Esporte e meio ambiente jogam juntos em Sidney
4 de março de 2004Na Vila Olímpica a energia era renovável, o esgoto tratado, a água reciclada e as embalagens biodegradáveis
Para as pessoas que assistiram aos Jogos Olímpicos em casa, pela televisão, provavelmente nada de diferente aconteceu: uma grandiosa abertura e milhares de atletas vindos de todo o globo em busca de uma medalha para o seu país.
Mas para quem teve a oportunidade de assistir aos jogos ao vivo, muitas novidades puderam ser conferidas na Vila Olímpica. Isso porque Sydney sediou as Primeiras Olimpíadas Verdes da história da humanidade. Utilização de energia limpa e renovável, tratamento de esgoto, reciclagem de água e embalagens biodegradáveis – essas foram algumas das diferenças que deram às Olimpíadas de Sydney o título de “Verde”.
Promover o desenvolvimento urbano com o menor impacto possível – essa era a proposta para as Olimpíadas de 2000. Para tornar o projeto uma realidade, Sydney deveria se transformar em um exemplo de proteção ao meio ambiente e de implantação de soluções viáveis para os problemas ambientais. Assim, especialistas de todo o mundo apresentaram alternativas para construções comprometidas com o meio ambiente.
O resultado foi um documento, inédito na história das Olimpíadas, que incorpora pela primeira vez critérios ambientais para a construção dos locais dos Jogos Olímpicos, incluindo o uso de tecnologias limpas para a geração de energia, transporte, construção e tratamento de resíduos. A Vila Olímpica deveria ser isenta de carros, movida a energia solar, eliminar ou evitar o uso de materiais tóxicos, conservar e reutilizar os recursos ambientais.
E assim foi feito: a Vila Olímpica de Sydney é o maior bairro dotado de energia solar do mundo. As 665 casas têm eletricidade proveniente do Sol, assim como o Estádio Olímpico, o SuperDome, o Centro de Regatas, o Centro de Entretenimento, o Terminal Ferroviário e a iluminação pública.
O uso de PVC, considerado tóxico, também foi evitado ao máximo. Além disso, os 200 mil visitantes que lá estiveram não puderam usar carros. Isso porque optou-se pelo transporte público – trens e ônibus movidos a gás – para reduzir a poluição do ar e a emissão de gases estufa, que contribuem para o aquecimento da Terra.
Algumas outras realizações ambientais em Sydney foram o tratamento de poluentes orgânicos removidos dos locais dos jogos durante a construção da Vila Olímpica; proteção da mata remanescente da Floresta de Newington, uma das últimas áreas florestais virgens; plantio de milhares de árvores nativas próximo aos locais dos jogos e ao longo das principais vias de transporte para o estádio olímpico e utilização de madeira reciclada e de madeira plantada nas instalações olímpicas.
Para a coordenadora de campanhas do Greenpeace Austrália, Blair Balese, os Jogos de Sydney 2000 deram ao mundo uma oportunidade de testar e mostrar concretamente soluções ambientais. “Visitantes, espectadores, atletas e a maior audiência da televisão da história conheceram soluções como o uso de energia solar, projetos de construções com materiais ambientalmente corretos e transporte público integrado trabalhando com sucesso. As Olimpíadas de Sydney 2000 foram uma grande oportunidade de enviar uma mensagem de esperança para o novo milênio, a de que podemos resolver nossos problemas ambientais, desde que tenhamos a vontade e o compromisso de fazer”.
O presidente do COI, Juan Antonio Samaranch, já garantiu o seu apoio ao ideal ecológico e afirmou que o Comitê está determinado a garantir que o meio ambiente se torne a terceira dimensão das Olimpíadas, sendo a primeira e a segunda, respectivamente, o esporte e a cultura.
Para o Greenpeace, o desafio agora é assegurar que as soluções ambientais desenvolvidas para Sydney tornem-se parte da vida das pessoas do mundo inteiro.