Preservação e Ecoturismo no Jalapão

Expedição do IBAMA visita o Jalapão

20 de fevereiro de 2004

IBAMA, junto com governo do Tocantins, PNUD e prefeitura de Mateiros, faz expedição científica ao Jalapão

 



Para o governador Siqueira Campos, do Tocantins, em boa hora o Ibama tomou a frente na defesa ambiental do Jalapão, promovendo a expedição científica à região. O objetivo final é desenvolver e integrar vários projetos específicos para salvar o Cerrado – bioma com 200 milhões de hectares que ocupa um quarto do território nacional, possui a savana mais rica em biodiversidade do mundo e, também, a mais ameçada de extinção. O Jalapão está no extremo leste do estado do Tocantins e concentra uma das maiores extensões dos 20% de Cerrado brasileiro ainda conservados, cujas peculiaridades naturais e extraordinária beleza ímpares – pouco pesquisadas – tornam a área de transição com a Caatinga prioritária para a conservação da flora, da fauna, dos recursos hídricos, e do patrimônio espeleológico do bioma. A expedição saiu de Brasília no final de abril para pesquisar a ecologia do ecossistema e as deficiências ambientais de quatro dos trinta municípios da região entre os estados do Tocantins, Maranhão, Piauí, e Bahia: Mateiros, Ponte Alta, Dianópolis e São Félix do Tocantins. Eles formam um ecótono – zona de transição entre dois ou mais biomas, no caso o Cerrado e a Caatinga.


Idealizada e organizada pelo coordenador do departamento de Conservação de Ecossistemas da diretoria de Unidades de Conservação e Vida Silvestre do IBAMA, biólogo Moacir Bueno Arruda, integram a expedição cerca de vinte especialistas do Ibama, das Universidades Federais de Brasília e de Tocantins, da Conservation International e da Organização Pesquisa e Conservação do Cerrado-Pequi. Fundo de mar, há 300 milhões de anos, as chapadas do Jalapão podem desaparecer pelas constantes e naturais erosões aceleradas pela desordenada ocupação e turismo na região, advertiu Arruda, cujo temor é que o Jalapão se transforme num imenso deserto.


O turista é atraído pelas gigantescas dunas de areia – únicas em região de Cerrado, pelas cavernas com inscrições rupestres ainda inexploradas cientificamente, pela endemia das plantas medicinais e flores ornamentais – mais conhecidas como capim-de-ouro, muito populares nas feiras do Distrito Federal. Na tentativa de ordenar o turismo e conservar a rara natureza do ecossistema do Jalapão, a coordenadoria de Conservação de Ecossistemas da Diretoria de Unidades de Conservação e Vida Silvestre do Ibama vem desenvolvendo e quer a participação de todos em várias projetos: Gestão Biorregional do Jalapão-Chapada das Mangabeiras, Corredor Ecológico Tocantins-Jalapão, e a Área de Proteção Ambiental Federal da Serra da Tabatinga.


Governo do Tocantins criou o Parque do Jalapão


Por sua vez, o governo do Tocantins criou uma APA e o Parque Estadual do Jalapão. Moacir Arruda confessa, porém, que ainda é pouco para proteger essa região do Cerrado. E adianta que novos projetos ambientais serão executados com o respaldo científico da expedição de exploração, que deverá propor, inclusive, a criação de algumas unidades de conservação em pontos estratégicos que serão mapeados pelos especialistas.


Com enorme potencial de biodiversidade e turismo e uma densidade demográfica semelhante à da Amazônia, o Jalapão – cujo nome é originário da planta diurética Jalapa, torna-se importante, também, como divisor de água das bacias do rio São Francisco, Paraíba, e Tocantins, explicou Moacir Arruda, que escolheu o também biólogo Miguel von Behr para chefiar a expedição. 


Da pesquisa ao Jalapão o coordenador do departamento de Conservação de Ecossistemas do Ibama espera:


1 – Listagens, fotos e vídeos detalhados das fauna, flora e cavernas; 


2 – Mapeamento geográfico e imagens de satélite das áreas pesquisadas; 


3 – Descrições minuciosas dos aspectos mais marcantes; definição dos principais pontos referenciais em GPS; 


4 – Identificação de novas áreas para criação de unidades de conservação. 


O levantamento ecológico da região será publicado em revistas científicas especializadas, o material coletado entregue ao departamento de Zoologia e do Herbário do departamento de Botânica da UnB. Para tanto, o Ibama fez parcerias, também, com o PNUD, o governo de Tocantins e a prefeitura de Mateiros/TO.


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