Em 1998 a assembléia geral das Nações Unidas declarou 2002
como o Ano Internacional das Montanhas. Esta decisão foi tomada
em resposta às propostas iniciadas na conferência da Terra,
ECO 92, no Rio de Janeiro. Desde então o desenvolvimento
sustentável das montanhas ganhou importância igual à mudança climática, biodiversidade, desmatamento e desertificação.
Durante o ano de 2002 pessoas de todo o mundo irão
participar de eventos para celebrar as montanhas
e discutir maneiras para promover sua
conservação e desenvolvimento sustentável.
Seja para os que vivem nas terras baixas ou nas terras altas, as montanhas influenciam nossa vida mais do que possamos imaginar. Para entender as montanhas é necessário vê-las como sistemas orgânicos profundamente ligados a todos os ecossistemas do mundo. As terras altas são áreas das mais frágeis que existem. Desempenham uma importante função, que é o armazenamento do elemento mais valioso para a vida: a água doce. Os rios e riachos que descem das vertentes são elos vivos que comunicam as comunidades das montanhas com as das terras baixas. Mais da metade da população mundial vive da água doce que vem das montanhas. No entanto, elas vêm sendo constantemente degradadas. O esgotamento dos remanescentes florestais para cultivos variados, criação de gado e exploração mineral podem causar erosão dos solos, inundações e a extinção de diversas espécies animais e vegetais. Além do mais, a atual tendência de incremento do turismo e a crescente urbanização põe em risco as comunidades das montanhas e seus recursos, cada vez mais marginalizados. As florestas de montanha são importantes em primeiro lugar pelos ciclos hidrológicos, que equilibram a precipitação e liberação da umidade, mantendo constantes os estoques de água e limitando inundações.
Em segundo lugar pela biodiversidade, pois possui várias espécies endêmicas de importância conservacional. Em terceiro lugar pela estabilização dos solos, evitando a erosão. As pessoas das montanhas são os guardiões daquele ecossistema. Elas conhecem o terreno como ninguém e sentem na pele as conseqüências da degradação e a mudança cultural. Portanto eles deveriam tomar as decisões no intuito de proteger o "seu" meio ambiente, aliviando assim a pobreza. Para que uma política ambiental nesse sentido funcione bem, é preciso contar com a participação do povo da montanha na elaboração de programas e projetos que fortaleçam a economia das áreas elevadas.
Ações na Mantiqueira
Cuidando das montanhas estamos cuidando de nossa própria sobrevivência
No âmbito nacional já existem projetos em pleno funcionamento. O projeto "Integrando Ações na Mantiqueira", desenvolvido pela ONG Crescente Fértil, tem como objetivo articular e integrar iniciativas comunitárias da região.
Atividades de educação ambiental, reflorestamento com espécies nativas e trocas de sementes entre as comunidades de Visconde de Mauá, Serrinha, Colina, Matutú e Campo Redondo são iniciativas que têm dado certo. O projeto tem como foco principal a educação ambiental com estudantes entre 12 e 16 anos, que utilizam o espaço comunitário na construção e conscientização de novos valores ambientais.
Embora 2002 tenha sido escolhido como o Ano Internacional das Montanhas, as decisões de proteger este ecossistema devem perdurar por todos os anos seguintes. O enfoque é a longo prazo para que se possa levar benefícios duradouros às montanhas e seus moradores.
O desenvolvimento sustentável visa:
Reduzir a pobreza e a fome
Proteger os ecossistemas de montanhas
Conservar a biodiversidade
Promover a paz e a estabilidade para os moradores das montanhas
Atualmente 60 países já estabeleceram seus comitês de coordenação, criando consciência ecológica e fomentando a criação de políticas ambientais adequadas a cada país. No Brasil foi escolhido o maciço de Itatiaia, na serra da Mantiqueira, para o primeiro encontro que se realizou nos dias 15 e 16 de agosto.
O Parque Nacional de Itatiaia sediou o "Seminário de Mobilização para os Ecossistemas de Montanha".
O Ano Internacional das Montanhas é uma oportunidade para fazer valer medidas de proteção dos ecossistemas montanhosos e ajudar sua população a alcançar seus objetivos. Esperamos que todas as propostas e recomendações de todas as partes do mundo se tornem enfim ações concretas. Afinal cuidando das montanhas estaremos indiretamente cuidando de nossa própria sobrevivência.
CALENDÁRIO 2002
Principais acontecimentos em 2002, Ano Internacional das Montanhas:
Maio
15 a 23 — Uttaranchal, Índia: "Conferência Internacional dos Filhos Das montanhas"
6 a 10 — Turín , Itália: "Conferência Internacional das montanhas mais altas dos continentes"
Junho
12 a 14 — Huaraz, Peru: "Reunião Internacional dos ecossistemas montanha: água, vida e produção"
16 a 20 — Suíça: "Agricultura de desenvolvimento rural e sustentável das zonas montanhosas"
Agosto
15 a 16 — Brasil: "Seminário de mobilização para o Ecodesenvolvimento de montanhas "
26 a 4 de setembro — Johanesburgo, Africa do Sul: "RIO+10"
Setembro
20 a 24 — Quito, Equador: "Reunião Mundial de Populações De montanhas"
Outubro
13 a 19 — Thimphu, Butão: "Celebração das Mulheres das Montanhas "
27 a 29 — Banff, Canadá: "Reunião de Banff sobre as montanhas: paisagens e desafios"
Novembro
28 a 1 de novembro — Bishkek, Kirquistão: "Reunião Mundial sobre as montanhas"
Mais informações:
ONG Crescente Fértil: (24) 3354 58 96
Mountains: www.unep.wcmc.org/habitats/mountains
|