Piracema e defeso

Tocantins defende Piracema

4 de março de 2004

Portaria proíbe pesca em tempo de defeso de novembro a 28 de fevereiro


O governo do Tocantins também luta para fazer valer a fiscalização em tempo de piracema e o presidente do Instituto Natureza do Tocantins, Isac Braz da Cunha, assinou dia 29 de outubro a portaria da piracema, que proíbe a pesca predatória no período de desova dos peixes no período 1º de novembro a 28 de fevereiro. A assinatura da portaria aconteceu na antiga cascalheira, próximo ao Palacinho, no mesmo local onde foram incinerados materiais apreendidos pelo instituto. Vale lembrar que a pesca esportiva e para o consumo imediato continua liberada. Para Isac Braz da Cunha, a piracema é o período em que os cardumes se deslocam para reprodução. “Pescar nesta época pode interromper a procriação dos peixes, comprometendo a manutenção dos estoques pesqueiros nos rios. Normalmente, a desova ocorre de novembro a fevereiro, podendo variar em cada bacia hidrográfica”.


Naturatins luta pela multiplicação dos peixes


Todo o material apreendido em fiscalizações feitas, desde julho deste ano, pelo Naturatins – Instituto Natureza do Tocantins, e pelo Cipama – Companhia da Policia do Meio Ambiente, foram incinerados na quarta-feira, dia 29 de outubro, em Palmas.


O material é resultado de apreensões feitas nas regionais de Palmas, Araguaína e Gurupi. A queima foi feita na antiga cascalheira, na presença do presidente do Instituto Isac Braz Cunha, e do comandante do Cipama, Glauber de Oliveira Santos.


O material apreendido corresponde a cerca de 15.818 metros de rede, 7.088 quilos de pescado, 420 metros cúbicos de madeira, 68 animais silvestres, 109 tarrafas, dez barcos de madeira, 56 molinetes, 141 carretéis, 46 varas simples, 20 espingardas caseiras, 90 espinhais, 102 armas brancas, 18 caixas de isopor, 15 gaiolas e cinco cativeiros. A informação é do coordenador da Fiscalização do Naturatins, Idalto Vespúcio, que promete rigor na fiscalização, associado a um programa de educação ambiental para turistas e pescadores.


Canal da Piracema, o elo da vida
Um rio artificial de 7,5 km em Itaipu







Na foto acima, vista panorâmica do Canal da Piracema no Lago de Itaipu. Abaixo, o canal – um rio artificial de 7,5 km – e muita correnteza por vencer um desnível de 120 metros

A verdade é que qualquer construção de uma hidrelétrica tem impacto direto no ecossistema. A energia é importante e, por isso, a tecnologia busca formas de minimizar esses impactos. Assim aconteceu com a Usina de Itaipu, uma barragem que evidentemente teve forte reflexo na ictiofauna da região da bacia do rio Paraná.


Com o grande lago, no lugar dos peixes de corredeiras, cresceu a quantidade de espécies mais acostumadas às águas calmas. Além disso, a barragem passou a impedir que os peixes migrassem na época crucial para sua reprodução, a piracema.


Para corrigir ou pelo menos amenizar essas distorções, Itaipu construiu em parceria com o governo do estado do Paraná, o Canal da Piracema, um rio artificial de 7,5 quilômetros que liga o rio Paraná ao reservatório da usina.


Autêntico elo da vida, o Canal da Piracema ajuda os peixes a vencerem o desnível de 120 metros entre a superfície do lago e o rio. A obra ficou pronta em dezembro de 2002 e, por isso, ainda não há dados que comprovem o sucesso do investimento.


No entanto, agora em novembro já é possível acompanhar visualmente a migração de algumas espécies.


De quebra, as corredeiras do Canal da Piracema servirão também para competições internacionais de canoagem, uma das finalidades para as quais foram construídas. Mais informações: Canal da Piracema (0xx45) 520-6984, 520-6985 e 520-6988 ou www.itaipu.gov.br