Desertificação

Brasil é sede da Conferência da ONU sobre Desertificação

7 de abril de 2004

Só no Nordeste, perdas na agropecuária chegam R$ 16 bi


 

O Brasil perde, anualmente, cerca de US$ 300 milhões com a desertificação, que atinge principalmente os Estados da região Nordeste e do norte de Minas Gerais. Só no Nordeste, os prejuízos que a desertificação causou à agropecuária na última década somaram mais de US$ 8 bilhões, quase o PIB da região no ano passado.

Ao dar essas informações, no discurso de abertura da 3ª Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação e Seca (COP3) instalada em Olinda, Pernambuco, no último dia 15, e que se estenderá até o próximo dia 26, com a participação de 155 países, o Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que o Brasil precisará investir US$ 2 milhões ao ano, por um período de 20 anos, para reverter esse prejuízo.

Três dias após o encerramento da Conferência, representantes de 40 países estarão participando, de 29 de novembro corrente a dois de dezembro próximo, em João Pessoa, na Paraíba, do Simpósio Internacional Sobre Desenvolvimento Sustentável nas Regiões Semi-Áridas – World Semi-Arid 99, ou WSA 99.

A desertificação afeta cerca de 25% da superfície terrestre, ameaçando diretamente a subsistência de um bilhão de pessoas. Os temas da Conferência envolverão a propositura de ações visando assegurar a sobrevivência das pessoas, dos animais e dos recursos naturais em um ambiente de desertificação.
Segundo dados das Nações Unidas, a quarta parte do território brasileiro está ameaçada pelo acelerado processo de desertificação. Na Região Norte é o desmatamento, com as queimadas, que abrem espaço para a erosão, que por sua vez provoca perdas de toneladas de produtos por hectare-solo.

A desertificação

De acordo com os especialistas, os maiores causadores da desertificação, que, no Brasil, não é um problema nordestino, mas nacional, são as queimadas, a mineração irracional realizada com dragas que chegam até a mudar o curso dos rios, o uso indiscriminado de agrotóxicos, a salinização das áreas de irrigação, a poluição, o manejo inadequado do solo e a exploração equivocada dos reservatórios naturais de água que estão ficando cada vez mais vazios.

Ainda conforme o Desert, em termos percentuais, o Estado mais afetado pela desertificação é o Rio Grande do Norte, com 80,5% do seu território virtualmente transformado em deserto, seguido de Pernambuco, com 75,2%; Paraíba, com 70,3%; Ceará, com 59,7%; e Sergipe, com 31,3%.

A desertificação arrasa o solo, inviabiliza os objetivos econômicos e é responsável direta pelo aumento da fome e dos altos índices de mortalidade e de miséria registrados sobretudo na região do semi-árido nordestino.

Gerenciamento

A realização, no Brasil, da III Conferência Sobre Desertificação, tendo como centro o Nordeste e cenário a cidade do Recife que, cercada de rios, padece racionamento de água, servirá para chamar a atenção para a necessidade de articular o desenvolvimento sustentável com gestão dos recursos hídricos.

O Presidente Fernando Henrique bem que tentou, mas não conseguiu. Queria que até a instalação da Conferência, a Câmara dos Deputados aprovasse o projeto de criação da Agência Nacional de Águas. A ANA, juntamente com a lei de gerenciamento dos recursos hídricos, já em vigor, constituirá a plataforma legal para uma ação direta de combate aos efeitos da desertificação.