Prêmio Ambiental von Martius 2002

Prêmios e menções honrosas do von Martius

2 de fevereiro de 2004

Conheça o júri e todos os premiados pela Câmara Brasil-Alemanha

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha acaba de divulgar os vencedores da 3ª edição do Prêmio Ambiental von Martius 2002. A Comissão Julgadora levou oito horas para analisar os 229 projetos inscritos. Segundo Ricardo Rose, diretor de Meio Ambiente da Câmara e um dos organizadores do prêmio, o número de concorrentes provavelmente seja recorde em eventos deste tipo já organizados no Brasil. A Comissão Organizadora do Prêmio von Martius 2002 foi formada por Hugo Sherb, Ricardo E. Rose e o consultor Rogério Ruschel.

Quem foi von Martius
Carl Friedrich Philipp von Martius, conhecido como o homem dos sete instrumentos, nasceu na Bavária e veio para o Brasil junto com zoólogo Johans Baptist von Spix, na comitiva que trouxe a princesa Leopoldina, para casar-se com o futuro imperador D. Pedro I. Esses dois jovens foram encarregados pelo rei da Bavária, Maximiliano José, um grande admirador das ciências naturais, a fazer um levantamento o mais completo possível da natureza tropical. De 1817 a 1820, Martius e Spix percorreram juntos as regiões do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Piauí, Pará e Amazonas. Visitaram quase todos os ecossistemas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Floresta Amazônica. Faltou conhecer os Campos do Sul e Pantanal. De volta à Bavária, Von Martius trabalhou 28 anos na maior das obras até hoje publicada sobre a flora de um país: a Flora Brasiliensis, composta de 40 volumes. O livro tem tem 20.773 páginas e contém 6.246 desenhos de plantas, além da descrição de outras 22.767 de espécies brasileiras.

A comissão julgadora
Rogério Ruschel explicou que a Câmara Brasil-Alemanha visa a cada ano promover melhorias no sistema de premiação, visando sempre valorizar o prêmio e garantir a imparcialidade do julgamento. Por isso, lembra Ruschel, a Câmara convidou profissionais de informação da área ambiental de renome nacional e empresários de destaque. O júri foi composto por:

— Adalberto W. Marcondes, editor do Jornal Terramérica/Ambiente Global.
— Cláudio Savaget, diretor do programa Globo Ecologia.
— Francisco Alves, diretor da Revista Saneamento Ambiental.
— Hayrton Rodrigues do Prado Filho, redator-chefe da Editora Banas.
— Julio Tocalino Neto, diretor da Revista Meio Ambiente Industrial.
— Klaus Hermann Behrens, presidente da Henkel Mercosul.
— Liana John, editora de Ciência e Meio Ambiente da Agência Estado.
— Roberto Villar Belmonte, Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e assessor do Pró-Guaíba.
— Sandra Sinicco, Casa Comunicação e Negócio CEO,
— Silvestre Gorgulho, diretor-geral da Folha do Meio Ambiente.
— Vilmar Berna, diretor do Jornal do Meio Ambiente, do Rio de Janeiro.
— Weber Ferreira Porto, diretor presidente da Degussa Brasil Ltda.

Os resultados obtidos pela Comissão Julgadora

Categoria Humanidade
1º lugar
Nome do Projeto: Programa de Desenvolvimento de Sistemas Sustentáveis de
Produção Agrícola e Conservação Ambiental
Empresa: Terra Viva
Participante: Maria Aparecida Oliva Souza/Jemima dos Santos Luz

2º lugar
Nome do Projeto:
Unibanco Ecologia – Conquistas Efetivas em todo o Brasil
Empresa: Unibanco – União de Bancos Brasileiros S.A.
Participante: Karina de Melo Freitas/Sandra Martinelli

3º lugar
Nome do Projeto: Mulheres das Águas: Despoluindo as Matas Ciliares do Rio das Brancas
Empresa: Universidade de Brasília/Faculdade de Educação/Grupo PET e
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São João D'Aliança
Participante: Leila Chalub Martins

Menções Honrosas:
Nome do Projeto: Coonarte: Retalhos Reciclados, Vidas Transformadas
Empresa: Coonarte Cooperativa de Confecções e Artes Ltda.
Participante: Francisca Paulina

Nome do Projeto: A Sociedade do Amanhã
Empresa: Alcan Alumínio do Brasil Ltda.
Participante: Valéria Allegrini/Eunice Lima

Categoria Natureza
1º lugar
Nome do Projeto:
Ação Contra o Aquecimento Global: Seqüestro de Carbono e Conservação da Natureza
Empresa: SPSV
Participante: Ricardo Gomes Luiz / André Rocha Ferretti

2º lugar
Nome do Projeto:
Associação Soldadinhos da Natureza – Projeto Águia Dourada
Empresa: Associação Soldadinhos da Natureza
Participante: Heloisa Dini/Luciana Dini Gianini Albuquerque

3º lugar
Nome do Projeto:
Projeto Animalis – Avaliação da Fauna de Aves e Mamíferos em 1992 e 2001
Empresa: A.W. Faber-Castell S.A.
Participante: Jairo Cantarelli/Elaine Mandado/Cassiano Schneider

Menção Honrosa:
Nome do Projeto: Desenvolvimento das Microregiões Canavieiras de Alagoas
Através da Implantação da Cultura do Bambu
Empresa: Sebrae/AL
Participante: Manoel Affonso Mello Ramalho


Categoria Tecnologia
1º lugar
Nome do Projeto:
Fôrmas Plásticas Recicláveis
Empresa: Nelson Parente Júnior
Participante: Nelson Parente Júnior

2º lugar
Nome do Projeto:
Sistema – Gesco Modular Compacto para Tratamento de Águas
Residuárias pelo Processo de Lodo Ativado com Emprego de Aerador Submersível Tipo Bolha Fina
Empresa: Gesco – Projetos Comércio e Representações Ltda.
Participante: Francisco José Moreira Chaves

3º lugar
Nome do Projeto:
Decantador em Tubos Perfurados para Separação de Fases de Dejetos Suínos
Empresa: Ecoltec Consultoria Ambiental S.A.
Participante: Cícero Bley Junior/Agro Cícero Bley Junio

Prêmio von Martius

Os vencedores do von Martius 2002

2 de fevereiro de 2004

A premiação mostra que meio ambiente tem mão dupla: educação e tecnologia

Os premiados


Categoria Humanidade
1ª lugar –
“Programa de Desenvolvimento de Sistemas Sustentáveis de Produção Agrícola e Conservação Ambiental”, inscrito pela ONG Terra Viva, de Itamaraju, Bahia.
Em 1987 o governo realizou o Assentamento Riacho das Ostras, no entorno do Parque Nacional do Descobrimento, no município de Prado, Bahia. Um dos primeiros assentamentos de reforma agrária da Bahia, o Riacho das Ostras acolheu 87 famílias que receberam lotes individuais de 22 hectares, totalizando uma área de 2 mil hectares. Contudo, durante quase dez anos este assentamento não conseguiu cumprir suas finalidades econômicas e sociais e, apesar da região ter sido declarada Patrimônio Mundial – isso não impediu o desmatamento e a degradação pela agricultura das áreas de preservação.
Em 1996, foi aprovado um subprojeto do PPG7 chamado “Sistemas sustentáveis de produção agrícola e de preservação ambiental em áreas de reforma agrária.” Seu objetivo era associar ocupação econômica, resgate cultural e preservação ambiental. Para implantá-lo, a ONG “Terra Viva”, presidida por Maria Aparecida Oliva Souza e integrada por profissionais de diferentes áreas de atuação, em conjunto com 14 sindicatos de trabalhadores rurais, realizou uma pesquisa regional sobre agricultura familiar. Ao fim de seis anos de trabalho, os resultados são alentadores. O destaque fica para a implantação de uma ocupação fundamentada em sistemas agroflorestais diversificados.
O projeto da “Terra Viva” de desenvolvimento sustentável em áreas de reforma agrária resume, na prática, a teoria de projetos demonstrativos (projetos-piloto) e, em parceria com o Ibama, deverá ser disseminado para outras áreas da região, e, espera-se, para outros pontos do País.


Categoria Natureza
1ª lugar –
“Ação Contra o Aquecimento Global: Sequestro de Carbono e Conservação da Natureza”
Combater o aquecimento global e ao mesmo tempo promover a conservação da natureza. Este é o espírito do Protocolo de Kyoto, que em 1997 estabeleceu as bases para o negócio do seqüestro de carbono que significa, resumidamente, reduzir emissões de dióxido de carbono através de tecnologia ambiental, busca de eco-eficiência e plantio de florestas.
A SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – ONG criada no Paraná em 1984 e presidida pelo zoólogo Clóvis Borges – vem transformando esta teoria em prática, acrescentando o componente de desenvolvimento econômico local. Com o apoio da ONG norte-americana “The Nature Conservancy” e financiamento da American Eletric Power, General Motors e Chevron Texaco, a SPVS implantou e vem gerenciando três projetos em áreas próprias que somam atualmente 17,6 mil hectares de áreas nativas na região de Guaraqueçaba – região paranaense inserida na maior porção de Mata Atlântica ainda em bom estado de conservação.
Os projetos, iniciados no ano de 2001, estão previstos para se estenderem durante 40 anos, devendo retirar da atmosfera cerca de 2,5 milhões de toneladas de carbono.


Categoria Tecnologia
1ª lugar –
“Fôrmas Plásticas Recicláveis”
Uma idéia simples: substituir a madeira utilizada na execução de fôrmas para concreto armado por perfis de plástico reciclado. Estes deverão ser produzidos com resíduos sólidos urbanos, oriundos do pós-consumo. O projeto prevê a redução da utilização de madeira em uma atividade de baixo valor agregado – permitindo um destino mais apropriado à nobreza desse recurso. O consumo anual de madeira para a construção de fôrmas de concreto é estimado em 5 milhões de metros cúbicos os quais, depois de utilizados, são descartados em quase sua totalidade.
Esta proposta, idealizada pelo engenheiro Nelson Parente Júnior, parecia inviável. Isto porque, padronizadas pelas normas técnicas da ABNT, as peças de plástico seriam mais pesadas, mais caras e com maior possibilidade de deformação no carregamento, quando comparadas a peças de idêntico formato, feitas de madeira.
A solução foi obtida com a conjunção dos conceitos de Resistência dos Materiais, Mecânica dos Sólidos e Sistemas de Qualidade nos processos industriais. Aplicando estes conceitos com ferramentas de informática, o engenheiro desenvolveu um sistema de fôrmas com perfis vazados, de maior espessura que os perfis de madeira, elevando assim o momento de inércia das peças sem aumento de peso, o que permite o carregamento de grandes pesos com pequenas deformações.