Tráfico de Animais Silvestres

Renctas: uma ONG de sucesso!

29 de janeiro de 2004

A Renctas partiu para a briga e conquistou o respeito da comunidade internacional. Mais: se tornou um exemplo de profissionalização e de utilidade pública



Caiu na rede, sai da frente! No caso a rede é a Renctas, a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres que em três anos mostrou serviço, atuando na conservação e proteção da biodiversidade brasileira. A rede nasceu como um projeto inovador para enfrentar um problema grave e antigo do país: o tráfico de animais silvestres. Nesse breve período de existência, a Renctas tornou-se uma das mais ativas ONGs brasileiras.


O tráfico de animais é um problema 
muito maior e muito mais grave do que se imagina


O primeiro grande passo para o sucesso: fazer parcerias estratégicas com o setor público, o setor privado e o terceiro setor. E quem são esses parceiros? Nada menos do que o Ministério do Meio Ambiente, o Ibama, a Interpol e as Polícias Federal, Militar e Civil e até embaixadas de outros países. Para as polícias, a Renctas oferece treinamento e capacitação de seus agentes ambientais.


Atualmente a Renctas está coordenando 54 projetos e ações no Brasil e conta com a participação de 31.000 membros e 580 organizações filiadas. Participou de mais de 17 horas de mídia espontânea e 400 matérias jornalísticas que abordaram as ações da Renctas no ano de 2001.


Parceiros por um mundo melhor
Sem contar com recursos públicos para a sua manutenção, a Renctas foi buscar na iniciativa privada o apoio necessário para desenvolver suas ações.


Empresas como a BR Distribuidora e Furnas Centrais Elétricas reconheceram a importância e a necessidade das atividades que a instituição vem desenvolvendo no país, e assim tornaram-se as primeiras empresas privadas a acreditar e a investir em seu trabalho. Desde então, vem se mantendo como patrocinadoras oficiais da Renctas.


Segundo Norma Villela, diretora de meio ambiente de Furnas, “a Renctas ocupou um espaço importante na luta pela proteção da nossa biodiversidade, oferecendo os dados e as informações necessárias para a elaboração de políticas públicas na área ambiental”.


Além dos patrocínios, a Renctas mantém parcerias importantes com outras instituições, como a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Sivam/Sipam, Ministério Público Federal e a ONU.


Profissionalismo acima de tudo
A verdade é que um dos segredos deste sucesso está na maneira como a equipe trabalha. Além de profissionais qualificados e dedicados, a Renctas nem de longe lembra o antigo conceito que se tinha das ONGs: uma visão romântica do mundo, em que apenas a boa vontade de seus dirigentes moviam suas idéias.


Segundo a coordenadora de projetos da instituição, a bióloga Monica Koch, que depois de 12 anos trabalhando no Ibama decidiu apostar em uma nova experiência no terceiro setor, “o trabalho em uma instituição como a Renctas em nada se diferencia de uma empresa privada: nossos funcionários têm a exata noção que precisam produzir. E trabalho é o que não tem faltado por aqui”, conclui.


Na sua sede em Brasília, o ritmo do trabalho espanta os desavisados. Quem espera encontrar um ambiente tranqüilo, logo muda de opinião ao assistir 14 funcionários se desdobrando para atender as demandas que chegam de todo o País: animais apreendidos no Sul, denúncias de cativeiro ilegal no Pará, animais resgatados em Mato Grosso que precisam de transporte para o Rio de Janeiro, policiais florestais telefonando em busca de informações, e até uma comitiva de índios que chega de repente em busca de ajuda para resolver problemas ambientais em suas aldeias.


Reunião da CITES


Será realizada de 3 a 15 de novembro, na cidade de Santiago, Chile, a 12º Reunião da Cites. Serão mais de 150 países discutindo o Comércio Internacional de Flora e de Fauna Selvagens em Perigo de Extinção.


O principal objetivo dessa convenção é promover a cooperação internacional, a fim de proteger certas espécies de animais e plantas da exploração excessiva. A Cites oferece diversos graus de proteção a mais de 30.000 espécies de animais e plantas de todo o mundo.


A secretaria da Convenção recebeu 54 propostas de emendas para os seus Apêndices I e II, que são as listas de animais e plantas a serem protegidos pelos países membros.


Em Santiago, o Brasil será representado pelo Ibama e contará também com a participação da Renctas, na categoria de observadora, por ter sido indicada pelo governo do Brasil como uma entidade técnica qualificada em matéria de proteção da fauna.
Mais informações: 

www.cites.org


Acre: treinamento de agentes


Mais um Workshop Nacional Animais Silvestres Normatização e Controle foi realizado nos dias 26 e 27 de setembro, na cidade de Rio Branco.


Promovido pela Renctas, em parceria com Embaixada da Holanda, esse foi o 16ª° workshop da série que a Rede vem realizando por todo o país, objetivando capacitar e treinar agentes de fiscalização ambiental. Para este ano, a Renctas programou mais dois eventos: um em Roraima e outro no Amapá.


Renctas+Schwab+Fórum Econômico


O trabalho da Renctas é cada vez mais reconhecido. Dener Giovanini, coordenador geral, foi convidado a fazer parte do grupo de Empreendedores Sociais da Fundação Schwab para o Empreendimento Social.


A Fundação Schwab é uma organização sem fins lucrativos que está sediada em Genebra, Suíça, e tem como objetivo identificar, reconhecer e difundir iniciativas de empreendimento social que melhoraram de maneira significativa as condições de vida das pessoas. Esse ano a Schwab recebeu 136 candidaturas de todo o mundo e no Brasil foram selecionados apenas dois empreendedores.


A Fundação Schwab considera empreendedores sociais, pessoas que encontram soluções práticas para problemas sociais, combinando inovação, iniciativa própria e o aproveitamento das oportunidades.


Esses empreendedores identificam novos procedimentos, novos serviços, produtos e criam maneiras singulares de combinar a prática com a inovação, com enfoques totalmente novos a problemas sociais que pareciam sem solução. Foi se dedicando à Renctas que Giovanini conseguiu se tornar um empreendedor social, garantindo também a participação na reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos. 


Dener Giovanini – Entrevista


Silvestre Gorgulho – de Brasília 
Tudo começou com a Sociedade Mata Viva, em 1995, no Rio de Janeiro. E tudo começou, também, com o ambientalista Dener Giovanini, formado em Letras pela UFRJ e com curso de Biologia (incompleto) pela Faculdade de Vassouras. Giovanini foi o fundador e presidente da Sociedade Mata Viva. Em 1998, fez um projeto audacioso criando uma Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. O projeto foi tão bem estruturado, tão bem aceito e trouxe tantos resultados positivos para a sociedade que deixou de ser criatura e ficou maior que o próprio criador. O projeto ficou maior do que a própria Socidade Mata Viva e se transformou na Renctas, uma das ONGs mais citadas pela mídia mundial. Em 2001, foram mais 17 horas de mídia espontânea nas tevês e 400 matérias nos mais importantes jornais brasileiros e internacionais. Para falar desta rede que conta com a participação de 580 organizações filiadas, ninguém melhor do que Dener Giovanini, seu primeiro e único dirigente.


FMA – O tráfico continua aumentando?


Dener – Eu acredito que hoje, no Brasil, ninguém tem condições de afirmar se o tráfico está crescendo ou diminuindo. Nem a sociedade, nem o governo. Simplesmente porque nós nunca possuímos dados estatísticos que permitisse uma comparação e que nos fornecesse um resultado confiável a respeito desse tema.


FMA – Não existe um levantamento?


Dener – Olha, o primeiro documento sobre tráfico de animais silvestres foi produzido pela Renctas e lançado no ano passado. Somente quando fizermos a segunda versão é que vamos ter parâmetros para avaliar a verdadeira dimensão desse comércio ilegal.
Hoje isso é impossível, exatamente pela inexistência de dados anteriores ao relatório da Renctas. Podemos afirmar então, que esse relatório foi o marco zero no Brasil. Somente a partir dos próximos relatórios vamos ter condições de fazer comparações. O tráfico de animais é um problema muito maior do que se imagina. É uma situação vivenciada pelo Brasil desde a sua descoberta.


FMA – E quais as principais dificuldades para combater esse crime?


Dener – Infelizmente as dificuldades são muitas. A começar pela nossa legislação ambiental, que precisa ser revista e alterada para que tenha uma ação realmente efetiva quanto à proteção do nosso patrimônio ambiental.
Também existem problemas com relação ao setor judiciário, principalmente no que diz respeito à aplicação das leis. Infelizmente esse crime é considerado de menor conseqüência, de menor poder ofensivo, o que provoca um certo desestímulo para a atuação dos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental.


FMA – E as dificuldades operacionais?


Dener – Essas também são grandes. A principal delas está na falta de recursos para a fiscalização. Soma-se a isso a quase inexistência de locais para destinação dos animais apreendidos. Desta forma, quando um agente ambiental apreende um animal, ele fica com um grande problema nas mãos, por não ter para onde levá-lo.
Os problemas são macros, e necessitam de soluções rápidas e eficazes. Para isso é preciso que tenhamos políticas públicas que englobem a participação de todos os setores da sociedade brasileira para resolvê-los. E é isso que a Renctas está buscando através das parcerias que vem estabelecendo.


FMA – Qual o papel do Governo nesse processo e qual o papel do cidadão?


Dener – O governo já deu um passo extremamente importante ao reconhecer a existência desse problema. É verdade que ainda há muito a ser feito, mas nós já vemos uma mobilização por parte do Ibama, por exemplo, quando aumenta a sua fiscalização em locais historicamente conhecidos pela atuação de traficantes, como é o caso do Raso da Catarina, local onde vive a Arara Azul de Lear. Ou nas feiras livres espalhadas por todo o Brasil. Isso é um ponto bastante positivo.


FMA – A repressão é suficiente para acabar com o tráfico?


Dener – Evidente que não. Não vamos resolver o problema do tráfico de animais silvestres somente com a repressão, porque esse é um problema basicamente cultural. Infelizmente faz parte da cultura brasileira enxergar os animais silvestres como passíveis de serem utilizados como mascote, como animais domésticos. Isso é uma herança do nosso processo colonial. Naqueles tempos os nossos índios viviam em estreito relacionamento com a fauna e esse comportamento foi absorvido pelos colonizadores.


FMA – Vamos falar do futuro. Quais as perspectivas do trabalho?


Dener – Estamos atuando em diversas frentes. Eu gostaria de citar algumas que considero muito importantes, como o trabalho de educação ambiental que temos realizado.
Lançamos uma campanha nacional contra o tráfico de animais silvestres, que teve uma grande repercussão e foi vencedora do prêmio Ford e Conservation Internacional em reconhecimento aos resultados alcançados.
Agora estamos fazendo a segunda versão da campanha, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e Ministério do Meio Ambiente. Estamos trabalhando com órgãos do governo no sentido de estabelecer parcerias para a criação de políticas públicas, discutindo alternativas viáveis para o combate ao tráfico de animais silvestres.


FMA – Destaque alguns desses trabalhos.


Dener – Posso destacar a realização de workshops de treinamento e capacitação para os agentes responsáveis pela fiscalização ambiental no Brasil. Nós já realizamos esse evento em 16 estados, e vamos cobrir todo país.
Esses workshops têm sido importantes por reunir todos os agentes responsáveis pela fiscalização ambiental, como o Ibama, Polícia Ambiental, Polícia Civil, Polícia Federal e a sociedade, representada pelas ONGs e pelas universidades. Em cada estado nós estamos presentes fisicamente, plantando uma semente de conscientização e criando oportunidade para uma atuação conjunta, harmoniosa e eficiente entre os órgãos responsáveis pelo controle ambiental.


FMA – É possível alguém possuir um animal silvestre legalmente?


Dener – A lei brasileira não proíbe que você tenha um animal silvestre. Basta que ele seja oriundo de um criadouro autorizado pelo Ibama. A exigência é que este animal seja adquirido com toda a documentação e que seja nascido em cativeiro e não retirado da natureza.
Eu acredito que a criação comercial da fauna silvestre é uma boa idéia para se combater o tráfico, porém, hoje nós temos uma dificuldade muito grande nesse aspecto, por dois motivos: primeiro o governo ainda não dispõe das condições necessárias para efetuar uma fiscalização eficiente nos criadouros autorizados a funcionar pelo Ibama. São poucos fiscais e alguns desses criadouros não respeitam a lei e acabam vendendo animais retirados da natureza.
Existem muitas pessoas sérias e honestas, mas como em toda área, há aqueles que prejudicam a boa intenção dos demais. A segunda dificuldade que eu identifico na criação comercial é o altíssimo preço dos animais que estão disponíveis no mercado.


FMA – Como funciona esses preços?


Dener – Simples, uma arara brasileira de origem legal custa em um criadouro autorizado cerca de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00, enquanto no comércio clandestino a mesma ave é comercializada por cerca de R$ 600,00. Isso é um desestímulo para que as pessoas possam ter acesso aos recursos naturais. Eu vejo a criação comercial ainda como uma criação extremamente elitista, ou seja, a fauna só está disponível para aqueles que tem muitos recursos para adquiri-la legalmente. Enquanto os problemas de fiscalização e de acesso a essas espécies não forem resolvidos, nós ainda teremos muita dificuldade para combater esse comércio ilegal.


FMA – A maior parte dos nossos animais é retirada da natureza para atender ao tráfico internacional. Como é possível resolver essa situação?


Dener – A questão do tráfico de animais silvestres é um problema mundial. É evidente que o Brasil, por possuir uma das biodiversidades mais ricas do planeta, torna-se um dos países mais visados por essa atividade criminosa. Mas no mundo inteiro há espécies que são procuradas para os mais diversos fins pelos traficantes de animais silvestres, seja na África, na Europa ou nos EUA.


FMA – E o tráfico internacional?


Dener – É bom ressaltar que a comunidade internacional também é responsável pela perda da biodiversidade brasileira, uma vez que ela é uma fomentadora desse tráfico.
As pessoas quando entram em um pet shop nos EUA, na Inglaterra ou na França, precisam saber que aquele animal que está disponível para a venda pode ter sido retirado ilegalmente do Brasil e se elas não tiverem essa consciência, a demanda vai continuar existindo e o nosso país vai continuar a perder sua riqueza biológica.
Nós temos uma fronteira enorme, é praticamente impossível impedir a saída desses animais, visto que grande parte do comércio é feito através das fronteiras secas. No Norte existe um tráfico muito grande nas fronteiras com a Venezuela, Bolívia e Peru. No Sul do país temos muita saída de animais através do Cone-Sul, como a Argentina, Uruguai, Paraguai.
Então é necessário que a comunidade internacional esteja ciente da sua responsabilidade nesse processo. Por isso, a Renctas está desenvolvendo com o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das Relações Exteriores uma campanha com o intuito de sensibilizar e chamar a atenção da comunidade internacional sobre sua responsabilidade.


FMA – Quais são os valores envolvidos nesta atividade criminosa?


Dener – Os números são absurdos. Nós temos espécies brasileiras, como a Arara azul de lear, que chega a ser comercializada por U$ 60 mil no mercado internacional.
Algumas serpentes raras chegam facilmente a U$25 mil no mercado de Singapura. É sempre bom atentarmos para o fato de que a lógica do tráfico é extremamente cruel: quanto mais raro for o animal, mais caro será seu valor no mercado ilegal e conseqüentemente, mais procurado. Temos o tráfico para fins científicos, conhecido como biopirataria, o tráfico para pet-shops, para criadores e colecionadores particulares. Tem até o tráfico que utiliza pedaços de animais e nesse tipo de tráfico entra o uso do animal para a indústria do artesanato ou fins medicinais.
Enfim, as variantes e os tipos de tráficos são muitos, e isso torna todas as espécies de alguma maneira passíveis de interesse para os traficantes. Um só traficante atende diversos seguimentos, ele tanto pode fornecer serpentes e escorpiões para pesquisadores estrangeiros, quanto borboletas para atender a indústria do artesanato na China.


FMA – Como todo esse lucro é distribuído na cadeia do tráfico?


Dener – O fato é que temos um componente social muito importante. A chamada linha de frente é composta pelos apanhadores, que são as pessoas com condições sócioeconômicas muito desfavoráveis. Essa camada da sociedade é a primeira a ser arregimentada pelos traficantes. É bom ressaltar que nenhuma atividade criminosa pode ser usada para justificar um aumento de renda.


FMA – Uns são explorados e quem ganha são os intermediários?


Dener – Isso mesmo. Os apanhadores são humildes, ganham muito pouco, mas têm papel fundamental. Êles que conhecem a região. É fácil encontrar pessoas que ganham R$0,20, R$0,50 por uma borboleta que ela captura e entrega na mão do traficante. Ou seja, ela não vai resolver o seu problema de renda e em seguida vai acabar tendo problemas ambientais, porque as espécies vão desaparecer.
Existem os intermediários, que são as pessoas que fazem o transporte da região de apanha para a região de venda, esses tem um lucro melhor. Mas o maior lucro é o do vendedor final. Principalmente das quadrilhas internacionais que atuam no Brasil, que são em torno de 350 a 400.
Assim, o grande lucro do tráfico fica nas mãos dos traficantes que têm conexões internacionais. Estamos falando de muito dinheiro. Da terceira maior atividade ilegal do mundo, perdendo só para o tráfico de drogas e armas. É um negócio que movimenta só no Brasil um bilhão e quinhentos milhões de dólares todos os anos.


FMA – E em termos de perda de biodiversidade?


Dener – A perda é incalculável, pois uma vez que uma espécie desaparece do seu habitat, nós nunca mais teremos a chance de recriá-la, e sabemos que todos os dias nós temos muitas espécies correndo o risco de desaparecer sem que nós tenhamos sequer conhecimento da sua existência.
Toda vez que perdemos um patrimônio genético, poderemos estar perdendo a única oportunidade de encontrar a cura para várias doenças. Hoje por exemplo, produtos para hipertensão arterial são feitos com o principio ativo de serpentes brasileiras. Toda espécie tem um papel extremamente importante no equilíbrio ambiental.


FMA – Existe risco para a saúde ter animal em casa?


Dener – Os riscos são muito grandes. Qualquer espécie possui microorganismos dentro de si. Uma vez que ela é retirada do seu habitat, a mesma passa por um processo de estresse muito grande e pode transmitir uma série de doenças ao ser humano, como a febre amarela, doença de chagas, leishimaniose, etc. Inclusive doenças desconhecidas da medicina, que são chamados de vírus emergentes.
No Brasil, nós já tivemos vários casos de hantavírus transmitidos por animais silvestres. Assim, quando uma pessoa leva para casa um animal de origem ilegal, ela está expondo sua família a um risco muito grande. Mais do que se pensa .


É O BICHO!


Projeto Arara-azul-de-lear é 10!


Mais um projeto que deu certo e merece a nota 10: o projeto de conservação da Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) desenvolvido pelo Centro de Pesquisas para Conservação das Aves Silvestres – Cemave/Ibama.


A Arara-azul-de-lear é uma espécie que ocorre exclusivamente no sertão da Bahia, na região conhecida como “Raso da Catarina”, onde se localizam os municípios de Canudos, Euclides da Cunha e Jeremoabo.


Considerada uma das espécies mais ameaçadas de extinção do mundo, têm como principais fatores de risco a destruição do habitat e o comércio ilegal, sobretudo no período de reprodução e cria dos filhotes.


Em 1992, o Ibama criou o grupo de trabalho para a espécie, transformado em 1997 em um Comitê Permanente para Recuperação e Manejo da Arara-azul-de-lear. Este comitê é o responsável pela aprovação e implementação do plano de ação para a conservação da espécie, que prevê entre outras atividades, o monitoramento das populações de arara, o estudo do comportamento reprodutivo, a recuperação e manejo do licuri (espécie de coquinho, que é o principal alimento da ave), intensificação da fiscalização e continuidade das atividades de conscientização e envolvimento das comunidades locais no processo de preservação da espécie.


Nos últimos anos, o Ibama tem intensificado as ações de proteção à espécie, com a instalação de uma base de fiscalização no povoado de Água Branca, no município de Jeremoabo, a fim de reprimir o tráfico desta ave.


Os esforços do governo brasileiro são recompensados quando analisamos os resultados destas ações: a população de araras estimada em 1989 em cerca de 70 indivíduos, teve um incremento de 361 animais (aumento de mais de 515%) e hoje conta com 431 araras, conforme constatado no último censo realizado pela equipe de técnicos do Ibama em setembro deste ano.


CURIOSIDADE ANIMAL


A luz dos vaga-lumes…


Que os vaga-lumes são besouros capazes de produzir luz, todo mundo sabe.


A questão é: como eles conseguem fazer isso?


Resposta: trata-se de uma reação química entre substancias produzidas pelos próprios vaga-lumes (luciferina e luciferase), o oxigênio que eles respiram e uma molécula chamada de ATP.


Em células especializadas chamadas de fotócitos, todos esses “ingredientes” reagem produzindo luz. Como essa reação química não produz calor, chama-se de luz fria a luminescência dos vaga-lumes.


Você sabia que papagaios não falam?


Na verdade, os papagaios não falam. Eles apenas imitam a voz humana.


Os papagaios são animais que utilizam a comunicação vocal para se manterem nos grupos dos quais fazem parte ou para procurar parceiros de acasalamento.


Quando se incorporam a novos grupos, eles precisam aprender a se comunicar como seus novos companheiros e isso faz com que eles tenham uma capacidade muito grande de aprender novos “dialetos”.


Quando mantemos um papagaio em cativeiro, ele acaba perdendo o contato com outros animais da espécie e, com a enorme capacidade que possuem, aprendem a repetir o que falamos.


Um lembrete: a Lei de Crimes Ambientais proíbe a criação de animais silvestres (como o papagaio) sem autorização do Ibama.


Por que e como os camaleões mudam de cor?


Uma cauda que pode se enrolar para ajudar a prendê-lo em galhos, olhos que possuem movimentos independentes, língua especializada que pode chegar a ser maior que seu próprio corpo. Essas são algumas das características dos famosos camaleões.


No entanto, a mais notável e conhecida de todas é a capacidade que esses animais possuem de mudar sua cor. Os camaleões possuem em sua pele células “coloridas” e altamente especializadas. Alterando o tamanho dessas células eles conseguem fazer com que uma cor predomine sobre a outra ou com que elas se “combinem” para originar uma nova coloração.


Os camaleões usam essa admirável capacidade para: 1) Escapar de seus predadores camuflando-se rapidamente entre folhas e rochas. 2) Para se aproximar mais de suas presas antes de atacá-las. 3) No caso dos machos, para disputar uma fêmea.


Justamente toda essa beleza e exuberância faz com que os camaleões sejam muito cobiçados por colecionadores.


Animais Silvestres: Vida à Venda


Renctas lança livro sobre tráfico de animais
A Renctas, com apoio da Embaixada da Holanda, lança no próximo dia 5 de novembro, o livro Animais Silvestres: Vida à Venda.


A publicação é a primeira em língua portuguesa a tratar sobre o comércio ilegal da biodiversidade. A convite da Renctas, 11 autores, entre eles, representantes do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Ibama, Zoológicos e Centro de Triagem apresentam a evolução dessa atividade criminosa no país e suas conseqüências e para o meio ambiente.


Pela primeira vez no Brasil, foram reunidas em um único livro, as diversas abordagens dos órgãos de fiscalização e controle ambiental no combate ao tráfico de animais silvestres. Organização de operações, manejo dos animais apreendidos, legislação e o comércio ilegal internacional da nossa fauna são alguns dos temas presentes na publicação.


Destinado prioritariamente a agentes ambientais, profissionais, professores e estudantes das ciências ambientais, jornalistas e pesquisadores, o livro Animais Silvestres: Vida à Venda é uma importante fonte de informações para leigos que buscam entender a história da degradação ambiental brasileira.
O livro está a venda no site:
www.renctas.org.br


A T E N Ç Ã O ! As aves brasileiras estão sendo roubadas!


A riqueza, a beleza, o colorido, a docilidade, o belo canto ou a capacidade de imitar a voz humana, são qualidades que fazem com que milhares de aves sejam roubadas de nosso país para serem comercializadas por todo o mundo.


5 de outubro é o Dia da Ave. Portanto, em outubro devemos lembrar que mais de 80% dos animais comercializados ilegalmente em nosso País são aves. Mais revoltante é saber que muitas delas têm seus olhos furados, ossos quebrados, são embriagadas, obrigadas a viajar milhares de quilômetros em condições precárias dentro de tubos de PVC e na maioria das vezes morrem.


É importante lembrar também, que segundo a Declaração Universal dos Direitos dos Animais “O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou explorá-los (…). Ele tem o dever de colocar sua consciência a serviço dos outros animais”.