanomami


 



Produção de energia eólica em Fortaleza


Floresta amazônica na região do rio Urucu (AM)


 


Cacto no sertão
do Nordeste (PB)


 


 


 





Grupo Maracatu Nação Pernambuco, Olinda (PE). A produção cultural é cada vez mais forte entre os jovens pernambucanos que estão mobilizados, resgatando as tradições


Paula Saldanha – Entrevista


Paula Saldanha é jornalista, formada em Pedagogia pela UFRJ, escritora, ilustradora e presidente da ONG Instituto Terra Azul, que desenvolve projetos na área de meio ambiente e educação. Paula Saldanha entrou no jornalismo pela telinha da TV Globo, em 1974, como apresentadora do Fantástico. A paixão inicial pela educação, acabou se estendendo ao jornalismo. Ainda na TV Globo, em 1976, começou a produzir matérias sobre educação e literatura para o jornal Hoje. Em 1977, Paula Saldanha passou apresentar o Telejornal Globinho, enquanto seu marido, Roberto Werneck, biólogo e documentarista, já produzia médias-metragens científicos por todo o Brasil. Daí, em 1986, Paula Saldanha se casou pela segunda vez com Roberto Werneck: desta vez profissionalmente, viajando juntos e fazendo do trabalho uma grande lua-de-mel com a natureza. Começava uma fantástica produção independente que está representada nesta mostra Retratos do Brasil.


Folha do Meio – A partir da idéia da criação do projeto, quanto tempo levou a elaboração da exposição?


Paula Saldanha – “Retratos do Brasil” é um antigo projeto nosso que obteve, em 2002, o patrocínio da Petrobras, com incentivos da Lei Rouanet. A exposição multimídia levou um ano para ser elaborada, tanto na parte de conteúdo como nos painéis de fotos e projeção de vídeos. Mas nunca deixamos de viajar ou interromper a produção de nosso programa de TV “Expedições”.


FMA – Como foi a itinerância da exposição?


PS – Em outubro de 2002 inauguramos a primeira etapa, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. Em maio e junho deste ano, foi a vez do Sesc-Pompéia, em São Paulo. Agora, em agosto de 2003, encerramos a itinerância no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Concluímos, assim, esse projeto que é uma homenagem nossa ao povo brasileiro.


FMA – As montagens das exposições foram diferentes?


PS – Cada montagem foi feita de acordo com o espaço. Na construção neo-clássica da Casa França-Brasil, usamos mais luzes e mais projeções de vídeo. No Sesc-Pompéia, os painéis se destacaram e o público teve acesso a terminais de computadores. No Palácio do Itamaraty, a montagem ficou mais sóbria e aberta, respeitando o projeto de Oscar Niemeyer.


FMA – Onde termina o projeto? Depois do encerramento da exposição no Itamaraty, o que vai acontecer?


PS- Após a desmontagem em Brasília, no final de agosto, estaremos doando a exposição para o governo brasileiro mostrar a imagem do Brasil aqui e no exterior. A idéia é o Itamaraty mandar verter os textos dos painéis fotográficos e dos vídeos para outros idiomas, promovendo a itinerância por vários países. Estamos procurando um espaço cultural em Brasília para “adotar” a exposição com suas estruturas e painéis atuais de forma permanente.


FMA – O que é mais difícil: produzir a exposição ou captar imagens em campo?


PS – Foi muito difícil cuidar da qualidade das imagens da exposição, desde a programação visual, feita por Gabriela Werneck, até a impressão. Mas, sem dúvida, a captação fotográfica e em vídeo, feita em regiões distantes, é muito mais complexa e difícil.







Paula Saldanha e Roberto Werneck em gravações de campo

FMA – Qual o próximo passo?


PS – Nossa produção independente já gerou mais de 90 mil fotografias, centenas de vídeos e milhares de reportagens – tudo isso tem sido transformado em programas de TV, como o “Expedições”, vídeos, livros, sites e exposições. Em 2004, pretendemos lançar uma coleção de livros com nossas aventuras, transformar os programas em DVDs e acompanhar a exposição nos diversos países, ajudando a divulgar os vários brasis que já estão dando certo.