A filatelia e a luta pela conservação das águas
28 de janeiro de 2004Em somente três gerações, a disponibilidade de água por pessoa foi reduzida em um terço. Esse fenômeno é explicado pelo fato de que, enquanto cresce a demanda de água, impulsionada pelo incremento populacional e pela multiplicação da atividade industrial, o volume hídrico terrestre mantém-se constante. Aparentemente, o Brasil estaria a salvo dessa crise, uma vez… Ver artigo
Em somente três gerações, a disponibilidade de água por pessoa foi reduzida em um terço. Esse fenômeno é explicado pelo fato de que, enquanto cresce a demanda de água, impulsionada pelo incremento populacional e pela multiplicação da atividade industrial, o volume hídrico terrestre mantém-se constante.
Aparentemente, o Brasil estaria a salvo dessa crise, uma vez que detém 8% de toda a água potável do globo. No entanto, a má distribuição da água ao longo de todo o território nacional e a falta de conservação das suas bacias hidrográficas colocam o Brasil em situação de risco, assim como países de menor potencial hídrico. A saída para equacionarmos demanda e oferta é mantermos uma política que preserve os recursos hídricos disponíveis e racionalize o seu uso. Essa política, contudo, só pode ser sustentável ao longo dos anos, se for o resultado de um amplo processo de discussão social e de uma tomada de consciência das populações em face da necessidade conservacionista.
Tal é a batalha que vem sendo mantida pela filatelia, particularmente nas últimas três décadas. Durante os anos 70, quando ainda o mundo se voltava integralmente para a crise do petróleo, os selos brasileiros já falavam na importância da conservação da água, como habitat de enorme biodiversidade. Os quatro selos da série Peixes Brasileiros de Água Doce datam de 1975 e chamam a atenção da sociedade para as discussões preservacionistas. O marco no engajamento da filatelia no conservacionismo da água do nosso planeta veio em 1981, com a quadra Proteção ao Meio Ambiente, que retoma a questão de uma forma mais direta. Em 1997, a filatelia presta uma homenagem ao Dia Mundial da Água (22 de março), com uma emissão de imagem simples e marcante. É interessante notar que o Dia Mundial da Água marca o início, em 1996, do Movimento de Cidadania pelas Águas, cujo objetivo era incentivar os cidadãos a recuperarem e conservarem as fontes de água de uso coletivo.
Em 1999, uma quadra reúne os seguintes selos: Estação Ecológica de Águas Emendadas (DF), Bacias Hidrográficas e Usos Múltiplos (paisagem amazônica), Açude Cedro (CE) e Açude Orós (CE). A intenção pedagógica dessa emissão vem refletida em dizeres apostos aos selos: “água é vida”, “água é finita”, “água é preciosa” e “água é essencial”.
Dentro desse espírito conservacionista, a filatelia brasileira se solidariza com as populações atingidas pela escassez de água, pelo mau uso das reservas hídricas e pela falta de saneamento básico de comunidades inteiras, mantendo a consciência de que o adequado manuseio desse recurso é questão que perpassa a cidadania e a igualdade social.