O Ecoturismo pelo mundo

17 de fevereiro de 2004

Brasil – As Reservas Extrativistas de Curralinho e Pedras Negras, em Rondônia, estão localizadas no Vale do Rio Guaporé. Em Curralinho vivem sete famílias, numa área de 1.758 ha. Em Pedras Negras o número é mais expressivo: 19 famílias para uma área de 124.409 hectares. Em ambas as localidades, desde 1997, a comunidade está tentando… Ver artigo


Brasil – As Reservas Extrativistas de Curralinho e Pedras Negras, em Rondônia, estão localizadas no Vale do Rio Guaporé. Em Curralinho vivem sete famílias, numa área de 1.758 ha. Em Pedras Negras o número é mais expressivo: 19 famílias para uma área de 124.409 hectares. Em ambas as localidades, desde 1997, a comunidade está tentando implementar projetos de ecoturismo, com ajuda da ONG norte-americana Ecoporé, que levou sua experiência para debate na conferência. Pesquisadores da Ecoporé chegaram a conclusão de que a consolidação do ecoturismo é um processo lento e que depende da participação social e política de toda a comunidade. “Quando tornado uma alternativa suplementar a outras atividades, o ecoturismo pode contribuir para a consolidação das reservas extrativistas e a conservação de florestas tropicais”, afirma.

Colômbia – A Câmara de Comércio Amazônico da Colômbia levou para a conferência de Cuiabá uma experiência, já em andamento, na região chamada Trapézio Amazônico da Colômbia, fronteira com Brasil e Peru, e onde estão localizadas 14 reservas indígenas. O objetivo do projeto, que está em sua fase inicial, é fornecer alternativas de renda às famílias locais, como assessoramento para formação de micros e pequenas empresas nas áreas de “etno-ecoturismo” (com visitação aos parques indígenas), artesanatos, alimentos e comercialização de plantas medicinais. O projeto foi iniciado em fevereiro deste ano, e será concluído em fevereiro de 2002.


Panamá – Localizado na América Central, o Panamá é uma porção peculiar do continente. Muitos o chamam de Porta do Mundo, outros de Coração do Universo. Para a conferência, representantes do país levaram as experiências do arquipélogo “Bocas del Toro”, um conjunto de ilhas com muitas belezas naturais e culturais. Em 1998, foi construído no local um Centro de Informações Turísticas, para orientar os visitantes. Mesmo assim, a região enfrenta problemas ambientais. O principal deles é a pesca ilegal e o consumo indiscriminado de alimentos do mar. Como solução, os representantes propõem a aplicação das leis locais, que determinam o tamanho máximo de captura dos exemplares, com maior rigor para os que não cumprirem o determinado.


Canadá – É possível fazer “turismo verde” numa mega cidade como Toronto? Na avaliação da Associação dos Ecoturistas do Canadá, sim. “O ecoturismo urbano está trazendo junto consigo uma diversidade de negócios e benefícios para a cidade”, acredita a associação. Entre tais benefícios está uma oportunidade única de avanço da educação ambiental e da sustentabilidade. Para o sucesso de tal iniciativa, no entanto, é fundamental uma atitude pública aliada à iniciativa privada. A experiência da associação baseou-se em marketing, e no ato de informar o turista para um comportamento e postura adequados nas atrações da cidade.


Guatemala – Para a conferência, a Associação de Ecoturismo do país levou o Código de Ética para Operadores de Turismo, Guias e Empresas. O objetivo desse instrumento é causar o menor impacto possível na vida silvestre dos lugares a serem visitados e no patrimônio cultural do país. O código possui ao todo 55 itens, que incluem dados como normas básicas para visitação de ninhos de aves, de sítios arqueológicos e convívio em acampamentos. Um dos artigos mais importantes diz respeito à participação das comunidades: os guias devem ser preferencialmente contratar moradores das localidades, estimular a compra de mercadorias do país e proporcionar que moradores sejam anfitriões.


Paraguai – “É preciso ecologizar o turismo”. A idéia foi defendida durante a conferência de Cuiabá pelo governo paraguaio. O país vizinho está agora, segundo os palestrantes, passando por uma espécie de raio-X de seus potenciais. Os cerca de 400 mil quilômetros quadrados de território foram divididos em região ocidental e Chaco (com semelhanças ao Pantanal brasileiro, que representam 60% do país) e oriental. Em todo o país foram identificadas 51 regiões com potencial para ecoturismo. Destas, 43 concentram-se na região oriental, justamente onde está a maior pressão da população local, que exerce em larga escala a extração de recursos naturais. O governo paraguaio está tentando contornar esta situação com a implantação de parques nacionais e de projetos de educação ambiental.


Costa Rica – Os casos levados pela delegação de Costa Rica à conferência foram dos mais relevantes. A equipe da Universidade da Califórnia, por exemplo, apresentou quatro projetos que estão em andamento na península. Um dos mais bem sucedidos é o projeto Cooprena, criado em 1994, quando seis cooperativas agrícolas despertaram para os ganhos que o ecoturismo poderia lhes assegurar. Os grupos se uniram, formando a rede Eco-agricultural Nacional de Cooperativa (Cooprena), uma espécie de corpo administrativo. O trabalho de divulgação teve início em 1995, e as primeiras visitas em 1996. A opção da rede sempre por grupos pequenos de visitantes, assim como o apoio governamental e não-governamental à iniciativa, aliado ao fato das atividades tradicionais não terem sido abandonadas, são as razões do bom desempenho.


Ártico – As paisagens gélidas do Ártico, e a possibilidade de torná-las roteiro ecoturístico não ficaram de fora das discussões da conferência. O assunto foi suscitado pela Comissão de Proteção de Áreas Árticas, que levou para o evento um documento de oito páginas onde descreve as potencialidades da região. No Ártico, por exemplo, as temperaturas variam de -60ºC a 25ºC. “Há muito da biodiversidade para ser conhecido”, cita o documento. Para apreciar, existem minúsculos insetos, ursos polares, renas e o pássaro caribu – que no verão migra para o Ártico – além de baleias e a lontra do mar. Para que toda esta beleza não sofra danos, a comissão cita dez princípios. Entre eles, minimizar consumos como forma de evitar poluição; e treinar a população local para ser receptora dos visitantes.