Mídia & Meio Ambiente

O papel da mídia na questão ambiental

30 de janeiro de 2004

  A abertura solene do Imprensa Verde 2 foi presidida pelo deputado eambientalista Fábio Feldmann, tendo participado da mesa Diocleciano Souza, da Fenaj; Carlos Castilho, Secretário de MMA de Minas; Jader Figueiredo, presidente do Ibama-MG; e o deputado Ronaldo Vasconcelos (PL-MG) Dois encontros, duas realidades. A primeira edição do Green Press foi realizada em Belo… Ver artigo

 



A abertura solene do Imprensa Verde 2 foi presidida pelo deputado e
ambientalista Fábio Feldmann, tendo participado da mesa Diocleciano Souza, da Fenaj;
Carlos Castilho, Secretário de MMA de Minas; Jader Figueiredo,
presidente do Ibama-MG; e o deputado Ronaldo Vasconcelos (PL-MG)


Dois encontros, duas realidades. A primeira edição do Green Press foi realizada em Belo Horizonte, às vésperas da Reunião de Cúpula da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável – RIO}92, que aconteceu em junho de 1992, no Rio de Janeiro. Este primeiro encontro mobilizou mais de mil jornalistas, ambientalistas e técnicos em comunicação para discutir o papel da imprensa frente ao desafio da preservação do meio ambiente. Teve a participação de 30 países, durou cinco dias e teve o reconhecimento da ONU como evento oficial paralelo à RIO}92. Foi um marco nas relações entre a grande mídia e a questão ambiental. A segunda edição do Green Press, também realizado em Belo Horizonte, durou apenas dois dias e teve um público de menos de 10% do primeiro encontro. Não foi patrocinado pela ONU e foi posterior da Reunião de Cúpula de Johannesburgo, a RIO+10. Diferença entre um e outro: se o primeiro foi mais prestigiado por marcar uma posição de vanguarda, se teve mais participantes pelo apoio oficial de entidades internacionais por viver um clima de expectativa à RIO}92, o segundo encontro foi mais espontâneo e aconteceu mais pelo instinto profissional de uma classe jornalística já engajada ao meio ambiente.


Se o primeiro Green Press nasceu de uma decisão política de entidades e organismos internacionais, o segundo encontro foi fruto do esforço particular de um grupo de jornalistas que, podemos dizer, são hoje profissionais de uma área que nasceu justamente há dez anos, conseqüência do primeiro encontro. O Green Press I plantou a semente. Criou raízes. E os frutos estão sendo colhidos, agora, pela sociedade. O Green Press 2 é a prova cabal de que muitos profissionais de imprensa encontraram um novo caminho, diria até, sua vocação: pregar a fé na conscientização ambiental do Homem, defender o templo que é a natureza e lutar pela boa causa que é a valorização da vida. No primeiro encontro, em 1992, não havia estudantes de jornalismo. Neste segundo encontro, o salão estava cheio de jovens estudantes. É a prova de que cada profissão pode ser também um sacerdócio e a natureza um santuário onde muitos são chamados, mas poucos os escolhidos.


O Recado da RIO+10
O Encontro Imprensa Verde 2 que discutiu o papel da mídia pós-RIO+10 foi realizado nos dias 18 e 19 de novembro, em Belo Horizonte. As discussões giraram em torno da posição dos jornalistas frente aos desafios para aumentar a consciência ecológica mundial. A abertura teve a participação dos patrocinadores do evento, Ronaldo Malard, presidente da ONG Ponto Terra e do jornalista Hiran Firmino, da HF Comunicação e editor do JB Ecológico, que deu as boas vindas aos participantes, salientando o papel de Minas Gerais na conscientização e gestão das causas ambientais no Brasil. Antes da conferência de abertura, feita pelo deputado Fábio Feldman, chefe da delegação brasileira na RIO+10, falou o deputado federal Ronaldo Vasconcelos (PL-MG) que mostrou a importância do encontro como uma tomada de responsabilidade da mídia para a busca de novas alternativas de desenvolvimento sustentável e para a formação de uma consciência ecológica.


Fábio Feldmann – O deputado e ambientalista Fábio Feldmann fez uma balanço da participação do Brasil na reunião de Johannesburgo e salientou o papel da imprensa na política ambiental brasileira. Para Feldman o mundo mudou radicalmente depois que as lideranças políticas e cientistas tiveram acesso à foto do satélite que mostrou a realidade do buraco da camada de ozônio. “Uma realidade que clama por mudanças dos padrões de desenvolvimento e de consumo,” frisou. Falou ainda do legado da RIO+10, da importância de se reavaliar nossas estratégias quanto a buscar um futuro mais justo e ambientalmente correto. Salientou que esta mudança está muito nos tomadores de decisão, ou seja, na governança de municípios, estados e países.


Ministro José Carlos Carvalho, mais do que “O recado da RIO+10”, como era o título de sua conferência, deu seu próprio recado:
“A hora é de encarar o meio ambiente sob a ótica do mercado”. Explicou que no plano político legal, o governo praticamente já esgotou os mecanismos de comando do Estado. “Temos agora que implementar as ações de controle e fiscalização. Precisamos ter uma tributação mais favorável para as atividades econômicas que usam de forma sustentada os recursos naturais. O Estado tem que premiar aquele que cuida do ambiente e onerar aquele que depreda, que não faz o uso sustentado das matérias primas”. E mais:
– “Chegou a hora de se lançar mão de instrumentos econômicos, fiscais, creditícios e de gestão a favor do meio ambiente. Além de multas, embargos e licenciamentos, valem muito o crédito, o benefício fiscal e as cauções”.
– “Não adianta o governo arrumar recursos para fazer um aterro sanitário se o povo continuar jogando lixo na rua. Cidade limpa, praia limpa não é a que a prefeitura varre. É a que a sociedade não suja”.
– “Por trás de um grande problema ambiental tem sempre um grande problema econômico e/ou cultural”.



O debate sobre a cobertura da imprensa Pós-RIO+10 teve a participação
de André Trigueiro, da Globo News, Luiz Carlos Bernardes, da TV Bandeirantes,
do deputado Fernando Gabeira, de Eliane Cantanhêde, da Folha de S. Paulo
e de Roberto Villar, da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental


As mesas redondas
O jornalista Hiran Firmino, ao dar as boas vindas aos participantes do Imprensa Verde 2, mostrou duas coisas: a vanguarda de Minas Gerais na luta pela causa do meio ambiente e o lado espiritual e sobrenatural desta nesse trabalho pró-valorização da vida e conservação da natureza.


Três mesas redondas fecharam o encontro com uma discussão muito produtiva:


1 – A Cobertura da Imprensa Pós RIO+10, com a participação do deputado Fernando Gabeira (PT-RJ) e dos jornalistas André Trigueiro, da Globo News, Eliane Cantanhêde, da Folha de S. Paulo, Luiz Carlos Bernardes da TV Bandeirantes/moderador, e Roberto Villar, da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.
Vale salientar o alto nível das apresentações e dos debates:
Eliane Cantanhêde: “É possível mudar e o papel da imprensa é essencial. Vejam o exemplo do Estado do Acre onde houve uma mudança radical e o Bem venceu o Mal. De um governador que tinha 32 CPFs e parlamentares metidos com narcotráfico, que matava com moto-serra, temos hoje um Estado onde a paz voltou a reinar a Justiça voltou a valer”.
André Trigueiro: “O solidário e o coletivo devem prevalecer. Nós jornalistas temos que nos preparar para a missão de bem informar. Temos que saber seduzir e abrir o apetite do leitor”.
Fernando Gabeira: “Houve uma evolução grande de 1972, em Estocolmo, para a RIO}92, no Rio de Janeiro e agora a RIO+10. A verdade é quem em 1992 o Brasil deixou de ser o vilão e entrou na RIO+10 de cabeça erguida. Evidente que a consciência ambiental avança de forma artesanal e a destruição de forma industrial.


2 – Rumos do Jornalismo Ambiental no Brasil – Participantes: Hiran Firmino (JB Ecológico) – moderador; Adalberto Marcondes (Terramérica); o jornalista Randau Marques; Vilmar Berna (Jornal do Meio Ambiente); Luciana Morais (EM Ecologia); e Silvestre Gorgulho (Folha do Meio Ambiente)


3 – As ONGs e a Mídia – Reinaldo Canto (Greenpeace) Leonardo Fares (AMDA) Mário Montalvani (SOS Mata Atlântica) e Américo Antunes (Instituto Terra Azul) – moderador.