Workshop da responsabilidade

Marketing & consciência ambiental

4 de março de 2004

Técnicos chegam à velha conclusão que prevenir é mais barato do que recuperar


O Rio de Janeiro deixou de ser o centro das decisões econômicas e políticas, mas não perdeu o poder de ser o centro irradiador de idéias. Além disso, todos os dias uma catástrofe ambiental toca o sinal de alerta de que a “Cidade Maravilhosa” corre perigo. Por isso, o palco ideal para o Workshop “Consciência e Meio Ambiente” não poderia ser outro, o Rio de Janeiro, precisamente, em Copacabana, no Hotel Sofitel Rio Palace.


Durante o evento, realizado pela Câmara de Cultura, destinado aos empresários, no dia 29 de junho, técnicos, juristas, cientistas, representantes do poder público, e consultores de grandes companhias demonstraram que é urgente promover a consciência ambiental, através de uma verdadeira educação, que prime pela ética. Os temas foram os mais diversos. O consultor José Henrique Cortez provou matematicamente que prevenir é mais barato do que recuperar, além de ser um grande marketing ecológico. No final do encontro, Cortez deu ênfase a uma agenda mínima de respeito e responsabilidade por: direitos humanos; direitos trabalhistas; proteção ao Meio Ambiente; comprometimento com a comunidade; e ética.


O Estado, pelos seus educadores, juristas e técnicos, que conhecem o diagnóstico, e sabem quais são os principais problemas, mas não têm como resolvê-los. Isto porque falta consciência ambiental em todos os segmentos da sociedade, desde as elites econômicas, políticas e tecnocratas – topo da pirâmide social – até a base, onde as condições de vida são precárias. Além disso, os recursos de toda ordem são escassos.


Desenvolvimento Sustentável


O educador Rivo Gianini, Subsecretário de Planejamento do Sistema Escolar, da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, fez um breve histórico dos grandes desastres e da enorme dívida ecológica, que é esquecida pelos detentores do poder econômico. Para ele, a educação ambiental é um grande desafio, porque toda educação deveria ser ambiental, pois não há como compartimentá-la. Ela é transversal.


Sua proposta para o desenvolvimento sustentável é através de linhas programáticas, onde se busque consenso entre vários grupos de interesse, formando-se parcerias entre fatores capazes de tomar decisões que combinem crescimento econômico com equidade social e proteção ambiental.


O gerente de meio ambiente da Eletronuclear, Iukio Ogawa, expôs como a empresa está investindo em educação ambiental, no entorno das usinas nucleares de Angra dos Reis, e também ajudando equipar as escolas da rede pública da região, abrangendo assim a educação formal e informal. Além disso, há projetos culturais apoiados pela empresa.


Antonio Carlos Gusmão, engenheiro químico e um dos responsáveis pelo controle ambiental feito pela FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, expôs um relato técnico do papel do órgão desde sua fundação, e das dificuldades encontradas para desempenhar suas funções. E quase todos os seus problemas centravam na falta de consciência ambiental e de educação, que têm tornado difícil a fiscalização dos resíduos e lixo químicos despejados em locais inapropriados.


Coleta seletiva


Depois, Gusmão apresentou como a coleta seletiva pode ser rentável e promover a melhoria social das camadas mais pobres além de integrá-las ao sistema econômico. E para as empresas, a reciclagem é altamente lucrativa por economizar matéria prima, além do marketing ecológico eficiente e barato.


João Batista dos Santos Silva, da ONS – Operador Nacional dos Sistema Elétrico, foi a estrela do encontro, quando demonstrou como um teorema as vantagens de atender as leis ambientais. “É muito mais caro recuperar do que preservar. Podemos provar que não somos só vilões, promovendo o controle da qualidade da água, recuperando áreas degradadas, reflorestando. Isso dá sempre lucro, além de Marketing ambiental.


Ilustrando com histórias de sua vivência como consultor, voltou a bater na tecla da educação ambiental, contando que o Brasil contratou o maior especialista, inglês, em despoluição das águas, um dos responsáveis pela despoluição do Rio Tamisa, em Londres, para recuperar o Rio Tietê. O inglês passou três dias em São Paulo, conversando com a comunidade do entorno e com as autoridades. Depois desses contatos, devolveu o dinheiro que tinha recebido, dizendo que primeiro era preciso promover educação, senão seria dinheiro jogado fora, pois todos iam continuar jogando tudo dentro do Tietê.


Direito e RPPN


A advogada Francisca Pretzel provou que a legislação ambiental brasileira é abrangente. “Natureza”, objetivo mediato do direito ambiental é uma totalidade e nela o ser humano está incluído. Mas, para reivindicar esse direito de todos, previsto na Constituição Federal, Art. 225, é necessário ter consciência. Ela distribuiu um resumo da legislação ambiental, de forma didática.


A representante do IBAMA, Thais Salmito, explicou o que é uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural, quais são suas vantagens e como obter seu reconhecimento. As RPPNs existem desde 1990 e foram reconhecidas em 1996, através do Decreto nª 1922, com a finalidade de estimular os proprietários particulares a somar esforços na conservação da rica diversidade biológica. Elas são marketing ecológico para qualquer atividade, além ter isenção do TIR – Imposto Territorial Rural, na área reconhecida como RPPN. Atualmente há 433, em todo país, chegando a quase 600 mil hectares.


Carlos Gastão Xavier, diretor de negócios da DAMOS SubAmérica, responsável pelo Sistema ORBCOMM no Brasil, demonstrou como a tecnologia pode ser um aliado na preservação do meio ambiente. Com esse sistema pode-se controlar, monitorar e localizar um equipamento ou veículo onde quer que ele esteja. A comunicação de dados pode ser feita de qualquer ponto remoto do planeta para qualquer computador conectado à Internet. Ele lembrou que esse sistema via satélite oferece soluções simples.


Encerrando o evento, José Henrique Cortez, membro da Câmara de Cultura, destacou a importância de um novo marketing com responsabilidade social, ou “Marketing de Consciência”, enfatizando que o marketing ambiental exige: responsabilidade, comprometimento, transparência e capacidade de ação.


Mais informações:
O Workshop “Consciência e Meio Ambiente” foi realizado pelos profissionais Regina Caeli Lima e Jose Henrique Cortez, da Câmara de Cultura (21) 507-8327, tendo como patrocínio FURNAS Centrais Elétricas e os Apoios recebidos: Eletronuclear, Damos SudAmérica, IBAMA-Rio e a Folha do Meio Ambiente.








SUMMARY


Marketing & Environmental Conscience demands responsibility


Experts reach the conclusion that prevention is cheaper than recuperation


Rio de Janeiro has lost its condition of economic and politics decision center, but it did not lose the power of being the brainstorming center of Brazil. Moreover, every day an environmental catastrophe sounds the alarm that the ” Wonderful City ” is in danger. Therefore, the ideal place for the Workshop ” Conscience and Environment ” could not be anywhere else but Rio de Janeiro, more specifically, in Copacabana, at the Sofitel Rio Palace Hotel.


During the event, carried out by the House of Culture, and meant for entrepreneurs, on June 29th, experts, lawyers, scientists, government representatives, and consultants from major companies demonstrated the urgency to further the environmental conscience, through real education, excelling in ethics. The topics were most diverse. Consultant Jose Henrique Cortez mathematically proved that preventing is cheaper than recuperating, besides being a great ecological marketing. At the end of the meeting, Cortez gave emphasis to a minimum agenda of respect and responsibility for: human rights; labor rights; protection to the Environment; commitment with the community; and ethics.