Folha do Meio Ambiente

Para os japoneses, existe uma ligação definitiva entre natureza, ser humano e divindade. Tal conceito se deve, em parte, à filosofia Zen Budista que, dentre outros princípios, preconiza que a espiritualidade pode ser expressada por intermédio da arte. Para um iniciante, a melhor maneira de começar a entender a filosofia do bonsai é pela própria palavra, cuja tradução literal significa “cultivar em uma bandeja” ou “árvore anã em um vaso”, dependendo do tradutor. Mas é importante lembrar que, além disso, o bonsai é uma arte viva. Pode ser comparada às formas de arte tradicionais, como a pintura e a escultura, uma vez que também se baseia na composição, não prescinde da beleza plástica e, como qualquer obra de arte, busca agradar aos olhos. A principal diferença com as demais formas de arte reside no fato do bonsai estar sempre em transformação, variando em forma, tamanho e textura, dentre outros aspectos, à medida que o tempo passa.
Os primeiros indícios do cultivo de plantas “miniaturizadas” em vasos são de ilustrações e material escrito, alguns destes anteriores a era cristã. Na China, as primeiras referências escritas são do período da Dinastia Han ( 206 A.C. – 220 D.C.) e tratam de uma lenda sobre as habilidades de miniaturizar paisagens, inclusive árvores, de um tal Fei Jiang Feng. Manuscritos do terceiro e quarto séculos deixam claro que, à época da Dinastia Tang (618 – 906 D.C.), bambus, pinheiros e outras plantas eram cultivados em vasos.
Entretanto, são do Japão as primeiras referências do cultivo de plantas em vasos mais próximas à arte do bonsai hoje conhecida. Acredita-se que o bonsai tenha cruzado o oceano da China para o Japão, no século XI (1195), segundo um pergaminho japonês daquela época. Desde então, bonsai tem sido uma parte significante da cultura japonesa e foi a partir deste longo período de prática que se consolidaram tanto os princípios artísticos quanto os métodos horticulturais, dando origem aos conceitos, às técnicas e às práticas obedecidas até os dias atuais.
Quando comparada às tradições chinesa e japonesa, a introdução do bonsai nos países ocidentais é bastante recente. Foi apenas no início deste século que o bonsai começou a despertar interesse em países da Europa, das Américas e na Austrália. Em 1900, um leilão em Londres descrevia os itens à venda como “lindas e raras plantas japonesas, florais e arbóreas, curiosa e artisticamente treinadas”.

A matéria na íntegra você encontra na edição de setembro da Folha do Meio Ambiente