Amianto

Magnésio no lugar do amianto

20 de fevereiro de 2004

Mais perto o fim da produção do mineral cancerígeno


O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alcides Tápias, anunciou a disposição do governo de estimular empresários a implantar um projeto de extração de magnésio e ouro no município de Alto Horizonte, que fica a 80 quilômetros de Minaçu, Goiás, onde se localiza a mina de Cana Brava, que extrai amianto.

A iniciativa, com investimento previsto de R$ 600 milhões, tem o propósito de abrir caminho para o fechamento da mina de amianto, com o aproveitamento dos trabalhadores de Cana Brava. A nova mineração também permitirá que Goiás seja compensado com as perdas fiscais decorrentes do fechamento da produtora de amianto.


O projeto, de autoria dos deputados Eduardo Jorge, do PT de São Paulo, e Fernando Gabeira, do PV do Rio de Janeiro, vem enfrentando a oposição da bancada goiana, que resiste ao banimento do amianto, sob a alegação de que o fechamento da mina de Cana Brava liquidará a economia do município de Minaçu e deixará milhares de desempregados.


Redução da demanda


Para o Ministro do Desenvolvimento é preciso, antes de tudo, induzir e ajudar a indústria a se adaptar à demanda, substituindo gradativamente a fibra do amianto por outras. Além disso, considera importante dar um prazo razoável para que as empresas que utilizam o amianto tenham tempo de fazer a conversão.


Essa mudança já é uma realidade num dos segmentos industriais que mais consomem amianto: a indústria de lonas e pastilhas de freio que utiliza 15% da produção nacional do mineral.


A Frasle, a Thermoid, a Tecma e a Duroline anunciaram que estão desenvolvendo programas para substituir o amianto por fibras de vidro, de cerâmica, de aço ou de material sintético. A Frasle, do Rio Grande do Sul, garantiu ao governo que até o final do ano não mais utilizará o amianto.


Das 250 mil toneladas anuais de amianto produzidas no Brasil, 60% são empregadas na produção de telhas e caixas d`água. As empresas que produzem esses itens, especialmente a Eternit e a Brasilit, sabem que a proibição definitiva e total do amianto é apenas uma questão de tempo e buscam outros materiais alternativos.


Na visão do Ministério do Meio Ambiente, seria razoável um prazo de cinco anos para que as empresas que utilizam amianto busquem outros insumos para seus produtos.


No Brasil, quarto produtor mundial, o amianto está proibido em cinco cidades paulistas, inclusive na capital, conforme lei recentemente sancionada pela prefeita Marta Suplicy, além de todo o Estado de Mato Grosso do Sul.


No mundo, o amianto não é mais utilizado em 21 países, inclusive a França e o Canadá. A União Européia decidiu proibir o amianto do mercado regional até 2005. 








O fino pó que mata


Desde que o médico francês Armand Auribault, em 1906, provou que o amianto é cancerígeno, a medicina identificou pelo menos quatro doenças provocadas pela aspiração do fino e branco pó que compõe o amianto do tipo crisotila, que é encontrado no Brasil.


A mais freqüente dessas doenças é a Asbestose, que ocorre quanto as fibras do amianto alojam-se nos alvéolos e comprometem a capacidade respiratória. É crônica, progressiva, fatal, e para ela não existe tratamento. O doente sente falta de ar e cansaço, comprometendo 75% da capacidade respiratória dos pulmões. 


A exposição ao amianto aumenta consideravelmente o risco de câncer de pulmão. Outro tipo de câncer provocado pelo amianto é o Mesotelioma que ataca a pleura, uma membrana que envolve os pulmões. Os sintomas são muito parecidos com os de câncer de pulmão.