Aventura

Esportes radicais

29 de abril de 2004

Como praticar sem correr riscos

Montanhismo
A subida em montanha, ou o trekk pesado em terreno acidentado, com inclinações de até 40 graus, tem duas categorias básicas: a técnica e a não técnica. Esta última requer apenas entusiasmo e o conhecimento de nossos próprios limites, não necessitando de nenhum equipamento especial.
Um bom par de botas para trekking, geralmente um número acima do habitual, roupas que protejam o corpo e uma mochila para levar os objetos necessários para um dia de caminhada forte são suficientes para uma subida não técnica. Na categoria técnica, no entanto, é necessário levar material especial, equivalente ao utilizado em escalada, como cabos, mosquetão, oito, capacete e equipamento de segurança.
De qualquer modo, tanto para a prática de um como de outro, é importante ter noção de orientação, de leitura de mapas e de cartas topográficas, bem como manejar com destreza a bússola.


Espeleologia
A maior parte do equipamento empregado em espeleologia (cavernismo) também é utilizado em montanhismo. O capacete, porém, deve ter luz frontal, que pode ser elétrica ou de carbureto, joelheiras, luvas, botas e mochila estanque.
A espeleologia é o estudo, pela exploração, da evolução das cavidades naturais (cavernas e grutas). A espeleo é simultaneamente uma ciência e um desporto. Quem a pratica nunca deve estar sozinho e, geralmente, o espeleologista também é um mergulhador, já que na maioria das vezes há lagos nesses locais e a exploração precisa ser feita subaquática.


Canoagem
A prática deste esporte inclui tanto as canoas como os caiaques. Para as águas mais calmas, é recomendado o uso da canoa, que tem capacidade variando de três a dez pessoas. Mais leves e mais fáceis de manobrar, temos os caiaques, geralmente utilizado por uma só pessoa, mas também há os duplos.
Para deslocar as canoas são utilizadas pás e, para os caiaques,  as pagaias (duas pás ligadas por um varão). Nas duas modalidades deve-se usar colete salva-vida e capacete.
Chuvas torrenciais, secas prolongadas, abertura de comportas ou barragens modificam o comportamento de um rio. Um rio que desloca 1.000 metros cúbicos de água por segundo, é muito diferente de quando o faz com três mil metros cúbicos. Portanto, é necessário obter informações sobre as condições de navegabilidade do rio antes de iniciar a descida.


Bike off-road
A bicicleta off-road, ou de montanha, teve sua origem na Califórnia, EUA, nos anos 70. Dada a sua versatilidade e robustez, ela vai a qualquer lugar. Há dois tipos de bike off-road, as rígidas e as de suspensão total. Esta última é mais confortável e segura, principalmente nas descidas acentuadas. A bike off-road geralmente pesa entre 10 e 18 quilos e tem 24 marchas.
Além da bicicleta, o ciclista tem de possuir capacete e roupas próprias para a prática do esporte. A bermuda, de material maleável, deve ser acolchoada entre as pernas.  Reservatório de água, luvas e óculos também são muito úteis.


Rafting
Este esporte consiste na descida de um rio rápido, turbulento, com um barco pneumático com pequenas aberturas para o escoamento da água. Quem pratica o rafting precisa utilizar capacete, roupas apropriadas (como para mergulho) e colete salva-vida, tênis náutico ou sapatilha e pás para que possa ser mantido o equilíbrio da embarcação.
Para a prática desse esporte é preciso estar preparado, saber desviar de obstáculos e ter um monitor a bordo. Além disso, é bom buscar informações no serviço de meteorologia e conhecer as peculiaridades do rio.


Caminhada I


Passeio organizado e saudável
Contra o estresse  e a fadiga, caminhar continua sendo o melhor remédio


Márcia Turcato


Caminhar faz bem ao corpo e a alma. É calmante, ajuda a pensar, e estimula o fluxo sanguíneo. É um santo remédio! Para que a atividade seja realmente recreativa, é bom que alguns cuidados sejam tomados. A escolha do destino, por exemplo, define o tipo de equipamentos e de cardápio de cada expedição. Asssim, evitam-se contratempos desagradáveis.
Em caminhadas curtas, de apenas um dia, por exemplo, não é necessário levar barraca e a alimentação pode dispensar proteínas. Dependendo da área a ser explorada, o cardápio sofre diversas alterações. Um dia em uma caverna,  requer alimentos quentes e calóricos; para um dia no cerrado- vegetação típica do Planalto Central, alimentação leve e frutas desidratadas.
O açúcar, nestas situações, costuma ser uma boa opção, já que recompõe as energias. A melhor forma de consumí-lo é a mais natural: como rapadura ou melado.
Boas rotas para aventureiros devem incluir a Chapada dos Veadeiros, no interior goiano; o complexo de cavernas de Terra Ronca, na divisa de Goiás com Bahia; Gruta do Tamborial, no município mineiro de Unaí; Pantanal e Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso; Chapada Diamantina, na Bahia; Rio Araguaia, entre os estados de Goiás e Mato Grosso; Vale do Ribeira, em São Paulo; serras do Cipó e do Caraça, em Minas Gerais; Itatiaia, no Rio de Janeiro e Cachoeira do Itiquira, no Distrito Federal, entre outras.
O material necessário para cada expedição vai variar de acordo com o roteiro escolhido e o tempo de duração do trekk. Para curtas jornadas, as mochilas do tipo “ataque” são as mais adequadas. Elas têm capacidade de carga oscilando entre 25 e 40 litros; ou as mochilas “pequenas”, até 25 litros. Longas caminhadas requerem mochilas do tipo “cargueira”, com mais de 50 litros de capacidade. Há vários modelos e marcas disponíveis no mercado.
Para um pernoite, ou mais, é bom levar barraca. Mas, se o tempo estiver firme, sem ameaça de chuvas, ela pode ser substituída por um bivaque- equipamento que protege o saco-de-dormir, ideal para noites ao relento. Uma matela- isolante térmico, deve fazer parte da lista, ela é colocada sob o saco-de-dormir, evitando a umidade e o frio do solo.
Fogareiro, uma muda de roupa, um anoraque- abrigo impermeável, além de ser “corta-vento”, e um pile- abrigo térmico, são parceiros fiéis nestas horas. Dependendo do lugar onde se esteja, como no Vale  do Ribeira, onde as alterações climáticas ocorrem com certa frequência, é bom estar prevenido.
Um kit para primeiros-socorros deve fazer parte dos equipamentos indispensáveis. Seu papel, entretanto, é muito mais preventivo do que curativo. É difícil haver acidentes quando os excursionistas têm bom condicionamento físico e informações técnicas e práticas sobre o lugar onde estão, além de prudência e materiais adequados.
Antes de mais nada, o aventureiro tem de saber desviar-se das enrascadas, reconhecer flora e fauna para driblar plantas venenosas e urticantes e animais agressivos. Além disto, em caso de ferimentos, como cortes ou fraturas, alguém do grupo precisa ter orientação adequada para prestar os primeiros-socorros e evitar sequelas.


Caminhada II


Novos caminhos para andarilhos
Turistas e trekkers querem aventura e buscam trilhas pouco exploradas


Márcia Turcato


Os adeptos do ecoturismo ou do trekking primitivo sempre buscam novidades. A Serra da Capivara, no sul do Piauí, é um roteiro que se apresenta como uma nova alternativa de ecoturismo. Com pouca infraestrutura, em comparação com outras regiões, e com pouca divulgação na mídia, é um bom lugar para conhecer antes que os bares invadam o local. A região guarda um dos mais importantes sítios arqueológicos da história do homem nas américas. Como cidade mais próxima, a referência é São João do Piauí, na BR-020.
 Ainda no Piauí, mas ao norte, está outra escolha alternativa, o Parque Nacional de Sete Cidades, próximo da cidade de Piripiri, na BR-343, com importantes inscrições rupestres. Por esta mesma rodovia chega-se a cidade de Parnaíba, no Delta do Parnaíba, pertinho do litoral. Na cidade, o rio se abre em cinco braços para alcançar o mar, formando ilhas, mangues e dunas.
A partir de Piripiri também é possível chegar ao Parque Nacional de Ubajara, a 137 quilômetros adiante, no estado do Ceará. As montanhas da Serra de Ibiapaba, com inúmeras cachoeiras, são o grande atrativo. A cidade de Sobral é um importante ponto de apoio para o turista. Outro local é Tianguá, já na serra. Para surpresa do turista, lá é possível sentir frio à noite.
No extremo sul, o grande desafio fica por conta do Parque Nacional dos Aparados da Serra. A cidade serrana de Cambará do Sul é a mais próxima da entrada. As maiores atrações são os canyons da Fortaleza e do Itaimbezinho, com quedas de 900 metros. Agências de ecoturismo, em Porto Alegre, organizam excursões de caminhadas de dois dias, ou mais, para os adeptos do trekking.
Em São Francisco de Paula, cidade próxima à área do parque, pode-se fazer excelentes caminhadas, ou ciclismo, na serra, utilizando as comunidades rurais como pontos de apoio. É possível percorrer um bom pedaço da serra gaúcha a partir de Cambará, a leste, até Antônio Prado, a oeste, por caminhos vicinais, caminhando ou de bicicleta, num percurso que tem como principal referência as cidades de Ana Rech e Flores da Cunha.
A cidade de Flores da Cunha é um importante centro de canoagem no Rio Grande do Sul, praticado no Rio das Antas. De colonização italiana, o município produz cerca de 80 milhões de quilos/ano de uva, convertidos em 70 milhões de litros de vinho. O filme “O Quatrilho”, de Fábio Barreto, foi rodado na região.
Ainda mais ao sul, está a cidade de Mostardas, entre o oceano Atlântico e a Lagoa do Patos, região que abriga o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. O local pode ser alcançado a partir de Porto Alegre pela BR-101, também conhecida como “Estrada do Inferno”, porque está localizada entre o oceano e a lagoa e, em conseqüência, sofre constantes alagamentos e fica quase intransitável no período do inverno. Para alcançar a área do parque, o melhor é um veículo com tração nas quatro rodas. Para os trekkers, a caminhada no parque é leve, já que o terreno é plano. A única dificuldade são os alagamentos.
A partir de Mostardas é possível alcançar o Chuí, depois de cruzar de barco a barra de São José do Norte, onde a Lagoa dos Patos se comunica com o Atlântico. O caminho a seguir passa pela praia do Cassino, Lagoa das Flores, Estação Ecológica do Taim, Lagoa Mangueira e Hermenegildo.


Equipamentos obrigatórios para veículos
Quem vai de carro até o local da caminhada precisa conhecer o Código de Trânsito


Se você vai viajar de carro lembre-se de que a calibragem e as condições gerais dos pneus devem ser constantemente verificadas e não apenas antes de alguma viagem. O desgaste pode ser observado facilmente, basta seguir a instrução do fabricante inscrita na lateral do pneu.
Se vazios, os pneus comprometem as manobras e as freadas rápidas, desgarrando-se facilmente da pista e aumentando o consumo de combustível. Cada modelo de pneu tem uma calibragem ideal para cada tipo de veículo e ela só não deve ser seguida em situações adversas de trafegabilidade, como em terreno de lama ou areia, por exemplo, quando o melhor são pneus mais vazios, para aumentar a aderência e, conseqüentemente, a segurança naquele tipo de terreno. Para esticar a vida útil dos pneus, é necessário realizar um rodízio, incluindo o estepe.
O Código Nacional de Trânsito estabelece uma série de equipamentos obrigatórios para todo o tipo de veículo. São equipamentos que conferem maior segurança a motoristas, passageiros e pedestres, diminuindo os riscos de acidentes. Devem ser realmente utilizados por todos.
SLEEP – O sleep (saco-de-dormir) será a nossa cama enquanto estivermos acampados. Portanto, ele deve ser o mais confortável possível e adequado às condições climáticas que serão enfrentadas. Os modelos de sleeps mais utilizados são o camping (retangular) e o sarcófago (formato do corpo). Para quem vai acampar em local de clima frio, o sarcófago é o mais recomendado, porque tem menos espaço livre e capuz, oferecendo maior proteção ao excursionista.
Um bom sleep deve ter  permeabilidade, o que evita a condensação do suor no seu interior, ser confeccionado com tecido de nailon fino, do tipo sirê, e forrado com materiais isolantes eficientes, como algodão e pena de ganso. Além disso, todo o material utilizado deve ser antialérgico e antideformante, boa compressibilidade, de modo a ocupar pouco espaço na bagagem e zíper de qualidade (quando houver), de preferência de nailon e com proteção interna isolante.
Para manter o sleep em bom estado por até 10 anos ou mais, dependendo da frequência de uso, ele não ser lavado com abrasivos. Quando necessário, basta utilizar água fria e sabão neutro, nunca torcê-lo e deixar secando à sombra. Após cada noite de uso, se possível, deixar o sleep secando ao sol, pelo avesso, durante apenas 10 minutos. Depois da excursão, o sleep não pode ser guardado comprimido, basta dobrá-lo, para que suas fibras não sofram danos.
Dois outros equipamentos devem acompanhar o sleep: o bivaque e a matela, ou isolante térmico. O bivaque será utilizado sempre que não seja possível armar a barraca, como em áreas rochosas e muito inclinadas. Ele tem o formato do sleep, porém maior, e é confeccionado em nailon fino e impermeável e sem forração isotérmica. Dobrado, ocupa um espaço bastante reduzido. O bivaque protege o sleep das intempéries, funciona como uma capa para chuva e, além do próprio sleep e do seu usuário, ele deve ter espaço suficiente para acomodar a mochila e outros objetos.
A matela, por sua vez, por não ser boa condutora de calor, isola o corpo do excursionista do frio do solo e ainda serve para acolchoar, amaciando o terreno. A matela é feita de um tipo de espuma plástica de célula fechada, densa e extremamente leve, com cerca de um centímetro de espessura. Ela não deve ser dobrada, para que suas fibras não quebrem, e sim enrolada e presa verticalmente na parte externa da mochila, ou atravessada sobre a tampa. Ela não absorve umidade e seca rapidamente. A matela deve ser utilizada mesmo quando o excursionista tem barraca.


Equipamentos obrigatórios para os veículos do tipo “passeio”:


– Pára-choque dianteiro e traseiro;
– Espelhos retrovisores interno e externo;
– Limpador de pára-brisa;
– Paleta de proteção contra o sol;
– Faroletes e fárois dianteiros de luz branca ou amarela;
– Velocímetro;
– Dispositivo de sinalização luminosa ou refletora de emergência, independente do circuito elétrico geral do carro;
– Buzina;
– Extintor de incêndio;
– Silenciador de ruídos de explosão do motor;
– Freios de estacionamento e de marcha com comandos independentes;
– Luz traseira de freio;
– Iluminação da placa traseira;
– Indicadores luminosos de mudança de direção, na dianteira e traseira;
– Pneus em condições de trafegabilidade;
– Pneu de estepe, macaco, chave de roda e chave de fenda para deslocar a calota.


Espeleologia


Cavernas de Brasília e Entorno
Importantes sítios espeleológicos estão localizados próximos à Capital. Somente no DF existem 20, todos catalogados pelo Ibama


Márcia Turcato


Visitar uma caverna é uma boa oportunidade para as pessoas aprenderem a dominar seus medos. Quem consegue êxito acaba descobrindo que o mundo subterrâneo abriga informações pouco divulgadas e que ajudam a traçar a trajetória do homem no Planalto Central e no mundo. A espeleologia, aliada à arqueologia e outras ciências, é uma importante ferramenta para que este objetivo seja atingido.
Um dos exemplos mais ricos do mundo subterrâneo é o complexo cavernístico de São Mateus de Imbira, em Guarani de Goiás, divisa com o estado da Bahia, localizado em propriedade particular a cerca de 400 quilômetros de Brasília. São mais de 18 quilômetros de galerias exploradas, algumas de difícil acesso, como Angélica e Matilde I e II, outras fáceis, como Pedra Ronca. Neste último local foi construída uma capela logo na entrada onde são realizados casamentos coletivos no mês de julho, época de grandes feiras, com direito à música sertaneja e quermesse.
Nas profundezas de São Mateus vive a única espécie que se adaptou a total ausência de luz natural: o bagre cego e albino. Ele se alimenta dos micro-organismos levados para o interior da caverna pelas águas da chuva. Diz a ciência que “sem luz não há vida”. O bagre rompe com o dogma. Além de conhecer o peixe das cavernas, quem se aventurar por São Mateus poderá ver exóticas formações de calcário rosa, branco e alaranjado que pulsam com a passagem da água em seu interior. Cavernas com pedras claras, como esta, são consideradas jovens, já que se encontram em formação.
Localizada na área rural da cidade de Formosa, em propriedade particular, a 130 quilômetros de Brasília, a Pedra da Lapa tem sido estudada por cientistas da Universidade Católica de Goiás, que registraram datações superiores a 10 mil de anos para os estranhos desenhos.
Algumas inscrições são semelhantes as que foram identificadas no Sítio Arqueológico de Madre de Dios, região de Sete Cidades, no interior do Piauí, onde dorme o vestígio mais antigo do homem pré-histórico latino, que cruzava o Brasil a partir dos pampas argentinos. As inscrições foram feitas no interior de pequenos abrigos naturais encravados em extenso paredão de rocha calcária. O lugar tem um aspecto meio lúgubre e, em alguns momentos, lembra a caverna do Fantasma- clássico personagem de HQ.
Gruta do Abrigo- Ainda em Formosa é possível conhecer o Buraco das Araras e o Buraco das Andorinhas, a aproximadamente 110 quilômetros de Brasília. O complexo cavernístico destes dois locais está localizado no fundo de um abismo. Para alcançá-los é preciso utilizar cordas. Este tipo de acidente geográfico é característico de distritos espeleológicos onde impera o relevo kárstico- termo europeu que significa “campo de pedras calcárias”. Além disto, tecnicamente os dois “buracos” são chamados de dolina (largura superior a profundidade), que é o resultado de um desabamento milenar do teto.
Tanto em Araras como em Andorinhas existe uma límpida e agradável lagoa, que podem ser alcançadas depois de algum esforço. No Buraco das Andorinhas a lagoa chega a até 12 metros de profundidade, 250 de comprimento e 20 de largura. Próximo da galeria principal desta caverna está a Gruta do Abrigo, onde foram encontrados vestígios de cinzas e de instrumentos que podem atestar a passagem do homem primitivo naquela região há aproximadamente quatro mil anos.
As paredes desta gruta estão cobertas com desenhos formados a partir de impurezas de ferro, levadas até lá pelas água da chuva que penetram nos subterrâneos através de fissuras nas rochas. Os desenhos de cor branca são resultado da ação do calcário, enquanto os esverdeados se devem aos musgos.
Próximo a Araras e Andorinhas está o sítio espeleológico da Fercal, que abriga o Morro do Urubu. Esta formação calcária vem sendo utilizada por montanhistas de Brasília há cerca de 10 anos e serve de referência para os pilotos de vôo-livre.
Muita natação- O nome da formação é primaveril, Caverna Jaboticaba, construída pelo paciente trabalho de escavação feito pelas águas do Rio Jaboticaba, no distrito de Bezerra, em Formosa, a cerca de 120 quilômetros de Brasília pela BR-020, localizada na Fazenda Palmeira. Mas para chegar até a sua entrada principal, é preciso caminhar por um campo com muitas pedras, lugar preferido por cascáveis. Botas resistentes e muito cuidado são indispensáveis para evitar acidentes.
Passada a primeira provação, se atinge o interior da Jaboticaba, com água gelada até a cintura. A temperatura do Rio Jaboticaba, que corre sobre pedras, é baixa. Sua água, quando livre dos destroços que costuma carregar na época das chuvas, é extremamente cristalina. A caverna é estreita, com vários pontos de estrangulamento que lhe transformam em um verdadeiro corredor. Em conseqüência, o rio afunila, formando cifões. Nesses pontos, é preciso atravessar a nado, com a cabeça encostada no teto.
A primeira travessia, apesar de longa, costuma ser tranqüila, porque a água do rio é bem limpa. Na segunda e na terceira, entretanto, a situação muda. Muita vegetação costuma passar por entradas laterais de ventilação, dificultando as braçadas. Parece que você está nadando dentro da baleia Moby Dick, entre dezenas de destroços. O final da Jaboticaba costuma ser atingido após três horas de deslocamento, e acaba numa cachoeira, sobre um penhasco, a dez metros de altura, o equivalente a três andares.


O encanto das cavernas
É importante usar roupa adequada
e se alimentar no final do passeio


Primeira regra: não entre sozinho numa caverna. Segunda: alguém do grupo deve conhecer muito bem o lugar. Outras recomendações básicas: o calçado utilizado precisa ser do tipo anti-derrapante, a roupa certa é calça comprida e camisa jeans – que protegem das pedras, evitando ferimentos, capacete e lanterna.
Uma caverna como a da Jaboticaba, com muito material orgânico em decomposição, eventualmente pode se transformar em uma armadilha mortal porque existe a formação de gases tóxicos, como o metano- também conhecido como “gás do pântano”. Alguns animais, como cachorros e vacas, podem ser levados para o interior da caverna, onde se decompõem.
O contato direto com estes corpos em putrefação pode causar uma série de doenças infecciosas, a mais comum ataca o ouvido. A melhor coisa a fazer em uma situação como essa, é abandonar o local rapidamente, nunca insistir na travessia.
Para cavernas essencialmente “molhadas”, que exigem constante natação, é aconselhável o uso de coletes infláveis, que facilitam o deslocamento e reduzem o esforço físico e a conseqüente perda excessiva de calorias. Cordas sintéticas, empregadas em algumas transposições, são as melhores para locais úmidos, apresentando menor desgaste do que as de fibras naturais.
As mochilas utilizadas na travessia da caverna, com certeza, ficarão molhadas, por tanto, todo o material armazenado em seu interior precisa estar acondicionado em sacos plásticos, principalmente as câmeras fotográficas comuns. Para quem pretende investir em passeios espeleológicos, vale adquirir sacos estanques, a prova d’água, vendidos em lojas especializadas.
É praticamente impossível sair seco de dentro de uma caverna. Sabendo disso, sempre deixe uma muda de roupa dentro do carro para trocar na volta do passeio. Agindo assim você pode evitar uma crise de hipotermia, gripe e bolhas nos pés.
Também é recomendável preparar uma comida quente logo depois, para repor as calorias perdidas. Pode ser um “sopão”, granola com leite quente, chocolate quente ou uma papa de aveia (mingau) com frutas secas e granola.