Preservação e Ecoturismo

Baleias a vista!

4 de março de 2004

Saiba por que se diz que as baleias Jubarte do Atlântico Sul são baianas

 


Turismo ecológico: grupo de baleias passa 
bem próximo ao barco

Uma imagem de rara beleza começa a se tornar frequente, a partir de julho, nas águas costeiras da Bahia. Baleias que se aproximam, mães com filhotes, pequenos grupos, machos e fêmeas procurando seu par ideal. 

Elas chegam com o inverno e só se vão no início do verão. Como nesta época o inverno polar é muito rigoroso, as baleias procuram as águas mornas do sul da Bahia para garantir a perpetuação da espécie. O arquipélago de Abrolhos possui todas as características necessárias à procriação: águas calmas, mornas e com boa luminosidade.

A espécie que povoa nossas águas é a Megaptera novaengliae, mais conhecida como baleia jubarte ou baleia cantora. 

Uma pesquisa recente feita na costa nordestina constatou um aumento progressivo das espécies de baleias que freqüentam o litoral do nordeste. Ao todo, foram avistados 9 tipos de baleia: Minke, Baleia piloto, Sei, Jubarte, Orca, Baleia de Bryde, Fin, Cachalote e Azul. Otimistas com os resultados, os pesquisadores concluíram que o litoral nordestino é um excelente berçário e área de reprodução para diversas baleias. 

Abrolhos, preferido pelas baleias jubarte, é um desses lugares privilegiados. Para a sorte das baleias, além de santuário ecológico, o arquipélago abriga o Parque Nacional Marinho de Abrolhos e por isso é protegido por lei federal. 

Mas Organizações Não Governamentais também atuam na região. É o caso do Instituto Baleia Jubarte, que atua junto ao projeto de mesmo nome. O Projeto Baleia Jubarte há mais de 10 anos pesquisa esta espécie em particular. Os objetivos do projeto são: 

1 – Proteger as baleias jubarte que migram da Antártida; 
2 – Estudar o comportamento da espécie; 
3 – Estudar a vocalização; 
4 – Fazer análises de DNA; 
5 – Avaliar a população; 
6 – Identificar cada animal (foto identificação); 
7 – Monitorar o turismo; 
8 – Promover atividades de educação ambiental. 

Os ecovoluntários


Pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte coletam 
material de DNA de uma baleia que se aproxima

Para tudo isso é necessária uma observação sistemática das baleias no mar, o que exige olhos bem treinados e bom equipamento. 

A rotina dos pesquisadores não é fácil. De julho a novembro são feitos vários cruzeiros de observação (de até 5 dias no mar). Na maioria das vezes os pesquisadores contam com a ajuda de ecovoluntários e estagiários de biologia. 

Os ecovoluntários vêm de todo o mundo para fazer turismo ecológico e ajudar os cientistas. O dinheiro que pagam é destinado às pesquisas do projeto. 

Ainda engatinhando no Brasil, o turismo de observação de baleias tem seu ponto alto nos meses de julho e agosto. Em Abrolhos, todos os barcos com turistas são monitorados por técnicos e estagiários do Ibama. Os barcos têm que respeitar certas normas, como manter uma distância mínima de 100m da baleia, com o motor desligado, para interferir o menos possível no comportamento do animal. Não se têem dados precisos para saber se os barcos de turistas que frequentam o parque contribuem para uma mudança de hábitos das baleias. Por enquanto, a convivência tem sido pacífica. 

Nesta época do ano é comum a presença de grande quantidade de baleias na região. O turista mais atento pode presenciar verdadeiras estórias de amor nas águas. Os machos seduzem as fêmeas com seu canto profundo e misterioso. O namoro se inicia e o resultado pode ser visto no ano seguinte, quando a fêmea retorna com seu filhote. 

É por isso que se diz que a maioria das baleias jubarte do Atlântico Sul são baianas.

Mais informações:
Instituto Baleia Jubarte
Tel/Fax: (73) 297-1011 / 1320
[email protected]