Folha do Meio Ambiente

Será realizado em Fortaleza, de 31 de julho a 4 de agosto, o I Congresso Mundial Integrado de Águas Subterrâneas, promovido pela Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS. 

O Congresso contará com a participação de especialistas de 29 países, já tendo confirmado presença os representantes da Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Alemanha, Portugal, Estados Unidos, Inglaterra, Grécia, Hungria, Médico, Colômbia, Angola, Índia, Irã, Bolívia, Costa Rica, Itália, México e Uruguai. 

Paralelamente, estarão sendo realizados o 11ª Congresso da ABAS e o 5ª Congresso da Associação Latino Americana de Hidrologia Subterrânea para o Desenvolvimento.

Temas

Os temas do Congresso serão apresentados pelo Comitê Técnico-Científico e discutidos em conferências, mesas-redondas, cursos de pequena duração e até excursões, e envolvem, entre outros assuntos: Água Subterrânea em Rocha Fraturada; Avaliação e Gerenciamento de Aqüíferos Costeiros; Gerenciamento Integrado da Água; Uso e Proteção de Águas Subterrâneas; Interação de Águas Superficiais e Águas Subterrâneas em Bacias Hidrográficas; Águas Termais e Minerais e Hidrogeologia Ambiental.

Porém o tema que promete despertar maior interesse dos representantes do Brasil, e em especial, do Nordeste, é o que trata de Água Subterrânea em Regiões Semi-Áridas, em face de ter o semi-árido nordestino, onde vivem cerca de 15 milhões de pessoas, depositário de grandes volumes de água subterrânea à espera de extração econômica.

Um mar debaixo do chão

Castigado pela seca, o sertão nordestino abriga 22% dos 58 trilhões de metros cúbicos das águas subterrâneas existentes no Brasil. Os especialistas garantem: pelo menos 65 bilhões de metros cúbicos poderiam ser retirados a cada ano, sem comprometer as reservas do subsolo. Infelizmente, a estrutura de captação instalada, via poços e bombas, é suficiente para captar apenas 4,3 bilhões de metros cúbicos por ano.

Os estados do Maranhão e do Piauí abrigam, na Bacia Sedimentar do Parnaíba, 85% das reservas nordestinas. Mais seco, o Rio Grande do Norte tem boa parte do abastecimento da capital, Natal, feito pela água do subsolo e por açudes alimentados por reservas subterrâneas.

Em Pernambuco, a bacia do Jatobá, localizada no sertão do estado, tem uma reserva permanente de 100 milhões de metros cúbicos, escoamento natural de um milhão de metros cúbicos anuais e uma capacidade de captação de 10 milhões de metros cúbicos no mesmo período. Mas Recife sofre com o racionamento de água.

As águas subterrâneas poderiam ser melhor aproveitadas, não fosse o elevado desperdício. Entre 30% e 40% dos poços artesianos abertos no sertão nordestino estão desativados. No Vale do Rio Gurguéia, no Piauí, há 175 poços jorrantes, com uma média de descarga diária de 40 metros cúbicos, o que representa um desperdício de 61,3 milhões de metros cúbicos por ano. Um volume que daria para abastecer uma cidade com 1,6 milhão de habitantes ou irrigar 2,8 mil hectares.