Editorial

Caro leitor

14 de abril de 2004

Há sinais de que o homem está mudando e passou a entender a importância de preservar o planeta que habita e a casa onde mora. Há sinais de que a consciência ecológica está moldando o comportamento das pessoas. Há fortes sinais de que ainda não é agora que a chama de um viver sadio vai… Ver artigo

Há sinais de que o homem está mudando e passou a entender a importância de preservar o planeta que habita e a casa onde mora. Há sinais de que a consciência ecológica está moldando o comportamento das pessoas. Há fortes sinais de que ainda não é agora que a chama de um viver sadio vai se apagar. Por quê? Qual o motivo deste princípio de euforia? Eles são vários. Por exemplo: quando as pesquisas mostram que os consumidores topam pagar mais por um produto que não agrida o meio ambiente, é uma primeira revolução. Daqui a pouco não haverá mais lugar para empresas que não sejam ecoeficientes. Mas uma outra profunda revolução está nascendo: as crianças estão entrando no processo de defesa da natureza. E quando as crianças começam a entender de poluição, de qualidade e vida e passam a agir, podem saber, alguma coisa acontece. Invertendo os papéis, muitas crianças já começam a cobrar dos adultos comportamento de respeito à natureza. Motivadas pela educação ambiental que chegou às salas de aulas, motivadas pelas boas leituras e, sobretudo, ao perceber o valor que elas próprias têm nesse processo de mudança, as crianças estão tomando a frente e dando exemplo aos mais velhos. Vale a pena conhecer um pouco mais dessa história. Por isso a Folha do Meio acompanhou, durante quatro dias, o movimento das 135 crianças, entre 13 e 15 anos, que vieram dos pontos mais distantes do Brasil para escreverem, em Brasília, os Princípios de Proteção à Vida e formarem uma rede de cidadania pela preservação da natureza. E esse movimento é um processo que termina como um mutirão, pois essas crianças serão os multiplicadores deste novo tempo em seus estados, em seus municípios, em suas escolas e em suas casas. Acompanhe e sinta, amigo leitor, que vem por aí um futuro melhor. Graças às crianças


****


Essa edição está rica em informação: depois de um ano e meio, o governo regulamenta a Lei contra os Crimes Ambientais. É bom saber que as multas podem atingir tanto as pessoas físicas como as pessoas jurídicas e podem chegar a R$ 50 milhões. O novo decreto pune com multa 68 infrações ambientais: 26 contra a fauna e 17 contra a flora


****


A degradação ambiental nos grandes centros urbanos brasileiros está chegando a níveis intoleráveis. Nas edições anteriores falamos de São Paulo, de Recife e do Rio de Janeiro. Agora é a vez de Belo Horizonte, onde o mais belo cartão postal da capital mineira – a Lagoa da Pampulha (aliás, à semelhança da Baía da Guanabara) agoniza em meio a um emaranhado de projetos e promessas


****


E não foi só o senador Antônio Carlos Magalhães. O Primeiro Mundo também descobriu que a pobreza e a fome aumentam, comprometendo até a qualidade de vida dos países mais ricos e das pessoas mais abastadas. FMI, Banco Mundial e até o relatório anual da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) foi no cerne da questão: é hora de diminuir a distância dos mais ricos para os mais pobres


****


Não poderia terminar essa carta sem voltar ao pensamento inicial e lembrar que, de fato, há bons sinais de mudança. Veja, na página 30, o caso do CONAMA, um conselho que nasceu forte, abrangente, poderoso e, praticamente, encolheu depois de 15 anos. Mas as mudanças chegaram e é bom saber porque e como está nascendo um novo CONAMA. Para despedir, vale lembrar um grafiti anônimo num muro da vida: “Quem perdeu a paciência, perdeu a batalha”.