Olhares sobre o lago Paranoá

13 de fevereiro de 2004

Uma obra completa que vai implementar a Agenda 21 da bacia do lago de Brasília

 






O livro foi organizado pelo engenheiro Fernando Oliveira Fonseca


Acabei de ler “Olhares sobre o Lago Paranoá” livro de autoria do engenheiro e escritor Fernando Oliveira Fonseca, ex-presidente do extinto Iema – Instituto de Ecologia e Meio Ambiente e atual subsecretário da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal. Trata-se de uma síntese, envolvendo os roteiros essenciais na informação cultural, técnica, política e humanística visando a sedimentar no espírito de quem a lê a essência das idéias e o conteúdo do pensamento que se deseja transmitir.


O livro, de capa dura, com 424 páginas, belíssimas fotos, mapas, gráficos e depoimentos apresenta extenso material documentário e uma massa surpreendente de informações que é o resultado de anos de pesquisa, consultas, troca de idéias, ordenamento e disciplina de colaborações expontâneas. Uma ocupação de rotina para quem se propõe a uma tarefa de tamanha responsabilidade editorial. Lembrando uma carta a Jacques Maritain, de outubro de 1925, tornada célebre na história da literatura francesa, o poeta Jean Cocteau trata-o de “peixe das grandes profundidades”. Parece que uma das impressões mais fortes que pude recolher da capacidade de análise, conhecimento dos problemas ambientais e preocupações de Fernando Fonseca, o coloca em idênticas dimensões.


Trata de forma relevante temas como a necessidade de sustentabilidade do lago Paranoá, que pode ser considerado um sistema de controle da sustentabilidade das cidades que ocupam a área de drenagem e propõe a construção de uma agenda mínima para este corpo hídrico. As principais preocupações seriam com os aspectos ecológicos, ambientais, demográficos, culturais e políticos.


Em face da abrangência da questão, que transcende a formulação e a implementação de uma mera política setorial relativa à proteção ambiental, é sugerida a adoção de uma abordagem mais ampla e matricial – a da Agenda 21 do Lago Paranoá – cujo desenho poderia ser o mesmo que vem sendo utilizado para a construção da Agenda 21 brasileira, com exemplos de sucesso e utilização de recursos não estatais.


Comentários pertinentes são feitos também a respeito da urgente necessidade do redimensionamento do órgão ambiental regulador e fiscalizador, a Semarh. Pede-se a criação de uma autarquia especial, dotada de independência política, administrativa e econômica, além de um quadro de recursos humanos qualificado e bem remunerado. Como as agências reguladoras nacionais.


Finalizando, deixo expresso o meu desejo – e para isso tenho colaborado de maneira modesta através da sua divulgação – para que esta importante obra alcance o seu objetivo: ajudar no convencimento de que a implementação da Agenda 21 da Bacia do Lago Paranoá é fundamental para qualidade de vida na capital da república.


A publicação, que tem a apresentação do secretário de Meio Ambiente do DF, Antônio Barbosa, e o prefácio do escritor e diretor do Conama, Maurício Andres Ribeiro, mostra pela amplitude do trabalho de pesquisa e pela participação coletiva de empresas, da Unesco e universidades, que o lago Paranoá – “o mais belo monumento em escala bucólica de Brasília” (segundo Barbosa) precisa mesmo de um mutirão de defensores. “Olhares sobre o Lago Paranoá” pode ser encontrado na Semarh (61-340-3756). É um documento histórico de rara beleza e competência, que merece estar na biblioteca e na memória de todos os candangos.


(*) Raimundo Nunes é engenheiro industrial e consultor ambiental