Reciclagem e Meio Ambiente

Cigarro: fim para guimbas

10 de fevereiro de 2004

Estudante de biologia da UnB desenvolve pesquisa inovadora que transforma bitucas em papel

 







Marco Antônio Duarte


Poucos, fumantes ou não-fumantes, como Marco Antônio, demonstram tanto interesse no resto de um cigarro quanto ele. “Na realidade, não há outro projeto semelhante. Constatamos que não existe nem uma patente ou artigo desse tema. Em todos os manuais sobre reciclagem, o resíduo de cigarro é classificado como resíduo não re-aproveitável. Esta é uma das realidades que a gente quer mudar”, engaja-se o formando.


Na verdade, é a primeira vez que se dedica tempo e estudo para os filtros utilizados. A Embrapa de Pernambuco recebe sobras (filtros limpos) da Filtrona Brasileira Indústria e Comércio, fabricante do produto no Brasil, para testar o uso do material na absorção e retenção de água em solos secos. Segundo Thérèse, que também é orientadora de Marco Antônio, “não há projeto nesta área, nem no Brasil nem no exterior”.


As guimbas são compostas pelo filtro (derivado de celulose), o papel envolvente e tabaco, que nada mais é do que uma planta com fibra de celulose. “Desde que se trabalhe de forma adequada, é possível obter 99% de toda celulose contida. Uma quantidade considerável visto que cada bituca pesa 0,2 grama e que nem o alumínio, cuja reciclagem está bem consolidada, chegou a 100% de
re-aproveitamento”, explica o estudante.


O projeto está adiantado. Marco Antônio está patenteando sua idéia, e “otimizando o processo de transformação”. O objetivo é conseguir obter celulose de melhor qualidade. Segundo ele, o papel resultante é bom, podendo ser utilizado para impressão. “Isso significa que podemos chegar a uma fibra longa, que virtualmente pode ser usada em outros processos”, garante.


Segundo o Sindicato da Indústria de Fumo de São Paulo (Sindfumo), 140 bilhões de unidades de cigarro foram consumidas em 2001, o que resultaria quase 33 mil toneladas de papel reciclado. Informação importante se considerarmos que os tocos lançados no chão têm como destino as ruas, podendo repousar em matagais, serem canalizados para os rios ou terminarem nos lixões. Até o momento, o único apoio do estudante é dado pela própria UnB. “Mas creio que em pouco tempo poderei encontrar fontes de apoio centradas em reciclagem”, acredita o jovem pesquisador.


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