Portugal-Brasil e as escolas: 500 anos depois
25 de março de 2004Concurso premia estudantes brasileiros e portugueses que criaram intercâmbio cultural pela Internet. Sucesso dos trabalhos pode levar a um intercâmbio permanente
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Alunos da Escola Federal de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, Brasil, e da Escola Secundária de São Brás do Alportel, na região do Algarve, Portugal, foram os vencedores do concurso Portugal-Brasil e as Escolas: 500 anos depois. Essas escolas formaram uma dupla, definida por sorteio, e se destacaram pela criatividade nos trabalhos apresentados em CD-ROM, que permitem “viagens” pela história e cultura dos dois povos.
O concurso, promovido pelos ministérios da Educação do Brasil e de Portugal, faz parte das comemorações pelos 500 anos do descobrimento. Ele proporcionou a alunos e professores do ensino médio uma oportunidade de pesquisas, utilizando meios de comunicação modernos para um melhor intercâmbio cultural entre os dois países.
Todos os integrantes da dupla vencedora vão ganhar passagens aéreas para o país pesquisado. A exemplo de programas já existentes com outros países, os integrantes das equipes serão recepcionados pelas escolas e participantes. “Um dos objetivos do concurso é justamente desenvolver a capacidade de diálogo e contribuir para a paz e a fraternidade entre os povos”, explica Carlos Alberto Ribeiro De Xavier, coordenador do programa pelo Ministério da Educação brasileiro. “Para isso, nada melhor que a hospedagem dos alunos nas casas dos amigos eletrônicos”. A viagem dos alunos portugueses acontece durante a Semana Santa.
Jogo Interativo
A Escola Técnica Federal de Ouro Preto, que tirou o 10 lugar, apresentou o resultado da troca de informações com os portugueses, via Internet, num pequeno jogo interativo sobre o Algarve, a região de Portugal que os estudantes teriam que pesquisar. Segundo o professor Arthur Versiani, um dos orientadores dos estudantes da escola, o trabalho se deu a partir de informações, imagens e idéias fornecidas pelos estudantes da Escola Secundária de São Brás do Alportel. Na sua opinião, os momentos mais interessantes da pesquisa foram os chats em IRC, quando as duas esquipes conversavam em tempo real, num diálogo que aos poucos ia desvendando os segredos de cada uma das localidades.
“Esse diálogo vai continuar nas visitas e será ainda muito mais frutífero, quando os alunos brasileiros receberem os portugueses em suas casas, passear com eles, passando inclusive a conhecer melhor a sua própria cidade e região. Mas, para os participantes de Ouro Preto, a grande expectativa é mesmo com a visita a Portugal. Será um grande passeio”, afirma.
A idéia utilizada pelos estudantes da Escola de São Brás de Alportel para garantir o primeiro lugar no concurso é inovadora e utiliza as mais avançadas tecnologias. Diferente dos brasileiros, os portugueses usaram imagens em movimento e músicas da região mineira, resultando em um trabalho que pode ser aproveitado como recurso pedagógico a ser utilizado pelas escolas dos dois países.
Para o professor Jorge Fernandes, um dos orientadores da Escola de São Brás do Alportel, o intercâmbio proporcionou aos alunos aprender com mais entusiasmo, de forma divertida e lúdica. O estudante sai da sala de aula e dos currículos tradicionais e parte para um processo em que os conhecimentos e as competências aparecem natural e espontaneamente. Ao mesmo tempo, o contato com colegas de um país diferente, com cultura e história diferentes permite aos jovens um maior enriquecimento do ponto de vista humano e cultural.
Segundo Jorge Fernandes, o mais interessante do concurso será conhecer a cidade cuja história, literatura e cultura estudaram durante cerca de três meses, mas acima de tudo conhecer os colegas da Escola Técnica Federal de Ouro Preto com quem realizaram o trabalho. “Lutamos muito pelo prêmio porque queríamos mesmo ir a Ouro Preto conhecer a cidade e os nossos amigos de lá”, afirma.
Além de sugerir o aproveitamento dos trabalhos como recurso pedagógico para as escolas, os organizadores do concurso pretendem apresentar aos Ministérios uma proposta para criação de um programa permanente de intercâmbio cultural entre estudantes e professores de nível médio dos dois países, incluindo pesquisas sobre a cultura, história e literatura.
O concurso
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Participaram do concurso 14 escolas que formaram duplas – por meio de sorteio – para trocar informações sobre suas regiões e seus países. As sete escolas de Portugal foram selecionadas pelo Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e as sete do Brasil foram indicadas pela Secretaria de Educação Média e Tecnológica do Ministério da Educação.
Cada escola participou do intercâmbio com um grupo de, no máximo, 20 alunos, com idades entre 14 e 17 anos, e dois professores, entre os dias 23 de setembro e 10 de dezembro de 1999. As escolas tiveram um tempo limite de utilização de acesso à internet por marcação (dial up) de 300 horas, com as despesas pagas pelo MEC e pelo GT de Portugal. Ao final, as escolas ficaram encarregadas de produzir um trabalho com as informações obtidas.
Segundo Carlos Alberto Ribeiro De Xavier, essa era uma condição essencial. “O próprio regulamento do concurso previa esse tipo de comunicação, por isso tanto as escolas brasileiras quanto as portuguesas convidadas a participar tinham de estar devidamente equipadas”, explica.
Das sete duplas, cinco entregaram os trabalhos e as equipes foram avaliadas pela qualidade dos trabalhos apresentados e pela apresentação em forma de atividade educativa. O contato das escolas parceiras, na busca e organização de dados para o recíproco conhecimento, bem como a forma de apresentação mais adequada e produtiva segundo o meio de comunicação utilizado, foram decididos pelos próprios participantes.
O Juri
O júri foi constituído por: Maria Fernanda Diniz Correia, pelo Grupo de Trabalho do Ministério da Educação de Portugal para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses; e Carlos Alberto Ribeiro De Xavier, Maria Beatriz Gomes da Silva, Magda Maria Ribeiro Coelho e Maria Aparecida Santilli, pelo Ministério da Educação brasileiro. O resultado final ficou assim:
1º lugar: Escola Técnica Federal de Ouro Preto (MG) e Escola Secundária de São Brás de Alportel, na região de Algarve;
2º lugar: Colégio Pedro II (RJ) e Escola Secundária Anselmo de Andrade, de Almada;
3º lugar: Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará e Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira, de Espinho;
4º lugar: Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia e Escola Secundária José Estevão, de Aveiro;
5º lugar: Escola Técnica Federal de Mato Grosso e EB3/S Padre Jerônimo Emiliano de Andrade, de Angra do Heroísmo-Açores.