MISSÃO PARA OS GOVERNANTES

29 de janeiro de 2004

S.O.S. para os recursos naturais


MISSÃO PARA OS NOVOS GOVERNANTES
A partir de janeiro, 2003, os estados brasileiros deverão ter novos governadores. Alguns reeleitos. A Câmara e o Senado Federal renovados. Esperamos que se conscientizem da importância da preservação do meio ambiente como indispensável à sobrevivência dos habitantes de suas unidades federativas.
Ao assumir seus mandatos, os novos governadores devem procurar inteirar-se da situação das terras do Estado. Também os governadores que estão terminando os mandatos deveriam apresentar um relatório analisando como receberam os recursos ambientais (ar, água, solo e florestas) há quatro anos e como os estão entregando ao novo governador.
É indispensável que cada cidadão, seja ele residente no meio rural ou urbano, se conscientize da importância da preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. A saúde, alimentação e lazer também são direitos dos nossos descendentes. Também eles podem desfrutar desses mesmos benefícios com que a natureza privilegiou o território brasileiro e que até o presente foi intensamente agredido.
Lamentavelmente, o homem embora seja o mais inteligente dos animais, é o único que destrói os recursos naturais indispensáveis à sua sobrevivência.
Em todas as unidades escolares, religiosas, associações de moradores, clubes, cooperativas, entidades de classes profissionais, rádios, TVs, etc., devem ser elaboradas palestras, debates e campanhas, a fim de que toda a população brasileira se conscientize, com a maior urgência, da necessidade da preservação dos recursos naturais e da restauração dos elementos degradados. Ou o território brasileiro vai tornar-se uma imensa área desertificada.


TRADIÇÃO PREDATÓRIA
Nestes 500 anos de ocupação do território brasileiro, evidenciou-se o conceito de aproveitamento imediatista dos recursos naturais. Inicialmente por parte dos colonizadores. Após a Independência e a Proclamação da República a situação piorou. Teve prosseguimento ininterrupto a rotina degradadora.
A agressão aos recursos ambientais se acentuou mais ainda a partir de 1920, após a 1º Grande Guerra. E depois de 1930, com a recessão mundial. Também com a vinda de emigrantes europeus, quando muitas áreas passaram a ter as matas cortadas para instalação de lavoura, pecuária e empresas madeireiras. Destacadamente a Mata Atlântica e os Pinheirais.


ADVERTÊNCIAS INTERNACIONAIS
As agressões aos recursos naturais no território brasileiro, que resultaram – com o crescimento da população – em maior pobreza e grande percentual de habitantes sofrendo com a falta ou deficiência alimentar, também ocorreram em muitas partes do Planeta Terra. Com o crescente o problema de degradação dos recursos naturais, as organizações ambientalistas conseguiram influenciar os dirigentes da ONU, que convocou a primeira Conferência para o Meio Ambiente, em Estocolmo (Suécia), em 1972, há 30 anos.
Foi o primeiro passo. Daí foi estabelecido um conjunto de condições desejáveis, indispensáveis à subsistência dos seres vivos e que passou a valorizar a sustentabilidade. Ou seja, o desenvolvimento, a utilização dos fatores da produção tinha que levar em conta o equilíbrio da natureza e assegurar o progresso sem degradar os recursos essenciais. A qualidade de vida das futuras gerações, também, estavam em jogo.
Esse conceito de sustentabilidade tentou mudar o pensamento egoísta do desfrute pessoal, do consumismo e do desenvolvimento a qualquer preço. Lamentavelmente, esses objetivos não foram aplicados pelos usuários brasileiros. Até mesmo muitos governantes sequer se sensibilizaram com o apelo. Prevalece, ainda, o provérbio: “Quem vier depois de mim que se arranje”.
Vinte anos depois, foi realizada a RIO}92. Infelizmente, mesmo sendo realizada no Brasil, não conseguiu influenciar os nossos governantes, destacadamente os governadores e prefeitos. Foi aprovada a Agenda 21, que muitos ambientalistas esperavam ser o marco de um novo século. Mas a degradação irresponsável e a má utilização dos recursos ambientais continua.


CICLO DAS EXPLORAÇÕES
A utilização dos recursos naturais do território brasileiro foi feita por períodos em que predominava os ciclos de produtos. Assim, ocorreu com as madeiras, com a cana-de-açúcar, os metais e as pedras preciosas, o café e, recentemente, a soja. A par dessas atividades principais destacou-se, também, a ocupação com a pecuária e culturas de subsistência, entre elas o milho, a mandioca, o algodão e o fumo.
Nessas atividades, sempre predominou a derrubada da mata, seguida da queima da vegetação e a exploração até o esgotamento do solo. Sem a preocupação de restaurar os terrenos degradados. A meta sempre foi avançar para novas fronteiras, em busca de terras inexploradas e ricas em húmus.


AGENDA 21 NACIONAL
Cada um dos municípios brasileiros deveria ter sua Agenda 21 própria. Deveria providenciar os programas de Educação e Conscientização Ambiental, de modo a atingir toda a população do país, destacadamente os usuários dos recursos naturais. Como as questões estão colocadas, passam a idéia negativa: de que esses importantes programas da Agenda 21 e de Educação e Conscientização Ambiental são apenas tramas da burocracia de Brasília.


TEMAS AMBIENTAIS
Nossa sugestão é que a cada mês, um ou mais temas ambientais fossem abordados em palestras e encontros. Seriam selecionados de acordo com o respectivo “DIA”.
Por exemplo: em 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água, que, então, constituiria um dos temas deste mês. A literatura sobre a importância da preservação da água é abundante, bem como exemplos de desperdício e de poluição dos cursos d’água. É necessário que cada habitante se conscientize da importância da manutenção das nascentes, da despoluição dos rios, do uso racional e de como evitar o desperdício.


QUEIMADAS
Um dos temas abordados com ênfase na RIO+10 foi o do efeito estufa produzido, destacadamente, pela queima de combustíveis fósseis.
Para os conservacionistas brasileiros, a preocupação das queimadas não é só devido à produção de gás carbônico oriundo dos veículos motores, mas das florestas, pastagens e restos de culturas, porque estas últimas afetam diretamente a produtividade dos terrenos.
A matéria vegetal queimada, que deixa de ser incorporada ao terreno, permite que a água da chuva atue diretamente sobre o solo, erodindo-o.
Há mais de meio século os conservacionistas têm advertido os usuários das áreas rurais, e mesmo urbanas, que a erosão rouba a riqueza das futuras gerações.
Conclusão: as queimadas, os desmatamentos e a erosão dos solos, a agressão aos cursos d’água continuaram ininterruptamente. Os usuários desses elementos da natureza não se conscientizaram da importância de sua conservação, para que seus descendentes tenham terra fértil de onde possam retirar os alimentos indispensáveis à vida que cada um tem direito.


Visite o site do Centro Nacional de Pesquisa do Solo (CNPS/Embrapa)
www.cnps.embrapa.br e clique em Alerta à Conservação do Solo.