O Exército entra na luta pela Amazônia

19 de abril de 2004

Soldados, helicópteros e técnicos do Ibama fazem mutirão de preservação ambiental

 









 


Diante do quadro internacional que se formou após a queda do comunismo nos países do Leste Europeu – seguido de um enorme fracasso econômico e financeiro naqueles países – ocorreu uma ascensão sem limites do poder policial e intervencionista dos Estados Unidos no mundo todo. E desde a Guerra do Golfo e da demonstração ao mundo do poder militar dos EUA, o Brasil começou a se preocupar com a possibilidade de, um dia, a Amazônia vir a ser alvo da cobiça daquele que, durante toda a Guerra Fria, havia sido seu maior aliado.


Amazônia: uma cobiça estrangeira
Como nos anos 50, 60, 70 e 80 as hipóteses de guerra brasileiras tinham como pano de fundo o domínio ideológico do universo, o armamento das Forças Armadas foi orientado para auxiliar os EUA numa guerra contra os países do Leste.


A Marinha, por exemplo, centrou a aquisição de material visando à possibilidade de participar de uma guerra antisubmarina, no Atlântico Sul.


O Exército espalhou baterias antiaéreas na costa atlântica e canalizou a maior parte de seus batalhões e brigadas no sul do País, visto que seus manuais visualizavam, igualmente, a possibilidade de guerra com os países do Cone Sul, especialmente contra a Argentina.


E a Aeronáutica, preocupada com o Peru, que comprava seus aviões Mig na ex-URSS, com quem mantinha boas relações, muniu-se de aviões supersônicos, de interceptação e combate, nos EUA (F-5) e na França (Mirages). Como nos anos 70, as Forças Armadas brasileiras foram obrigadas a se prepararem para outro tipo de luta – contra as guerrilhas urbanas e rurais que se formaram em reação ao regime militar instaurado no País – o Exército conseguiu desenvolver outro tipo de ação. Voltada essencialmente para o combate à guerrilha rural, obtida por meio da experiência que adquiriu lutando contra os guerrilheiros em Xambioá, no Araguaia – o Exército, a partir do governo José Sarney (1985-1989), começou a se preparar para a hipótese de um dia vir a enfrentar outras guerrilhas, especialmente na selva.


Sua primeira providência foi conseguir do Presidente, com o apoio da Aeronáutica, a revogação de um decreto que impedia o Exército de possuir helicópteros. Vários desses helicópteros foram baseados na Amazônia, onde poderiam surgir novos focos de guerrilha. Ao mesmo tempo, diante da pressão do Congresso Nacional, onde alguns deputados, como Maurílio Ferreira Lima, apresentaram projeto de lei propondo a extinção das Forças Armadas, com críticas ácidas aos 21 anos de intervenção e à desnecessária concentração de tropas no sul e no litoral – 70% do efetivo – o Exército começou a reestruturar-se.