Alter do Chão De uma beleza amazônica
13 de fevereiro de 2004Comunidade e pesquisadores do INPA pedem criação da APA de Alter do Chão
BG Press
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Foi durante uma reunião na comunidade, em 1999, para discussão sobre o que seria feito com a construção de uma residência às margens do lago Verde, que surgiu a idéia se criar uma APA, como forma de fortalecimento da proteção ambiental na região. Coube ao INPA, que desenvolve pesquisas na área há 20 anos, a elaboração dos aspectos técnicos da proposta.
Com apoio dos pesquisadores e coletando outras informações, os comunitários se reuniram durante todo o ano de 1998 com moradores das demais comunidades incluídas na área e que se posicionaram de forma favorável a sua criação. "Embora a proposta inicial visasse principalmente àqueles que se sustentam a partir do turismo, as reuniões trouxeram à tona outros problemas vividos pelos moradores rurais", revela Sardinha, acrescentando que o desmatamento das margens dos igarapés tem comprometido o suprimento de água para a prática agrícola. A criação da APA ganhou apoio irrestrito de todos os setores da vila, de visitantes e embora ainda informalmente, a idéia ganhou apoio da Coordenadoria Municipal de Saneamento e Meio Ambiente (Cosama) e da Prefeitura de Belterra.
Alter do Chão – Em 1758, o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas e uma das ações foi a de mudar os nomes de vilas e localidades brasileiras, adequando-os à identidade portuguesa. Esse movimento foi chamado de Reforma Toponímica. Muitas localidades brasileiras foram rebatizadas com nomes similares existentes em Portugal. Alter do Chão, por exemplo, é em homenagem a uma vila portuguesa, com o mesmo nome, da região do Ribatejo, como Santarém, Óbidos, Alenquer, Aveiro, Monte Alegre, entre outros. |
O documento apresentado pelos pesquisadores contém dados sobre limites propostas, justificativa, características biológicas (vegetação, fauna e flora), população humana e infra-estrutura disponível na região.
Além da proteção a uma rica área de savana da Amazônia e das nascentes e margens dos igarapés que contribuem para a existência do lago Verde, a transformação de Alter do Chão em APA visa a estimular novas atividades ligadas ao turismo, como a demarcação de trilhas para passeios e o treinamento de guias encarregados de transmitir aos turistas, visitantes do local, informações detalhadas da área.
Complexo fantástico para ecoturismo: Além da riqueza histórica e cultural, Santarém oferece aos visitantes uma natureza rica e exuberante onde destaca-se o encontro das águas. Um espetáculo inesquecível, pois mostra a luta entre dois gigantes. De um lado, o rio Amazonas, que corta o município de Santarém no sentido oeste/leste com suas águas barrentas. Do outro, o rio Tapajós, com suas águas límpidas de cor azul-esverdeadas que desemboca no Amazonas em frente a Santarém. Pela diferença de densidade, temperatura e velocidade, as águas dos dois rios correm por quilômetros sem se misturar. O rio Tapajós é um dos principais afluentes da margem direita do Amazonas e sua beleza já foi cantada em prosa e verso por habitantes da região e visitantes. No período de verão, com a redução de seu volume de água, o Tapajós oferece quase 100 quilômetros de praias de rara beleza, como Alter do Chão. Alter do Chão – A mais famosa das praias do Tapajós fica na vila do mesmo nome, com acesso rodoviário: 30 km da cidade de Santarém por estrada pavimentada, três horas pelo rio. Além da beleza estonteante da praia com suas areias finas e alvas e águas azuladas, o visitante conta com boa infra-estrutura, podendo estender o passeio a caminhadas ecológicas e rotas de observação da fauna e da flora. Uma das grandes atrações de Alter do Chão é o lago Verde – ou lago das Muiraquitãs – que apresenta a forma de um V cujo vértice está voltado para o rio Tapajós. No verão o lago fica quase que totalmente separado do rio por uma barra fluvial com quase 1 km de extensão, chamada de "ilha". Em suas margens, de vegetação fechada, surgem belíssimas praias de areia branca. |
Limites – A proposta é de que na APA seja incluída toda a área de savanas ao redor da vila e toda a bacia de captação dos lagos Verde, Jacundá e Jurucuí. Onde a savana é limitada apenas pela floresta, propõe-se que o limite seja a comunidade Irurama e sua estrada de acesso. Com estes limites, além da Vila de Alter do Chão, a APA incluirá outras nove comunidades: Ponta de Pedras, São Sebastião, Irurama, Santa Rosa, Jatobá, São Pedro, São Raimundo, Caranazal e Pindobal. Parte desta área pertence ao município de Santarém e parte ao recém-criado município de Belterra.
Esta área, calculada através de uma imagem de satélite totaliza cerca de 9 mil hectares, distribuídos em savana (22,2%), vegetação arbustiva (27,8%), fragmentos florestais ou ilhas no interior da savana (5,6%), floresta contínua, em sua maior parte secundária (38,9%), lagos (2,6%), igapó e campinarana (1,1% cada) e área urbanizada (0,7%).
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Pimenta: "Uma lembrança definitiva" |
Ana Paola: "Por um instante, achei que estava no Paraíso!" "Conheço o mundo inteiro, mas confesso que Alter do Chão tem um significado especial na minha vida. Foi a parada final de uma viagem longa, dura, mas de encantos e emoções onde descobri um Brasil sofrido, mas lindíssimo. Alter do Chão é um paraíso perdido que desperta romantismo e magia. A natureza é amazonicamente bela. São quilômetros de praias brancas, virgens, no meio de uma floresta fantástica. O rio Tapajós é um mar de água doce, cor esmeralda, deixando à mostra botos que nadam livres e sem medo. As lendas viram verdade na boca de quem as conta. As índias são belas, dançam com vigor, elegância e sensualidade. O artesanato é de bom gosto e a comida deliciosa. Por um instante pensei estar no paraíso. Que saudade de Alter do Chão!" Ana Paola Frade Pimenta da Veiga |
Pólos do Proecotur no Pará
São quatro pólos com potencial de desenvolver o ecoturismo: Belém/ Costa Atlântica, Marajó, Araguaia/Tocantins e do Tapajós. O Pólo do Tapajós é o carro-chefe.
Segundo Gina Cynthia Valle, Secretária Técnica do Núcleo de Gerenciamento do Programa de Santarém, o Pará priorizou quatro pólos com potencial para desenvolver o ecoturismo. São eles: Belém/ Costa Atlântica, Marajó, Araguaia/ Tocantins e do Tapajós. O Pólo do Tapajós é o carro-chefe de todas as ações e atividades desenvolvidas até o momento. O Pólo Tapajós engloba oito municípios, que são: Alenquer, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná (Calha Norte – rio Amazonas) e Santarém, Belterra, Aveiro e Itaituba (Transamazônica – rio Tapajós). Sendo que a cidade-sede do Pólo é Santarém por vários fatores, notadamente por ter uma melhor infra-estrutura de acesso e por convergir as demais cidades e ainda, por estar estrategicamente entre os dois maiores centros urbanos da Amazônia (Belém e Manaus).
Para Gina Cynthia Valle, todos os oito municípios que compõem o Pólo do Tapajós, possuem produtos ecoturísticos que se integram e não são concorrentes. Ela mesma fala sobre cada um deles:
• Alenquer – Cachoeiras, formações rochosas das Cidade dos Deuses, remanescentes de quilombos/Pacoval, Festivais gastronômicos/Acari, festividades religiosa e folclóricas;
• Monte Alegre – Cavernas, Inscrições rupestres/11 mil anos, águas sulfurosas/termais, grandes lagos, artesanato peculiar com cuias, festividades religiosas e folclóricas,várzea;
• Óbidos – Arquitetura portuguesa, forte, serra da Escama, lagos com potencial pesqueiro, Quilombolas, culinária típica;
• Oriximiná – Flona de Saracá-Taquera, Reserva Biológica Rio Trombetas, Porto Trombetas/ MRN -CVRD, quilomlobas, reservas indígenas (wai-wai), grandes lagos para pesca esportiva, gastronomia, círio fluvial noturno, festivais folclóricos;
• Belterra – Patrimônio histórico/cultural da era da borracha, Flona do Tapajós, áreas de grandes projetos de pesquisa da Amazônia, belas praias;
• Aveiro – Rios Cupari/piscoso, área de preservação permanente da Flona do Tapajós, Tabuleiro de Monte Cristo/desova das tartarugas da Amazônia, contém o distrito de Fordlândia, com casario dessa época, festivais profanos/religiosos, corredeiras;
• Itaituba – Grutas, cavernas, portão de entrada do Parque Nacional da Amazônia, tribos indígenas (Wai-wai, Sai Cinzas, Mundurucus), lagos para pesca e banho, artesanato;
• Santarém – Casario do século 19, encontro das águas rios Tapajós e Amazonas, grandes extensões de praias como de Arapiuns com mais de 100 km no verão, tipos variados de rios, flora e fauna, lagos próximos à sede do município, várzea para ver vitórias-régias, focagem de jacaré, aves, botos, culinária, artesanato, música, dança, festivais folclóricos e religiosos, bosques para trilhas, Alter do Chão e Sairé.
Mais informações:
Adenauer Góes e Rosana Fernandes – Proecotur – Belém/PA
(91) 276-7777 e 213-3666 – [email protected]
Gina Cynthia Valle – Proecotur em Santarém
(93) 522-3237 – [email protected]
Proecotur – Ministéio do Meio Ambiente – (61) 317-1412 / 1413
SANTUR – Santarém – (93) 523-2434
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