Os princípios artísticos e os estilos de Bonsai
14 de abril de 2004A arte do bonsai envolve dois componentes básicos: a horticultura (com muitas práticas em comum com o cultivo convencional de plantas ornamentais) e a criação artística propriamente dita. Neste capítulo, trataremos desta última, comentando as características que as plantas adquirem com a idade e apresentando cinco estilos de bonsai.A principal finalidade do bonsai é reproduzir,… Ver artigo
A arte do bonsai envolve dois componentes básicos: a horticultura (com muitas práticas em comum com o cultivo convencional de plantas ornamentais) e a criação artística propriamente dita. Neste capítulo, trataremos desta última, comentando as características que as plantas adquirem com a idade e apresentando cinco estilos de bonsai.
A principal finalidade do bonsai é reproduzir, em um vaso, uma árvore (ou grupo de árvores) da maneira em que ela ocorre na natureza. Visa, também, desenvolver na planta características que acentuem o aspecto de idade, procurando-se obter a aparência e a harmonia de uma árvore antiga, que nasceu e cresceu sujeita às benesses e intempéries do ambiente. Neste aspecto, acredita-se que os primeiros artistas do bonsai tentaram reproduzir as árvores do alto das montanhas asiáticas, onde as condições severas de clima e solo, resultam na formação de indivíduos retorcidos, com poucos galhos e com a casca suberificada. Esta preferência teve forte influência religiosa e filosófica, comparando a situação dessas árvores à do ser humano que, apesar das dificuldades e limitações, deve buscar seu desenvolvimento e sobrevivência. Estes locais ermos das montanhas eram também os preferidos pelos ascetas e monges para a meditação, aspecto que estimulou a reprodução daquelas paisagens.
Todo praticante de bonsai deve ser um bom observador da natureza. Na realidade, a prática do bonsai nos leva a observar a natureza com maior atenção e, com o tempo, passamos a definir detalhes que, antes, não tinham qualquer significado.
Um procedimento que ajuda bastante o iniciante é o de comparar uma planta nova ou muda com uma árvore já adulta, preferencialmente da mesma espécie. Na planta jovem, o diâmetro do caule apresenta pouca variação entre a base e o ápice, enquanto que na árvore adulta a base do tronco é mais larga, afilando-se em direção ao ápice. Proporcionalmente, a planta mais nova tem mais ramos, predominando o crescimento vertical. Na árvore adulta permanecem apenas os galhos “úteis” que, em função do peso que adquirem com o tempo, tendem a assumir uma posição mais horizontal, conforme mostrado na ilustração. A textura do tronco é outro aspecto que tende a mudar com o envelhecimento da planta.
Apesar das inúmeras formas que as árvores adquirem ao se desenvolver no ambiente natural, podemos agrupá-las em formatos padrões, denominados estilos. Os estilos foram organizados pelos japoneses que, com seu acentuado senso disciplinador, estabeleceram a maioria das regras estéticas do bonsai. De fato, os japoneses não inventaram todas as normas, mas se incumbiram de dar nomes e descrevê-las, com o objetivo de consolidar a arte. Todos os estilos, com exceção do “literati” (será descrito no próximo capítulo), representam formas e comportamentos de árvores que ocorrem, espontaneamente, na natureza. Não são, portanto, abstrações ou formas bizarras, como alguns podem supor. A seguir, são descritos cinco dos principais estilos:
1. Chokan – ereto formal – poderia ser chamado de árvore padrão; o tronco reto e vertical de onde partem as ramificações, geralmente horizontais ou levemente verticalizadas. Forma comum em coníferas (pinheiros, ciprestes, etc.), principalmente quando em grupos (bosques, florestas);
2. Moyagi – ereto informal – semelhante ao anterior no sentido do crescimento, porém apresentando uma curvatura no tronco;
3. Shakan – inclinado – o tronco principal tem uma inclinação para um dos lados; comportamento provocado por algum obstáculo à luz ou por um tombamento causado pelo vento;
4. Kengai – cascata ou precipício – característico de árvores que se desenvolvem em penhascos;
5. Hokidachi – vassoura – os vários ramos saem de pontos localizados a uma mesma altura, no ápice do tronco principal.
Artigo anterior:
“A arte de Bonsai: origem e história”.
No próximo capítulo: mais estilos e forma de obtenção de plantas para bonsai.
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