Símbolos Nacionais

O Hino Nacional Brasileiro

4 de março de 2004

História da melodia e da letra

O que é um hino?
Bem, hino é uma composição musical acompanhado de uma letra, geralmente marcial e solene, que exalta o valor de uma instituição, de uma agremiação esportiva, de um povo ou de uma nação.


Durante mais de 300 anos, o Brasil permaneceu sem um hino oficial. Mesmo em Portugal, nesse período, executava-se em ocasiões solenes o Hino do Rei, inclusive toda vez que morria o monarca.


Quem inaugurou a história da marcha militar no Brasil, por incrível que pareça, foram os holandeses. Quando os batavos ocuparam as terras pernambucanas trouxeram também o hino nacional holandês.


Tratava-se do símbolo do domínio holandês que durou até a expulsão no século 17. Nota-se que nos períodos Colonial e Imperial, houve grande produção de música barroca da melhor qualidade. Indício que o Brasil possuía compositores capazes que criar hinos, porém constrangidos, esses músicos se limitavam a compor música sacra.
Mesmo em momentos históricos, quando o povo brasileiro se levantou contra a corte portuguesa em revoluções como a dos Alfaiates (1789), a Balaiada do Maranhão, a Guerra dos Farrapos, se via revolucionários portanto bandeiras e brasões, mas nenhum cuidou de entoar um hino.


O Hino Nacional Brasileiro nasceu no calor das agitações populares contra os desmandos autoritários do soberano D. Pedro I. Esse, por sua vez, esforçava-se para inibir qualquer manifestação nativa que colocasse em perigo seu império. Seu governo foi uma constante repressão às legítimas aspirações nacionais de independência.


D. Pedro I fechou a Assembléia em 1823, anulou a Constituição escrita por José Bonifácio e substituiu o gabinete ministerial. Tais medidas, consideradas impopulares, acabaram por provocar revoltas do povo brasileiro. D. Pedro I não deixou por menos. Dissolveu a Orquestra da Capela Imperial e criou um estado de animosidade entre músicos portugueses e brasileiros.


O músico Francisco Manuel da Silva, um dos que aspiravam à abdicação de D. Pedro I e criador da música do Hino Nacional, foi perseguido pelos compositores portugueses que não admitiam serem superados em talento por seus colegas brasileiros. Mas tanta repressão não impediu que o Hino fosse executado pela primeira vez quando a fragata inglesa Volage levantou âncora levando embora do Brasil D. Pedro I e sua família para a Europa, no dia 7 de abril de 1831. Desse dia em diante, várias tentativas de unir uma letra à melodia do Hino, aconteceram. Letras de extremo mau gosto não poupavam os portugueses, tratando-os como bárbaros, invejosos. Outras composições bajulavam a Corte e destoavam da verdadeira aspiração do povo brasileiro.


Somente, em 1922, foi decretada por lei, às vésperas do primeiro centenário da Independência, a letra definitiva do Hino Nacional, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada.


A melodia de Francisco Manuel da Silva permaneceu intacta durante todo esse período e ainda sofreu críticas por parte de músicos portugueses. Na verdade, eles queriam desconsiderar o valor da obra, por ter sido escrita num balcão de loja, onde se reuniam com freqüência intelectuais republicanos.


Algumas curiosidades sobre o Hino Nacional


A Inglaterra foi o primeiro país a ter um hino. Em 1825, o governo britânico legalizou, como hino, uma canção patriótica do século 17: “God Save the King”, que se pode cantar segundo o sexo do monarca. Hoje, em tempo de Rainha Elizabeth, é “God Save the Queen”.


A idéia foi logo imitada por outros países, inclusive o Brasil. No Primeiro Reinado (1822-1831) cantava-se, como Hino Nacional, o Hino Constitucional Brasiliense, poema do jornalista Evaristo Ferreira da Veiga e musicado pelo maestro Marcos Portugal. Depois passou-se a cantar o Hino Imperial e Constitucional, uma seleção de quadras alusivas à Independência, tiradas por D. Pedro I do mesmo poema de Evaristo da Veiga. Essa composição está hoje oficializada como Hino da Independência.


Com a abdicação, em 7 de abril de 1831, deixou-se de ouvir nas cerimônias oficiais o hino de autoria de Pedro I.
Durante o Segundo Reinado (1831-1889) o Hino Nacional era apenas executado (e não cantado) em solenidades oficiais. Não tinha letra.


O autor da música do Hino Nacional é o maestro Francisco Manuel da Silva, que viveu de 1795 a 1865. A letra é de Joaquim Osório Duque Estrada, que nasceu em 1870 e morreu em 1927. Portanto, embora parceiros na criação de nosso Hino, o maestro e o poeta nunca se conheceram.


Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, os novos governantes perceberam que era urgente fazer o povo esquecer o Imperador. Logo, era importante eliminar os símbolos nacionais que lembravam a monarquia.


O governo promoveu, então, um concurso para um novo Hino Nacional. O júri selecionou a composição do maestro Leopoldo Miguez. Mas na noite de julgamento, com o Teatro Lírico do Rio de Janeiro lotado, o presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca, contestou a escolha dos jurados e impôs sua decisão pessoal: “Prefiro o (hino) velho!”.


Naquela mesma noite o Marechal Deodoro oficializou como Hino Nacional a composição de Francisco Manuel da Silva. Como prêmio, a obra de Miguez virou o Hino da Proclamação da República, condição que conserva até hoje.


Em 1909, 20 anos depois, outro concurso público resultou na escolha dos versos de Duque Estrada como letra do Hino Nacional. Mas tudo isso só foi oficializado pelo presidente Epitácio Pessoa, em 6 setembro de 1922, véspera do Centenário da Independência.


Pela Lei 5.700, de primeiro de setembro de 1971, ninguém poderá ser admitido em cargo público sem conhecer o Hino Nacional (art.40).