Agroecologia: o caminho da sustentabilidade

17 de fevereiro de 2004

Um paradigma holístico e ético, buscando sempre de forma harmônica, natural e cooperativa, conciliar produtividade com equilíbrio ecológico e social

    A agroecologia é uma ciência que tem por objetivo o desenvolvimento de sistemas agropecuários auto-sustentáveis, viáveis do ponto de vista ambiental, social, econômico e produtivo. Se utiliza tanto de conhecimentos tradicionais, muitos deles milenares, quanto daqueles oriundos da ciência moderna. Oposta ao sistema agropecuário industrial, intrinsecamente predatório e explorador, a agroecologia segue um paradigma holístico e ético, buscando, sempre de forma harmônica, natural e cooperativa, conciliar produtividade com equilíbrio ecológico e equidade social. Estudos recentes comprovam que não se trata de uma utopia. 


Desde que adequadamente utilizada, a abordagem agroecológica tem concretizado plenamente os seus objetivos. Dentre seus principais benefícios podemos citar elevados níveis de produtividade bem como uma maior estabilidade destes níveis ao longo do tempo, um balanço energético e financeiro positivo, acarretando melhorias na qualidade de vida dos produtores e suas famílias, a regeneração da fertilidade do solo e a diversificação da agrobiodiversidade e, de modo geral, uma contribuição significativa para a preservação da natureza.






A agroecologia, com sua rica diversidade,
adaptabilidade e autonomia em relação a insumos externos é um poderoso antídoto contra o totalitarismo econômico e mecanicista que vem se intensificando


Para que a agroecologia (incluindo a agricultura orgânica, a permacultura, a biodinâmica e o extrativismo sustentável, entre outras modalidades) saia do domínio restrito na qual se encontra e reconquiste o seu lugar como única forma viável de produzir alimentos saudáveis de forma sustentável, serão necessárias mudanças estruturais profundas. Precisamos redefinir nossas políticas públicas para os setores agropecuário, agrário e social, aumentar significativamente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e criar sistemas apropriados de financiamento e subsídios para empreendimentos agroecológicos, além, é claro, de taxar pesadamente (ou melhor, proibir) tecnologias prejudiciais ao meio ambiente e ao ser humano.


Seria ingênuo esperar qualquer movimento neste sentido por parte de nossos infelizes governantes, comprometidos como estão com o poder econômico e suas ambições monopolizadoras. Cabe a nós, membros da sociedade, tomar consciência do que está ocorrendo e fazer valer a nossa vontade. A rejeição maciça aos transgênicos e outras tecnologias nefastas da agropecuária industrial tem contribuído muito neste sentido. 


A agricultura orgânica é hoje o setor de produção de alimentos que mais cresce nos Estados Unidos e Europa. Mas o que está em jogo é muito mais do que uma escolha entre sistemas produtivos, é a própria preservação da democracia. 


A agroecologia, com sua rica diversidade, adaptabilidade e autonomia em relação a insumos externos é um poderoso antídoto contra o totalitarismo econômico e mecanicista que vem se intensificando.