Eleitor quer políticos preocupados com meio ambiente
24 de março de 2004Pesquisa da Vox Populi mostra o amadurecimento da população e diz como o voto vai pressionar políticos e empresários
A pesquisa ouviu representantes de todas as regiões brasileiras entre 20 e 21 de maio. Um índice de 88% defendeu o aumento das reservas florestais, mantidas atualmente em 80%. A mesma quantidade de entrevistados também concorda que a conservação das florestas não atrapalha o desenvolvimento do país. Apenas 10% acredita que a conservação florestal é um obstáculo ao desenvolvimento.
“Esse resultado mostra o amadurecimento da população nos últimos 5 anos e é um elemento de pressão importante sobre empresários e políticos que acreditam que a preservação ambiental impede o desenvolvimento e consideram os ambientalistas como inimigos”, afirma o senador Jefferson Péres (PDT). Embora tenha ficado satisfeito com as posições mostradas pelos entrevistados, o senador destaca que será necessário um índice de 100% para superar os problemas na exploração florestal. “Só com 160 milhões de guardas florestais podere mos superar a falta de infra-estrutura do Ibama e a corrupção de funcionários”.
A pesquisa – encomendada pelo jornal O Estado de São Paulo em parceria com as organizações não-governamentais (ONGs) Greenpeace, Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e o Instituto Socioambiental (ISA) – superou as expectativas dos coordenadores das instituições: 63% dos 503 entrevistados sabiam que o Congresso Nacional está discutindo alterações no Código Florestal brasileiro. “A sociedade está mostrando que não aceita a justificativa de que é preciso desmatar mais para acabar com a fome”, declara Flávio Montiel, do Greenpeace.
O argumento usado pelos ruralistas não convence 90% dos entrevistados, que disseram não acreditar que o aumento da oferta de terras para a agricultura vá diminuir a fome. Apenas 8% concordam com essa justificativa. Os ambientalistas rebatem, lembrando que a fome não acabou em São Paulo ou Rio de Janeiro, onde 93% da Mata Atlântica foram destruídos.
Para 92%, o principal uso da floresta deveria ser os recursos florestais, incluindo madeira, extrativismo e ecoturismo. Somente 2% defendem o uso para a agropecuária com desmatamento. A pesquisa foi feita por telefone em 140 municípios, inclusive da região Amazônica, como Manaus, Itacoatiara, Belém, Macapá e Porto Velho. A margem de erro é de 5%.
“A votação do Código Florestal, na comissão mista, mudou o enfoque da população com o que seja considerado desenvolvimento. Desmatar deixou de ser sinônimo de desenvolvimento”, garante o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM). Ele acredita que as restrições dos habitantes quanto ao desmatamento acontece também na Amazônia e que os governos precisam buscar políticas sustentáveis.
Defensor da proposta dos ruralistas, o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) diz que a pesquisa reflete a posição das pessoas que vivem no conforto das grandes cidades. Ele não teme ser cobrado por sua posição nas próximas eleições. “Não terei problema porque o meu eleitorado defende o mesmo que eu defendo”. O deputado Silas Câmara (PTB-AM), outro que apoia os ruralistas, também não teme ser cobrado por suas posições nada ambientais nas urnas. “Acho que a pesquisa não é verdadeira. Quem viaja pelo interior do Amazonas, na região do Alto Solimões e Juruá, conhece a miséria em que a população vive”.
Mais informações:
Greenpeace: (61) 340-9256
Você votaria em um deputado ou senador que defende o aumento da área de desmatamento das florestas brasileiras ou não?
Qual principal uso você acha que deve ser dado à floresta:
Hoje, em todo o Brasil, as áreas em torno de nascentes, margens de rios e lagos, topo e encostas de morros são protegidas legalmente e não podem ser desmatadas, com o objetivo de evitar enchentes, desmoronamentos e falta d’água. Você acha que os proprietários que desmataram essas áreas devem ser:
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SUMMARY Voter wants politicians worried about environmaent Research by Vox Populi pools shows the maturity of the population and tells how votes will pressure politicians and businessmen A number of voters of 23 Brazilian States defend the rigid protection of forests, the adoption of sustainable projects in economic exploitation, without expanding the agricultural border, and refuse to vote on a member of the House of Representatives or senator in favor of the increase of the deforestation area. The concern of the population with the changes in the Forest Code were pointed out in a research by the institute Vox Populi, with numbers that leave no doubts: practically all the results are above of 80%. The research heard representatives of all the Brazilian regions, between 20 and 21 of May. A percentage of 88% defended the increase of forest reserves, being currently kept at 80%. The same amount of people interviewed agrees that the conservation of forests does not hinder the development of the Country. But 10% believe that the forest conservation is an obstacle to development. ” This result shows the maturity of the population in the last 5 years and is an element of important pressure on businessmen and politicians who believe that environmental preservation hinders development and considers the environmentalists as enemies “, states senator Jefferson Péres (PDT). Even though he was satisfied with the positions shown by the people interviewed, the senator highlights that a percentage of 100% will be necessary to overcome the problems in forest exploitation. ” Only with 160 million forest guards we can overcome the lack of infrastructure of Ibama and the corruption of employees “. The research – ordered by the newspaper Estado de São Paulo, in partnership with non-governmental organizations (NGOs) – Greenpeace, World-wide Wildlife Fund (WWF) and Instituto Socioambiental (ISA) – surpassed the expectations of the coordinators of the institutions: 63% of the 503 people interviewed knew that the National Congress is discussing changes in the Brazilian Forest Code. ” society is showing that it does not accepted the justification of that it is necessary to deforest more to solve hunger “, Flávio Montiel of Greenpeace declares. |