Caro leitor

5 de março de 2004

  O ditado é antigo e parece que foi esquecido pela Petrobras: nunca deixe de tirar uma boa lição da derrota. Pelo jeito, a Petrobras não levou tão a sério a tragédia do derramamento de óleo da Refinaria Duque de Caxias, em janeiro. Seis meses depois o fato se repete em proporção muito mais grave,… Ver artigo

 


O ditado é antigo e parece que foi esquecido pela Petrobras: nunca deixe de tirar uma boa lição da derrota. Pelo jeito, a Petrobras não levou tão a sério a tragédia do derramamento de óleo da Refinaria Duque de Caxias, em janeiro. Seis meses depois o fato se repete em proporção muito mais grave, no Paraná. Não há desculpa que justifique o vazamento de óleo por duas horas seguidas, sem que ninguém, nenhum aparelho, nenhum sistema de alarme, detecte o problema. Se não pode ser os sensíveis olhos da moderna tecnologia, que seja pelo menos o tradicional olho humano. O que não pode é o óleo bruto vazar, vazar, vazar e a empresa só descobrir quando a vizinhança toda já está sofrendo as conseqüências. Esse novo desastre mostra que o porte econômico da Petrobras não condiz com a excelência empresarial que ela persegue. Mais do que as multas, é a excelência de uma gestão ambiental que vai minimizar os riscos de uma atividade potencialmente poluidora. Essa é mais uma violência ambiental explícita, que a sociedade brasileira precisa exigir um BASTA! 


A população brasileira se mobilizou e saiu às ruas vestida de branco pedindo um basta à violência, mostrando sua indignação contra o crime que mata logo ali na esquina. Foi importante e oportuno. Mas é hora do Brasil todo fazer um mutirão e pedir um basta também à violência ambiental, que causa menos indignação, mas mata muito mais. A violência ambiental é terrivelmente silenciosa e perversa. Toda essa discussão está na edição, buscando sensibilizar a sociedade no sentido de se indignar contra os crimes praticados contra a natureza. Esses são mais do que balas perdidas: são bombas atômicas atiradas ao acaso.


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Ainda nessa edição, as alternativas tecnológicas que a Embrapa tem para substituir o fogo na agricultura, num país onde as queimadas e incêndios alcançam dimensões gigantescas. 


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O tema água sempre está presente em nossas edições e nessa ocupa dois espaços importantes: a notícia do terrível desperdício de água tratada nas cidades brasileiras, que pode chegar até em 50%, e sobre a instalação da Agência Nacional de Águas. Quando a ANA estará funcionando e como. Vamos saber mais sobre os Comitês de Bacia Hidrográfica e a outorga para lançamento de efluentes. 


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Antes de terminar essa carta, caro leitor, gostaria de dizer que temos uma nova seção no jornal, “Gente do Meio”, onde procuraremos mostrar pessoas que no seu dia a dia, na sua vida comum, profissional ou privada, dão seu grito de alerta pelo meio ambiente. Como último lembrete gostaria de recordar a sábia frase dos três erres (R de razão): não há como viver bem sem o respeito a si próprio, sem o respeito pelo próximo e sem a responsabilidade pelas nossas ações. Isso vale para um simples cidadão, para a maior das empresas e para o mais pobre dos governos.


Silvestre Gorgulho 








SUMMARY


An old saying seems to have been forgotten by Petrobras: never fail to learn a good lesson from defeat. B the looks of things, Petrobras did not take so seriously oil spill tragedy of the Duque de Caxias Oil Refinery, in January. Six months later the fact is repeated in bigger proportions, in Paraná state. There are no excuses that could justify the oil leakage for two consecutive hours, without anyone, not a single device, or alarm system, detecting the problem. If the sensible eyes of modern technology could not detect it, we would expect its detection at least by the traditional human eye. What must not happen is to allow crude oil to leak, leak and leak and the company only discover its flaw when the entire neighborhood was already suffering the consequences. This new disaster clearly shows that the economic size of Petrobras does not match the business excellency it pursues. More than just fines, the quest for total quality of environmental management is the only way to minimize the risks of a potentially polluting activity. This is another explicit environmental violence, which the Brazilian society needs to demand as one voice: ENOUGH!


The Brazilian population mobilized itself and went to the streets dressed in white asking for no more violence, showing their indignation against crime that kills just around the corner. It was important and propitious. It is also time that the entire Brazilian population make one giant gathering to ask for no more environmental violence, which sadly causes little indignation, but kills so much more. The environmental violence is terribly quiet and perverse. This issue is on  edition, desiring to sensitize society in the sense of provoking indignation against crimes practiced against nature. These are worse than lost bullets: they are atomic bombs randomly aimed.


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Also in this edition, the technological alternatives that Embrapa as replacement for burning in agriculture, in a country where forest fires and fires reach gigantic dimensions. 


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Water is an always present theme in our editions, including this one, where it takes two important spaces: the news of the terrible impound water wastefulness in Brazilian cities, that can reach up to 50%, and the news about the installation of the National Water Agency, when ANA will start functioning and how. We will know more about the Hydrographic Basin Committees and the grant for launching of effluents.


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Before finishing this letter, dear reader, I would like to say that we have a new section in the newspaper called ” Environment People “, where we will aim to show people who in their daily routine, in their common life, professional or private, give an alarm shout for the environment. For last I would like to mention the wise saying of the three Rs (R for reason): it is not possible to live without respect for one’s self, without respect for our neighbors and without responsibility for our acts. This is true for a simple citizen, for the greatest enterprises and for the poorest governments.