Garimpos na mira do governo do TO e do Ministério Público
11 de fevereiro de 2004Termo de Ajustamento de Conduta deverá ser apresentado aos garimpeiros pelo Naturatins e MP
O ouro existente em Chapada da Natividade é muito fino e de extração difícil. Chamado de filão, este tipo de ouro fica oculto em pedras, que precisam ser escavadas e quebradas. O ouro surge como uma poeira e por isso precisa de muito mercúrio e cianeto para conseguir se agrupar e virar uma pepita. “Como eles não possuem técnicas especiais para trabalhar com este tipo de extração, acabam utilizando exageradamente os produtos químicos”, explica Juliate. Não é preciso ser ambientalista para saber que estes produtos poluem o solo, a água, a vegetação e tudo o que estiver no caminho, comprometendo inclusive a saúde dos próprios garimpeiros.
O promotor de Justiça João Alves de Araújo, que responde pela comarca de Chapada da Natividade, foco central da ação dos dois órgãos, explica que está em andamento um inquérito civil para apurar os crimes ambientais praticados pelos garimpeiros. “Em agosto, vamos fazer nova inspeção na área e promover algumas reuniões para explicar a situação”.
O promotor adianta que a não aceitação do Termo ou o seu descumprimento terá como conseqüências a interdição dos garimpos. “Não podemos mais tolerar esta situação, pois a área explorada só tende a aumentar, aumentando também os prejuízos ambientais”.
Outros danos
Os danos provocados pelo garimpo não são apenas ambientais. Araújo faz uma análise mais ampla do problema e explica que regiões como essa atraem pessoas que cometem crimes em outras localidades procuram nos garimpos o refúgio que precisam para ficar impunes. A prostituição, inclusive de menores, também é comum em áreas de garimpo. “Nestas áreas existe todo tipo de problema social, que precisa ser solucionado separadamente, pois não adianta se pensar só no meio ambiente, antes temos que saber o que fazer com todas as pessoas que vivem direta ou indiretamente daquela situação”.
Neste sentido, o Ministério Público está trabalhando em parceria com vários outros órgãos, inclusive com criação de conselhos tutelares para trabalhar com as crianças e adolescentes que vivem no local. Outras ações pretendem diminuir o consumo e o tráfico de drogas, além da prostituição. “Estamos promovendo ações com vários focos, para então pensarmos melhor na natureza”, disse Araújo.
A maioria das 300 pessoas que vivem em busca de ouro na Chapada da Natividade não têm instrução e estão em áreas cuja exploração do solo pertence a grandes mineradoras. “A situação deles é completamente irregular. Não possuem requerimento para uso do subsolo e nem qualquer tipo documento expedido pela União ou pelos órgãos ambientais” explica Juliate.
Depois de Chapada da Natividade, outros garimpos nos municípios de Almas, Dianópolis, Monte do Carmo, Natividade, São Valério e Jaú serão visitados pelo Ministério Público e técnicos do Naturatins.