Árvores são adotadas nas Amazônia

Europeu pode adotar árvores pela Internet

3 de fevereiro de 2004

Fundação do Xingu lança projeto “Adote Árvores”, Salve Famílias e Preserve a Amazônia!

O projeto é simples, mas é complexo na sua
administração e busca atender aos anseios dos europeus em ajudar salvar a Amazônia: preservar árvores centenárias da floresta por meio de uma adoção, onde ganha o proprietário da terra e ganha a comunidade da região. “É mais uma forma de estancar o desmatamento”, explica o idealizador do projeto “Adote uma Árvore, Salve Famílias e Preserve a Amazônia”
José Rebelo, filho de seringueiro, hoje um empresário de sucesso, dono do estaleiro Renave. Este slogan já passou a ser a marca de um acontecimento histórico para a Amazônia no cenário internacional: no início deste ano, aconteceu o lançamento oficial do “Projeto Adote uma Árvore”, em
Lillestrom, na Noruega. O sonho de salvar a floresta amazônica sempre esteve presente entre ambientalistas europeus.
Agora, esse sonho se somou ao sonho de alguns empresários que também estão interessados em desenvolvimento sustentável. Ambientalistas e empresários prometem atravessar as fronteiras da Escandinávia e espalhar o mesmo sonho por todos os continentes. O desafio foi lançado, agora em janeiro de 2003, no estande brasileiro da maior Feira Internacional de Turismo da Noruega. O evento durou quatro dias e teve a participação de mais de 60 países. O projeto foi lançado, com a participação do Ministro do Meio Ambiente da Noruega, pessoal da Embaixada Brasileira, várias ONGs e empresários europeus e jornalistas da Associação Mundial de Protetores do Meio Ambiente.


Como funciona o projeto Adote Árvores


As árvores são selecionadas, catalogadas e monitoradas via satélite, por GPS. A pessoa que quiser adotar uma ou mais árvores vai ao computador e escolhe o tipo e local da árvore. Toda a transação é via internet. A própria Fundação incentiva as pessoas a visitar pessoalmente a árvore adotada. O valor da adoção de cada árvore é de cinco dólares por mês. O resultado desta operação é assim distribuído:
· 40% do valor é destinado a administração, registro e proteção da árvore, por um sistema especial incluindo uma placa com nome e detalhes do patrocinador;
· 20% é destinado ao proprietário da terra como compensação por ele manter a árvore livre do corte;
· 40% são destinados a projetos de desenvolvimento social e outros projetos ambientais na região.


A história de um seringueiro de sucesso


Por Carlos Caju, de Oslo
O empresário Luiz Rebelo criou a ONG com o nome do seu pai: Fundação Ambiental José Rebelo do Xingu. Seu pai começou a vida como seringueiro e hoje é dono de uma série de empresas bem sucedidas na Amazônia e pelo Brasil, entre elas a Renave, um dos maiores da América Latina, que também é cliente da ABB. Luiz Rebelo saiu de Oslo emocionado por ter tornado seu sonho realidade. Antes de voltar ao Brasil, deu esta
entrevista a Carlos Caju, da Folha do Meio:


FMA – Por que sua Fundação está lançando o projeto “Adote Uma Árvore” exatamente aqui Noruega?
Luiz Rebelo –
Por duas razões. A primeira é pelo fato de a ABB-Noruega ter acreditado no nosso projeto e sem muita burocracia nos ajudou a financiar uma parte do projeto de preservacão de tartarugas no rio Xingu. Esse é um projeto educativo, onde biólogos, ambientalistas e professores de escolas trabalham em parceria na conscientizacão da comunidade local sobre a importância da preservacão da nossa região. A segunda é pelo fato de a Fundação José Rebelo do Xingu acreditar que esse é um projeto revolucionário e que pode servir de modelo para outras regiões e outros países.
Portanto, ele deveria ser lançado em um país que acreditasse em propostas como a nossa. E a Noruega, através da ABB, acreditou.


FMA – Como a Embaixada Brasileira, recebeu o projeto?
Luiz Rebelo –
Fomos muito bem recebidos na Embaixada. E quanto à Noruega em si, só temos coisas boas para falar. Na nossa visão, a Noruega é um país de vanguarda e uma referência para o mundo. Imagine um país que foi governado por uma mulher por vários anos, essa mesma mulher é hoje é diretora geral da Organizacão Mundial de Saúde e, ainda, foi ela quem liderou a comissão de desenvolvimento sustentável da ONU com seu próprio nome: Gro Harlem Brundland.
Imagine um país onde o chefe das Forças Armadas é uma mulher, a Ministra de Defesa é uma mulher, foi o primeiro país a criar o Ministério da Criança e o primeiro país a criar o Ministério do Meio Ambiente. Nem preciso falar do Prêmio Nobel da Paz e acrescentar que, segundo a ONU, a Noruega é o melhor país do mundo para se viver.


FMA – E como é a aceitação das empresas?
Luiz Rebelo –
Esse é um projeto para quem acredita em parceria. Como o próprio Secretário Geral da Onu, Koffi Annan, disse no final da RIO+10, desenvolvimento sustentável só é possível com a cooperacão ativa de governos, empresas, ONGs e de toda sociedade.


FMA – Mas como e onde adotar as árvores?
Luiz Rebelo –
O projeto Adote Árvores começou com espécies de árvores nas terras de propriedade da Fundação e hoje vai envolvendo árvores de outros proprietários que gostaram da idéia e vão se juntando na luta pela preservação. E o objetivo é esse mesmo. Queremos que mais e mais famílias proprietárias de terra queiram preservar suas árvores, ganhem com isso, se juntem ao projeto e assim vamos criando um modelo de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Imagina que tudo isso, além da educação, é mais uma força para o ecoturismo, pois as pessoas vão querer conhecer a região e visitar pessoalmente suas árvores.


FMA – Vários projetos neste sentido já foram tentados. E esse vai dar certo?
Luiz Rebelo –
Esse projeto está dando certo porque foi feito por gente da Amazônia, que entende de Amazônia, por gente que vive e respira a Amazônia no dia-a-dia. E se nós empresários brasileiros, que temos instrumentos e poder de influência nas decisões sobre a nossa região não fizermos algo para mudar a realidade que vivemos, quem vai fazer? Bem, estamos fazendo nossa parte. Cabe a cada um fazer sua parte.
Mais informações:
www.adotearvores.org.br
Fone: (91) 233-0033