Água: uso competitivo versus irrigação

17 de fevereiro de 2004

A crise de energia trouxe à tona um problema ainda mais grave: a escassez de água

     Nos últimos meses, a crise de energia que o país atravessa trouxe à tona um problema ainda mais grave: a escassez de água está afetando também outras atividades, não apenas a geração de eletricidade. A agricultura, o maior consumidor de água do planeta, é uma das mais atingidas.






A agricultura irrigada é responsável por mais de 40% das colheitas mundiais, ocupando apenas 18% da área destinada à exploração agrícola


Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que apenas 2,5% da água existente no mundo são doce. Só que 70% dessa água estão congelados nas calotas polares. Os 30% restantes estão disponíveis na umidade do solo, em aqüíferos subterrâneos, rios, lagos e outras reservas.


No século XX, a população mundial aumentou três vezes enquanto o consumo de água se multiplicou por seis. A perspectiva é de que o consumo dobre nos próximos 25 anos. Esses indicadores atestam a urgência de planejamentos a longo prazo e provam que só o manejo eficiente dos recursos hídricos pode assegurar o desenvolvimento econômico e social em bases sustentáveis. 


Nem o Brasil, que dispõe de 8 a 12% da água doce superficial do planeta, pode viver a ilusão da abundância. Os recursos hídricos do país são mal distribuídos, tanto em termos geográficos como na quantidade de chuvas ao longo do ano.


A legislação brasileira sobre uso e controle das águas é considerada uma das mais avançadas no mundo. Um dos aspectos definidos pela lei é que não se pode fazer a gestão dos recursos hídricos independente da gestão do uso do solo.


O crescimento da população pressiona cada vez mais a produção de alimentos. A agricultura irrigada é responsável por mais de 40% das colheitas mundiais, ocupando apenas 18% da área destinada à exploração agrícola. É uma atividade que gera empregos permanentes e possibilita o uso dos fatores de produção ao longo do ano. Ao mesmo tempo, diminui a pressão pela abertura de novas áreas de produção e assegura a constância no abastecimento de alimentos, tanto em termos de quantidade como de qualidade.


Mas o reconhecimento de que a água é um recurso natural cada vez mais finito, impõe a necessidade de sistemas de produção mais eficientes para garantir a sustentabilidade da agricultura irrigada.


Um dos organizadores do XI Conird – Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem, Helvecio Mattana Saturnino, defendeu a modernização dos métodos de irrigação mas também o desenvolvimento e adoção de técnicas de manejo mais adequadas.