Nova norma técnica vai ajudar na preservação

13 de fevereiro de 2004

ABNT lança ISO 14040 que torna mais inteligente a relação entre empresas e o meio ambiente

ISO 14040 – A ISO 14040 é uma norma que padroniza a metodologia que avalia aspectos ambientais em todo o ciclo de produção de um bem ou serviço. “Uma de suas características é identificar oportunidades de aperfeiçoamento ambiental no processo de fabricação e utilização dos materiais, apoiando a redução dos resíduos, planejando a reutilização e a reciclagem. Facilita as decisões nas empresas que desejam demonstrar responsabilidade social e ambiental, inibe exageros e fortalece o marketing ambiental”, explica Hubmaier Andrade. Parte integrante do conjunto de normas internacionais ambientais da série ISO 14000 que analisa a performance ambiental das empresas, a nova norma tem foco sobre os sistemas de produção e consumo dos produtos e seu impacto sobre o meio ambiente.


Origem – A “International Organization for Standardization – ISO” vem desenvolvendo, desde 1991, as normas internacionais sobre o meio ambiente criando os padrões para a Gestão Ambiental, Auditoria Ambiental, Avaliação de Performance Ambiental e a Rotulagem Ambiental. A ISO 14040 integra-se a esse grupo de normas utilizadas para melhorar a gestão ambiental das empresas. A preocupação crescente com o meio ambiente é definida por muitas empresas como uma componente estratégica do seu negócio. Essa preocupação decorre da atitude dos consumidores que escolhem empresas cujos produtos e serviços tenham compromisso com o meio ambiente e o 








GLOSSÁRIO

ABNT – É a Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão responsável pela normatização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normatização. A ABNT é membro fundadora da ISO (International Organization for Standardization), da Copant (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normatização). Seus objetivos são: fomentar e gerir o processo de Normatização Nacional; promover a participação efetiva e representar o país nos fóruns regionais e internacionais de normatização. difundir informação e atuar na formação de profissionais.

CB-38 – O CB-38 é o organismo da ABNT responsável pela publicação de Normas Brasileiras sobre Gestão Ambiental, representando o país na preparação de normas internacionais sobre Gestão Ambiental, especialmente junto ao ISO TC 207, na preparação das Normas da série ISO 14000.


desenvolvimento sustentável. A avaliação do ciclo de vida é uma das ferramentas para adoção voluntária do selo verde ou da rotulagem ambiental. Os consumidores ganham confiança, as empresas ficam protegidas de exigências exageradas ou descabidas e as autoridades governamentais podem orientar suas políticas públicas dentro de parâmetros internacionalmente aceitos.


A reciclagem e o mercado ambiental
A atividade de reciclagem necessita de uma cadeia de serviços em escala industrial, pois nem todos os produtos, como o alumínio, apresentam condição econômica natural de reciclagem. Aí vale o marketing, educação ambiental e incentivos do governo


Em dez anos de estudos foi criada uma base de conhecimentos estruturada, incluindo banco de dados informatizado sobre impactos ambientais de materiais e produtos. Existem softwares criados para as atividades de gestão e avaliação ambiental e uma ampla rede de profissionais e empresas de consultoria, além de certificadores com experiência nesta área. Nas empresas, o profissional de análise e gestão ambiental é valorizado e tem grande demanda.


No mercado existem casos clássicos sobre o ciclo de vida de produtos. O mais visível, provavelmente, é o caso das embalagens de alumínio. O alumínio usa intensamente energia elétrica na sua composição, tornando desejável e viável sua reciclagem. Um extenso trabalho de comunicação e marketing desenvolvido pela indústria criou a rede de reciclagem do produto. Atualmente, segundo a Associação Brasileira do Alumínio, mais de 73% dos produtos de alumínio são reciclados. Outros produtos enfrentam desafio semelhante. O vidro, segundo a Abividro, é reciclado a uma taxa de 41% do que é produzido. Papel, aço e cobre são produtos com valor no mercado de reciclagem. As embalagens, feitas de diversos materiais, desenvolvem estudos para sua reciclagem. Alguns produtos apresentam maior complexidade. A construção civil, por exemplo, apesar de existirem técnicas de reciclagem e reaproveitamento de seus resíduos, é um gerador do lixo urbano. Segundo pesquisas acadêmicas, resíduos da construção civil representam cerca de 70% dos rejeitos sólidos urbanos. Nas grandes cidades, 760kg por habitante são gerados a cada ano de resíduos da construção civil, segundo dados da Escola Politécnica da USP (Pinto,T.P. – Tese de Doutorado, 1999, em www.reciclagem .pcc.usp.br/entulho).


A atividade de reciclagem necessita de uma cadeia de serviços em escala industrial. Nem todos os produtos, como o alumínio, apresentam condição econômica natural de reciclagem. Em alguns produtos o valor a ser pago pelo quilo do resíduo coletado não compensa o trabalho. Neste caso, devem ser consideradas questões referentes ao marketing, proteção da imagem das empresas, comunicação, educação ambiental e, do ponto de vista dos governos, algum tipo de incentivo fiscal, já que a redução dos resíduos representa economia do dinheiro público na logística do lixo.