Amazônia

Começa a Operação Cobra na fronteira

4 de março de 2004

Água dos rios será coletada para controlar a presença de fungos


Agentes da Polícia Federal que estão participando da Operação Cobra , de vigilância dos 1.660 quilômetros da extensa fronteira do Brasil com a Colômbia, começaram a coletar amostras da água dos rios Içá e Solimões, remetendo para análise no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA -, sediado em Manaus. O rio Içá é a continuação do rio colombiano Putumaio, em território brasileiro.

O objetivo da coleta é verificar a possível presença de fungos na água, o que ocorreria se eles fossem utilizados na destruição de 50 mil hectares de plantações de coca na região do Putumaio, onde cerca de 50 mil agricultores colombianos vivem da plantação dessa matéria prima da cocaína.


Embora o governo colombiano tenha informado oficialmente ao Brasil que não cogita da utilização de desfolhantes para destruir as plantações de coca e que a destruição se dará através de outras formas menos poluentes, organizações não governamentais têm alertado para a possibilidade dos Estados Unidos, que estão co-financiando o chamado Plano Colômbia, utilizarem desfolhantes já usados para destruir as florestas do Vietnam, na década de 70.


Operação Cobra e o meio ambiente 


A Operação Cobra, que terá um custo inicial de R$ 10,4 milhões e mobilizará 180 agentes da Polícia Federal e efetivos do Exército, Marinha e Aeronáutica, nos próximos três anos, tem o objetivo declarado de evitar que os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Farc – invadam o território brasileiro, fugindo da perseguição das autoridades colombianas.


Contudo, serão desenvolvidas várias ações ambientais, além do controle da ocorrência de fungos nas águas dos rios da região. Os policiais controlarão também a venda clandestina de produtos de origem animal e vegetal, inclusive a exploração de madeira e a comercialização de amostras dos recursos da biodiversidade.


Haverá um estrito controle do ingresso e da saída de produtos estrangeiros e uma repressão ao trabalho escravo, praticado sobretudo nos grandes projetos agropecuários existentes na floresta.


Na cidade de Tabatinga, fronteira do Brasil com a Colômbia, foi instalado um Grupo de Gerenciamento de Crise, coordenado pela Polícia Federal, com representantes da Agência Brasileira de Inteligência – Abin – , Receita Federal, Exército, Ministério das Relações Exteriores, Aeronáutica, Marinha e Ibama, com a finalidade de gerenciar a operação.


Foram instalados quatro Postos de Controle de Fronteira às margens do rio Içá, Japurá, Uaupés e Negro, estes dois últimos na região conhecida como Cabeça do Cachorro. Há também um posto avançado em São Gabriel da Cachoeira, assim como um Grupo Tático de Patrulhamento Aéreo e uma base localizada a 45 quilômetros de Tabatinga, em direção a Manaus.