Vida longa ao Rio Uruguai

18 de fevereiro de 2004

Ameaçado pela poluição, o Rio Uruguai depende de ajuda para sobreviver

 






 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Muito mais que H2O – O que mais tem chamado a atenção para o Rio Uruguai nos últimos anos é o alto índice de poluentes despejados por 39 municípios ao longo de seu curso. Esgoto, depósito inadequado de lixo doméstico e industrial e agrotóxicos são lançados diariamente nas águas do Uruguai.


A destruição do ecossistema do rio Uruguai, também conhecido como’Coração do Ambiente e Saúde Regional’ na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul , é vista a olhos nus.


A população ribeirinha que retira boa parte da sua renda por meio da atividade pesqueira sofre com a escassez da matéria-prima de seu trabalho. O Dourado, peixe característico do rio Uruguai, está em processo de extinção. Tal escassez é resultado da construção de hidrelétricas que servem como barreiras, interceptando o deslocamento do peixe até a nascente do rio, local onde se dá a desova.


Com a reprodução prejudicada, o Dourado começa a perder espaço para as Palometas, espécie mais resistente às adversidades do meio. 


A ação poluidora sobre o Uruguai também vem provocando mutações em algumas espécies de peixes, inutilizando-as comercialmente.


A falta de tratamento do esgoto produzido nas cidades banhadas pelo rio Uruguai é outro problema que assola os habitantes das suas margens. Jogado no rio praticamente ‘in natura’, o esgoto acrescido do lixo doméstico e de metais pesados como o mercúrio, derivado do armazenamento inadequado de pilhas e baterias em geral, contamina a água que, entre tantas funções, serve para consumo. As conseqüências são doenças como diarréia, hepatite e desidratação que podem levar à morte se não forem tratadas a tempo.


O assoreamento, desgaste do solo das margens de um rio por causa da destruição de sua mata de galeria, também condena o Uruguai. O desmatamento efetuado pela mão humana ao longo dos tempos colabora para que, atualmente, o rio tenha apenas cinco metros de profundidade.


Em ação – Buscando soluções para a problemática ambiental envolvendo o rio Uruguai, um grupo de pessoas fundou, em 1989, a Associação Comunitária Uruguaianense de Proteção dos Animais e do Meio Ambiente (Acupama). A cidade-sede é Uruguaiana-RS, localizada a 634km da capital Porto Alegre.


Três anos depois, técnicos de diversas áreas criaram a Comissão Binacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Paso de los Libres-Uruguaiana. 


Segundo o presidente da Comissão Bilateral e secretário da Acupama, Juraci Luques Jacques, além de proteger as águas do rio Uruguai, um dos principais objetivos das duas organizações é transformar Uruguaiana na mais ecológica das cidades do RS.


Para isso, no ano de sua fundação, a Acupama fez um movimento com o objetivo de criar um Projeto de Saneamento para Uruguaiana , que entrará em vigor a partir da construção da terceira e da quarta bacias de decantação, cuja função é impedir que o rio Uruguai receba esgoto sem tratamento algum. Para o início das obras ainda falta concluir o projeto de licitação. 


Com mais de uma década de pesquisas, trabalhos preventivos e de conscientização em escolas e junto da população, os membros da Acupama e da Comissão Binacional começam a colher os frutos do trabalho desenvolvido até então.


Através de uma Carta de Intenções, assinada em 28 de julho de 2000 por entidades ligadas ao rio Uruguai, estabeleceu-se um acordo de preservação ambiental. Plantar mil mudas de árvores utilizando a mão de obra do Exército constituiu-se no primeiro passo rumo à estruturação de um parque lúdico-educativo na beira do Uruguai.





 

































Resultados do monitoramento de coliformes totais neste ANO:

  Mínimo Máximo Média
Janeiro 80 900 363
Fevereiro 240 500 370
Março 3000 11 1011
Abril 130 500 290
Unidade : NMP/100 mL

O monitoramento da água é feito no ponto de captação que fica antes de chegar na cidade, ou seja, antes do lançamento efetivo de dejetos.


A vida aquática também recebe atenção. Para conservação das espécies de peixes existentes no Uruguai, o Clube de Caça e Pesca Martim Pescador lançou 50 mil alevinos nas águas do rio. 


Após assinatura da Carta de Intenções, a Patrulha Ambiental da Brigada Militar disponibilizou o disque-denúncia. Qualquer atitude anti-ecológica que venha a ocorrer na fronteira oeste do RS pode ser informada à Patram pelo número (55) 412-1249. 


Novidade – A partir deste ano, o rio Uruguai terá um dia todo seu. Uma lei do município instituiu o Dia Municipal do Rio Uruguai, a ser comemorado no próximo 28 de julho. A programação conta com um mutirão pró-reflorestamento das margens do rio, onde serão plantadas 500 mudas da árvores específicas para o local.


E as atividades não param por aí. Uruguaiana sediará, nos dias 27 e 28 de setembro de 2001, o 13º Simpósio Uruguaianense do Meio Ambiente e o 12º Simpósio Conesul do Meio Ambiente, que obedecem à temática central ‘ Panorama Ecológico do Rio Uruguai’. 


Assim como os anteriores, o evento deste ano resgata a relevância de trabalhar a educação ambiental junto da comunidade. Para Juraci, somente um trabalho contínuo de educação ambiental vai conseguir combater o principal problema enfrentado pelo meio ambiente: a falta de consciência ecológica das pessoas.