Caro Leitor

28 de janeiro de 2004

O esvaziamento econômico e político de Minas Gerais ao longo das últimas décadas é uma realidade que o governo Aécio Neves está enfrentando. E, diga-se de passagem, enfrentando com a mesma maturidade com que exerceu a presidência da Câmara dos Deputados. O próprio governador, antes de assumir, me disse, durante um jantar da casa da… Ver artigo

O esvaziamento econômico e político de Minas Gerais ao longo das últimas décadas é uma realidade que o governo Aécio Neves está enfrentando. E, diga-se de passagem, enfrentando com a mesma maturidade com que exerceu a presidência da Câmara dos Deputados. O próprio governador, antes de assumir, me disse, durante um jantar da casa da jornalista Tereza Cruvinel, de “O Globo”, que daria “um choque de gestão já no primeiro dia de governo”. E, no meio das muitas dificuldades financeiras e econômicas, Aécio cumpriu. Deu o choque de gestão: acabou com metade das secretarias de Estado e empresas públicas, deixou de nomear quase dois mil DAS, diminuiu seu próprio salário e colocou o pé no freio das piruetas político-eleitorais. Fez o Estado cair na realidade. E fez tudo isso, para mim, com três características muito positivas: montou uma equipe de primeira grandeza; segundo colocou o dedo na ferida, diminuindo os gastos e enxugando a máquina governamental; e, terceiro, sem jogar pedra ou colocar a culpa em seus antecessores, coisa bastante comum na política brasileira para justificar o não cumprimento de promessas de campanha.


Na área ambiental o governo de Minas também vem reorganizando. Mas como em meio ambiente quem não faz as lições de casa paga mais cedo ou mais tarde, Minas está pagando. E feio. Tem sofrido vários revezes. Apesar de Minas ter sido pioneiro na implantação de gerência ambiental no País, ultimamente o Estado sofreu uma desarticulação e uma descoordenação de seu sistema de preservação. As conseqüências são dramáticas e vieram numa cascata de desastres ambientais: Cataguazes e agora o desastre da Ferrovia Centro-Atlântica, em Uberaba, aconteceram com uma diferença de dias.
Parece que o governador estava prevendo. Por isso, também neste setor, Aécio Neves se preocupou em retomar uma administração de excelência na melhoria da qualidade de vida e na gestão dos recursos naturais. A primeira coisa que fez foi retomar a coordenação e articulação do sistema ambiental. Para isso, Aécio buscou o mineiro-capixaba José Carlos Carvalho, aliás um dos maiores responsáveis pela implantação do sistema de gerência ambiental de Minas e que provou sua competência em nível nacional na criação do Ibama e, no final do governo FHC, como titular do Ministério do Meio Ambiente por quase um ano. Agora, Aécio acaba de anunciar uma decisão administrativa inédita: cada Secretaria de Estado tem que ter um núcleo de meio ambiente para interagir com a própria secretaria de Meio Ambiente. A par de saber de todo esse esforço do governo de Minas, a Folha do Meio Ambiente mostra esses últimos desastres ambientais no Estado e torce sempre por dias melhores.


Ainda nesta edição: vale a pena ler e entender o que significou Chico Mendes na luta pela salvação da floresta amazônica. O depoimento é inédito.


E, não podia deixar de ser. Voltamos ao caso da Água Mineral, o negócio nada sustentável que a Nestlé teima em manter em São Lourenço, desmineralizando águas medicinais. O relatório do DNPM, pelo jeito, deve colocar ordem na casa, antes que a superexploração seja o pingo d}água que faltava para o desastre maior.


As violências de balas perdidas, de má gestão administrativa e de falta de gerenciamento ambiental vão tomando conta do Rio de Janeiro. A Baia de Guanabara e a Barra da Tijuca que o digam.


Eu digo sempre, a vida vale pela defesa que se faz da própria vida. A missão da Folha do Meio Ambiente é fazer vida valer!


Obrigado,