Governo Lula da Silva e o Meio Ambiente

Meio Ambiente em ritmo de transição

30 de janeiro de 2004

    O deputado e médico Gilney Viana reuniu-se, em Brasília, com o coordenador da transição, o ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP), Antônio Palocci, com a senadora Marina Silva (PT-AC) e com o governador reeleito do Acre, Jorge Viana. Do encontro ficou decidido que Viana fará uma análise das políticas públicas e dos programas ligados… Ver artigo

 

 


O deputado e médico Gilney Viana reuniu-se, em Brasília, com o coordenador da transição, o ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP), Antônio Palocci, com a senadora Marina Silva (PT-AC) e com o governador reeleito do Acre, Jorge Viana. Do encontro ficou decidido que Viana fará uma análise das políticas públicas e dos programas ligados ao Ministério do Meio Ambiente e de questões relacionadas ao saneamento e à infra-estrutura, desde que tenham ligação com a área ambiental.

Sua intenção é elevar o meio ambiente à condição de variável importante na definição das políticas públicas de todas as áreas do governo. Para ele, não é possível discutir políticas de crédito ou mesmo a reforma tributária, sem considerar o impacto ambiental pela sua variante fiscal. Para atuar como subcoordenador de Meio Ambiente na transição de governo, Viana escolheu o Secretário de Planejamento do Acre, Gilberto Siqueira, considerado um especialista em programas de desenvolvimento sustentável na Amazônia, e em gestão e planejamento ambiental.

Siqueira, que é filiado ao PT, dirige, no Acre, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e coordena o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre. Entre novembro de 1991 e fevereiro de 1992, durante o governo Fernando Collor, Siqueira foi assessor da Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República, e em 1992 e 1993 chefiou o Centro Nacional de Populações Tradicionais, ligado ao Ibama.

Muitos candidatos para Ministro do Meio Ambiente
Marina, Ab'Sáber, Sarney Filho, Fernando Gabeira e Gilney Viana são os mais cotados para o Meio Ambiente

A senadora Marina Silva, do PT do Acre, reeleita para mais oito anos, o deputado e ex-ministro Sarney Filho, os deputados Fernando Gabeira e Gilney Viana e o professor Aziz Nacib Ab'Sáber são, por enquanto, os nomes mais falados no Congresso para ocupar o Ministério do Meio Ambiente. Sarney Filho, que recentemente ocupou o ministério, estaria propenso a filiar-se ao Partido Verde para alargar o caminho à sua indicação, que também seria vista como uma forma de compensar seu pai, o senador José Sarney. Contudo, o Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, continua fechado em copas quando se trata da indicação de nomes para o seu ministério, embora não possa evitar as especulações ou mesmo a articulação de eventuais candidatos em busca de apoio.

Lula tem dito que por enquanto só há três nomes certos para sua equipe principal: o presidente do PT, deputado José Dirceu (PT-SP), o coordenador da transição, o ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci, e o ex-governador de Brasília, Cristovan Buarque, senador eleito, que deve ocupar a Pasta da Educação.

Os candidatos
A senadora Marina Silva é uma das mais destacadas batalhadoras pelo meio ambiente no Congresso e conta com o apoio das entidades ambientalistas. Recentemente o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu um memorial firmado por mais de 100 ONGs, sugerindo o seu nome para o Ministério do Meio Ambiente.

O professor Aziz Nacib Ab'Sáber, ligado a Lula, é professor de Geografia, presidente de honra da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência – SBPC – e pertence à Academia Brasileira de Ciências. É autor do Projeto Floram, um projeto de florestamento e reflorestamento associado a um planejamento ambiental, econômico e social, elaborado em articulação com o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Sua candidatura está sendo defendida por lideranças ambientais de São Paulo, que circulam no Congresso em busca de apoio à indicação.

Já as especulações sobre a recondução de Sarney Filho ao Ministério do Meio Ambiente surgiram a partir de indicações de que ele estaria disposto a abandonar o PFL e filiar-se ao PV, que elegeu cinco deputados federais no pleito de outubro último. Sarney Filho, contudo, ainda permanece no PFL. Lideranças ambientalistas no Congresso acham que, se o senador José Sarney não conseguir eleger-se presidente do Senado, como pretende, poderia receber, como compensação, um Ministério para sua indicação. Esse Ministério poderia ser o de Meio Ambiente, mas a escolha não seria do agrado dos líderes petistas "verdes".

Finalmente, os deputados Fernando Gabeira e Gilney Viana. Ambos do PT, o primeiro pelo Rio de Janeiro e o segundo pelo Mato Grosso, têm suas chances para ocupar o Ministério. Viana faz parte da equipe de transição, sendo o principal interlocutor com a área no Governo, e Gabeira é um profissional do setor. Mas há quem ache, também, que o titular do MMA pode ser objeto de uma negociação política mais ampla, para dar ao governo Lula maioria no Congresso. Neste caso, o nome só será conhecido na segunda semana de dezembro.