Olhos e ouvidos da Amazônia

Sivam: começa a operar maior projeto ambiental

12 de fevereiro de 2004

Sistema de Vigilância via satélite vai fazer uma radiografia

Tem 67% das florestas tropicais do planeta, 22% das espécies de plantas conhecidas no mundo, 20% de toda a água doce da Terra, mais de 300 espécies de mamíferos, 517 de anfíbios, 1.300 de pássaros, 1.400 de peixes, US$ 1,7 trilhão em madeira de lei, US$ 1,6 trilhão em metais nobres, sem falar no petróleo, que nem começou a ser pesquisado.


Vigilância
Quando estiver em pleno funcionamento, o Sivam vai envolver um Centro de Coordenação Geral – CCG – em Brasília; três Centros Regionais de Vigilância – CRV – em Manaus, a ser inaugurado no dia 25 de julho, em Belém e em Porto Velho; Unidades de Vigilância (UV); Unidade de Vigilância Tranportada (UVT) e Unidades de Telecomunicações – UT – espalhados por toda a Amazônia.
Cinco aviões-radares estarão permanentemente voando, em condições de flagrar todo tipo de aeronave em vôo, e mais três aviões de sensoreamento remoto, capazes de registrar todas as conversas em qualquer freqüência, além dos movimentos na floresta e até minérios existentes no subsolo.


Na água, o Sivam terá 200 plataformas de coletas flutuantes medindo, continuamente, o nível, a velocidade e a qualidade das águas. Dez radares meteorológicos, 81 estações meteorológicas, sendo 70 de superfície e 11 de altitude, por meio de balões e 14 estações detectoras de raios e relâmpagos.


Os pesquisadores terão à sua disposição, em plena floresta, 300 equipamentos de radiodeterminação, e as comunidades poderão dispor de 940 salas de usuários dispondo de antena parabólica, computador e fax.


A empresa norte-americana Raytheon e a brasileira Atech são as responsáveis pelo desenvolvimento do software e os equipamentos de precisão, enquanto a Embraer é a fornecedora dos aviões.


Para os especialistas das áreas de segurança e meio ambiente, a plena operação do projeto Sivam significará que o País terá o completo controle eletrônico da Amazônia.


Haverá substancial melhoria do tráfego aéreo – os aviões voarão sobre a Amazônia com a mesma segurança com que hoje voam sobre Brasília. A ocupação e o uso da terra serão amplamente facilitados pela ação dos monitoramentos; as condições climáticas serão acompanhadas passo a passo, da mesma forma que será exercida uma vigilância especial sobre florestas, rios, desmatamentos e reservas indígenas.


O mais importante é o cruzamento de todas as informações, que permitirá a montagem de um quadro completo de controle da Amazônia, tanto em relação ao seu espaço aéreo, como terrestre, especialmente as riquezas naturais.


 


Controle da segurança


Uma freqüente indagação feita pelas lideranças ambientalistas, em especial no Congresso, e por muitas ONGs, diz respeito à disponibilização das milhares de informações que serão geradas a cada dia pelo projeto Sivam.
Afinal, quem elaborou o software e forneceu a maior parte dos equipamentos sensíveis foi a Raytheon, uma empresa norte-americana com grande envolvimento nas áreas de segurança.
Os dirigentes da Raytheon garantem que o desenvolvimento do software foi feito com a introdução de dados fictícios. Quando o programa iniciar suas operações, sob controle exclusivo de técnicos brasileiros, será carregado com dados verdadeiros, e as informações geradas serão disponibilizadas de acordo com critérios estabelecidos pelas autoridades brasileiras.
Mesmo assim, muitas lideranças ambientalistas temem que, de alguma forma, técnicos estrangeiros tenham acesso a essas informações e, eventualmente, possam repassá-las a quem interessar.
O ministro do Meio Ambiente, José Carlos de Carvalho, não pensa assim. Ele prefere dar ênfase aos aspectos civis do projeto Sivam, lembrando que todos os cuidados foram adotados para que as informações geradas permaneçam sob controle das autoridades brasileiras.