Bosque dos Constituintes: a novela continua

23 de abril de 2004

A agressão ao Bosque, com retirada de árvores para construção de um prédio com apoio do Ministério da Cultura, está sendodocumentada para a história


No último dia 31 de março o mesmo juiz foi infeliz e revogou a liminar que ele havia concedido e as obras forma retomadas. O engenheiro Florestal da Universidade de Brasília, Eleazar Volpato está dando tudo de si, numa espécie de bloco do eu sozinho, e foi quem encaminhou ação popular contra a destruição do bosque, símbolo da Constituinte de 1988. Em determinada ocasião era ele contra sete advogados.
Volpato narra a batalha: “A vitória deles será também a maior derrota, pois a agressão ao Bosque ficará fisicamente registrada. Penso que essa batalha judicial poderia ter sido evitada com um gesto de nobreza, com o deslocamento da obra para fora do domínio do Bosque. É claro que isso está fora de cogitação e que, tanto a Fundação Israel Pinheiro quanto o arquiteto Oscar Niemeyer, sob quem se escudam, não se aperceberam da enrascada e se a Justiça percebesse poderia tirá-los dessa enrascada propondo um acordo, talvez com a participação do Ministério Público. Para nós o que interessa é a integridade do bosque. Salvá-lo hoje, quando ainda nem pode ser reconhecido por quem passa por ali. Quando as árvores crescerem certamente todos darão a proteção e os cuidados que esse marco histórico, cultural e ambiental merece”.
“É isso – conclui Volpato – é desagradável ter que ver no meio de algumas árvores do bosque um prédio que pode até ser muito lindo, importante, mas que jamais carregará a força e a energia de uma árvore. E bem no coração da Capital da República”.


“A vitória deles será também
a maior derrota, pois a agressão ao bosque ficará
fisicamente registrada.
Penso que essa batalha
judicial poderia ter sido evitada com um gesto de nobreza: o deslocamento da obra para
fora do bosque”
Prof. Eleazar Volpato