Folha do Meio Ambiente

Parece que no Rio de Janeiro está difícil de saber o que é municipal, o que é estadual e o que é federal. Pelo menos, está difícil as autoridades se entenderem e definirem qual é a responsabilidade de cada um. Primeiro foi o caso da dengue. O atraso no combate ao mosquito da dengue levantou a questão: afinal de contas, o mosquito é municipal, estadual ou federal? Enquanto procuravam uma resposta, os focos do Aedes Aegupti foram se alastrando até virar uma epidemia. Agora, em pleno verão, em plena temporada de férias e em pleno Carnaval, uma outra tragédia atinge em cheio a qualidade de vida da cidade e o turismo, uma “indústria” que requer tranqüilidade, salubridade e muito alto-astral: a mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freiras. Mais uma vez, a discussão: a solução para os problemas da Lagoa é municipal ou estadual? Foram cerca de 100 toneladas de peixes mortos, provocando um mau cheiro imenso. Enquanto a Prefeitura do Rio e o Governo do Estado discutem os níveis de oxigênio das águas da Lagoa, a tragédia vai se repetindo a cada ano.

No caso da mortandade de peixes da Lagoa Rodrigo de Freiras, a maior crítica dos especialistas e da população carioca é justamente a falta de entendimento entre as autoridades do Município e do Estado. “O problema é que os políticos brigam e não resolvem a questão do prolongamento do canal do Jardim de Alah para garantir a renovação das águas da Lagoa”, reclama Ricardo Montovani, presidente da Colônia de Pescadores Z-13.

Para o professor de ecologia Francisco Esteves, da UFRJ, o problema vai além do prolongamento do canal: “A questão do esgoto jogado na Lagoa é grave. Devido ao calor, a concentração de oxigênio na água diminui. Piorou com a última ressaca, pois o canal ficou fechado”.

Já o secretário do Meio Ambiente do Rio, André Correa, é mais pessimista pois acha que será difícil encontrar uma solução definitiva para o problema. “Já investimos R$ 14 milhões na Lagoa Rodrigo de Freitas e a qualidade da água até melhorou. Sou favorável ao prolongamento do canal, mas a obra pode não significar o fim desta mortandade de peixes”, lamenta.