Aparados e Serra Geral A natureza que impressiona
18 de fevereiro de 2004Os Aparados da Serra têm 130 milhões de anos, remontam ao período Jurássico e foram testemunhas de grandes derrames basálticos, seguidos de erosões pelas águas
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Da época dos dinossauros – Os Aparados da Serra têm 130 milhões de anos e remontam ao período Jurássico, quando a região, então desértica, foi testemunha de grandes derrames basálticos, seguidos de erosões agravadas pela ação das águas e do próprio tempo. Hoje, tanto Praia Grande quanto Cambará destacam-se, antes de mais nada, pela beleza primitiva e imponente de seus cânions, precipitando-se do alto de fendas profundas, que chegam a 1.000 metros, sem falar na transparência dos rios e cachoeiras, nas matas nativas e na preservação de espécies animais e vegetais da região Sul brasileira, como a Gunnera manicata, considerada uma planta pré-histórica, que só existe em regiões acima do nível do mar, como na Patagônia e Cordilheira dos Andes – estudos dão conta de que a planta estaria no Planeta há pelo menos 70 milhões de anos.
Dos mais de 60 cânions espalhados pela região, cinco se destacam: o Itaimbezinho, que fica no Parque dos Aparados da Serra, e os outros quatro: Faxinal, Três Irmãos (ou Churriado), Malacara e Fortaleza, no Parque da Serra Geral.
O Itaimbezinho é o mais visitado, porque fica dentro do Parque, e a sede dispõe de infra-estrutura para receber o turista, que conta com o acompanhamento de guias especializados.
Já os mais radicais preferem os cânions Malacara, Faxinal e o Fortaleza, o mais impressionante deles. Com 8.200m de extensão e profundidade de 940m, contemplá-lo é um espetáculo indescritível, e imperdível. Suas paredes íngremes lembram as muralhas de um forte, e a visão do alto é qualquer coisa de deslumbrante, enxergando-se até o mar. Chega a ser assustadora, de tão bela, porque ao mesmo tempo em que dá a impressão de que podemos tocar suas escarpas a um simples esticar de braço, faz-nos sentir pequenos, diante da imensidão intocada.
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Biodiversidade – A flora dos Aparados da Serra representa um percentual significativo da flora total do estado do Rio Grande do Sul, com cerca de 628 espécies catalogadas, constituindo-se de campos, banhados, matas com araucárias e floresta atlântica (Mata Pluvial da Encosta Atlântica), encontrada nas encostas do planalto e penetrando nas paredes dos cânions.
A vegetação rupestre se adensa na borda superior das encostas, formando a “mata nebular”, tipo de vegetação arbustiva com alto índice de nebulosidade. Outra espécie característica da região são as turfas. A turfeira é o local onde se dão os processos de carbonização lenta dos depósitos de restos de musgos e plantas. Nos Aparados, a turfa é formada essencialmente pelo musgo do gênero Sphagnum, típico de clima de elevada precipitação pluviométrica. Outras plantas que são encontradas nas turfeiras da região são o Gravatá, o junco e a samambaia-do-banhado.
Espécies em extinção – Na região ainda se encontram raridades como o Graxaim-do-campo (uma espécie de cachorro-do-mato), Jaguatirica, Suçuarana, Veado Campeiro, Cotia, Ouriço-Cacheiro, e até o Bugio e o Lobo-guará. Também o Tamanduá-mirim e o papagaio-de-peito-roxo, que anuncia, com o seu grito estridente, a aproximação de algum viajante.
Além da Gralha-azul, outra espécie interessante é o Pedreiro, uma ave que vive à beira dos penhascos, e habita as regiões mais altas do sul do país. Uma ave muito rara no estado do Rio Grande do Sul e que só foi vista ultimamente no Parque, é o Gavião-pato, e ainda o Gavião-tesoura, que só é encontrado sobrevoando as matas que cobrem os penhascos mais inacessíveis ao homem.
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Educação ambiental – Gaúcho de Porto Alegre e morando em Praia Grande, Átila Portal foi seduzido pela região e pela beleza dos cânions, que conhece como a palma da mão. Experiente, ele é o pioneiro na prática da travessia de cânions, e já perdeu a conta dos muitos outros que conquistou até o topo. Ele explica que a travessia de um cânion feita pelo seu interior, permite a observação de geodos (partes das rochas) de cristal de quartzo, vidro vulcânico e muitos outros minerais que revestem as paredes internas; “o que sobrou de Mata Atlântica, em Santa Catarina, está dentro dos cânions”, explica Átila, “e em alguns deles você chega a passar por 30 cachoeiras”, conclui.
Átila, que desenvolve este trabalho há 15 anos, ministra cursos de Sobrevivência em Mata Atlântica e Campos de Altitude, Técnicas em Canionismo, Técnicas de Acampamento de Mínimo Impacto (regras básicas para preservar o meio ambiente quando se está em contato com a natureza) e Guias de Ecoturismo, não só na região, mas por todo o Brasil.
Outras informações Leis de Proteção Lei nº 4.771, de 15/09/65 – Código Florestal Serviço Visitação do Parque de Aparados da Serra: R$ 6.00 por pessoa + R$ 5,00 por carro. Acesso Chega-se ao Aparados da Serra por Praia Grande (SC), pela BR-101, ou por Cambará do Sul (RS), pela RS-020. Hospedagem Praia Grande – DDD (48) Dicas Em Praia Grande: A Pizzaria Avalanche faz uma pizza sem igual, e o Restaurante do Sérgio tem a melhor comida caseira, sem falar na hospitalidade do próprio Sérgio e da sua família. Contatos Átila Portal – Tel: (48) 532-0367 |