Recursos Genéticos

Banco de germoplasma eterniza espécies do Cerrado

12 de abril de 2004

Jardim Botânico de Brasília fez 15 anos dia 14 de março e criou um centro de recursos genéticos para armazenar variedades e repovoar áreas degradadas

 







  

O Jardim Botânico do DF armazena a riqueza da região Centro-Oeste


O cerrado é hoje o bioma mais ameaçado pela destruição. Para conservar as milhares de variedades desta vegetação, o Jardim Botânico de Brasília (JBB/DF) dá um exemplo aos demais: armazena a riqueza do cerrado no único Banco de Germoplasma de plantas ornamentais vivas do Brasil. “O papel do Jardim Botânico é conservar o maior número de espécies possíveis e torná-las disponíveis ao público, de forma que as pessoas tenham acesso ao conhecimento e às plantas”, explicou Anajülia Elizabete Heringuer Salles, diretora do Jardim Botânico de Brasília.


O trabalho serve de modelo para outros estados. As primeiras espécies que fazem parte do banco pertencem às famílias Araceae, Orchidaceae, Alstroemericeae, Amarilidaceae e Bromeliaceae. O acervo ainda está sendo inventariado, mas um levantamento recente aponta 900 espécies cadastradas. 


O material que vai compor o banco está instalado, provisoriamente, num dos viveiros do JBB. De acordo com o calendário da instituição, até o final de julho, cada família vai ser estabelecida em um viveiro, formando uma coleção científica destinada ao estudo e formação de dados que serão repassados ao público brasiliense. Mas os visitantes não ficarão sem conhecer as espécies armazenadas. “As excedentes estarão disponíveis em outro viveiro, de forma que o público possa conhecer o acervo, sem comprometer a pesquisa”, esclareceu Anajúlia.


O estudo das espécies começa no campo, onde as plantas são colhidas por técnicos. “A amostra é processada, plantada, identificada, aclimatada e domesticada”, explicou Francisco das Chagas e Silva, chefe da Divisão de Botânica Aplicada. Segundo ele é um trabalho que não tem fim. É constante.


Para incrementar ainda mais o banco, a equipe de técnicos do JBB fez quatro viagens ao cerrado, passando por Tocantins, Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis, entre setembro e novembro/99. A próxima viagem será à Chapada Diamantina.


O banco foi criado em 1993 e nos primeiros dois anos o trabalho foi acelerado pelo processo de planejamento e estruturação, assim como pelo início da coleta das espécies que comporiam o banco. 







 

Exemplares de bromélias do cerrado


No início do ano passado o trabalho foi retomado, porque sua efetivação é uma das prioridades do Governo do Distrito Federal. Para isso o Jardim Botânico firmou convênio com a Embrapa, por meio do Centro Nacional de Recurso Genético (Cenargen), exclusivamente para tratar do Banco de Germoplasma. “Queremos estar incluídos na Política Nacional de Conservação, para que tenhamos certeza de que o material está sendo conservado de maneira adequada. A intenção é conservar eternamente cada espécie”, afirmou a diretora. O objetivo do banco é que no futuro se possa reintroduzir, não só nos jardins, mas na própria natureza, espécies extintas.


Reforma


O Jardim Botânico de Brasília vai ser reestruturado até julho trazendo novidades para o público. Além de organizar o Banco de Germoplasma para dar sequência às pesquisas, vai abrir espaço para um número maior de plantas ornamentais e jardins, porque estes últimos, ainda hoje, não foram construídos no Jardim Botânico. No local serão colocados vários tipos de plantas: nativas do cerrado, exóticas, e outras provenientes de estados como Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins.







  

Variedade de orquídea 
encontrada no viveiro


As reservas do Banco de Germoplasma também servirão para formar os jardins do JBB, para reproduzir as espécies, comercializá-las e recuperar áreas degradadas, reintroduzindo as espécies na natureza. Essa é uma preocupação constante da diretora do JBB. “Daqui a 20 anos esse cerrado do JBB será um dos raros que existem no país”. 


Outro trabalho que o JBB está desenvolvendo é o mapeamento da áreas que estão sendo destruídas, perdendo madeira, e buscando nessas áreas algumas espécies que ainda sobreviveram. Para isso contam com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente, de onde receberam recursos para ampliação do Banco de Germoplasma, custeando viagens e outras despesas. “Esperamos que até o fim deste governo, em 2002, estejamos com as coleções atualizadas, bem estruturadas e abertas ao público”, planeja Anajúlia.


Mais informações: (61) 366-2041 ou 366-3059








BiomaÁrea caracterizada por uma fisionomia homogênea devido a um determinismo climático, independente da composição florística e faunística. Por exemplo: Cerrado, Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Caatinga.


 








Banco Ativo de GermoplasmaConsiste em uma área onde são reunidas coleções de plantas em cultivo com objetivos de conservação da variabilidade genética das espécies.


 








Serviço
O Jardim Botânico de Brasília fez agora em março 15 anos e tem 5 mil hectares, dos quais 526 estão abertos à visitação pública, de terça a domingo, das 9h às 17h. Os ingressos custam R$ 1,50. Crianças e idosos não pagam.


 








SUMMARY


The germoplasma bank will make the species last forever


Nowadays the scrub is the most threatened biome by the destruction. To preserve several varieties of this vegetation, Brasilia’s Botanical Garden (JBB/DF) gives the other Botanical Gardens an example: it keeps the wealth of the scrub in the unique Germoplasma Bank of decorative plants in Brazil. “Botanical Garden’s aim is to preserve the greatest number of species as possible and make them available to the public, so that the people can have a good access to the knowledge and to the plants”, explained Anajulia Elizabete Heringuer Salles, Botanical Garden’s director.


Their work is a model to other states. The first species to be part of the bank are from the Araceae, Orchidaceae, Alstroemericeae, Amarilidaceae and Bromeliaceae families. The material that is going to take part of the bank is still being checked but a present research shows about 900 registered species. 


The bank was created in 1993.The work went on in a slow rhythm. In the beginning of last year the work was back, setting an agreement with Embrapa (Brazilian Agropecuaria Research Enterprise).


This completely set up is one of Distrito Federal Government’s priority. The savings of the bank will also be useful to form the gardens of JBB, reproduce the species, trade them and rehabilitate degraded areas, getting the species back to the nature. The director of JBB often worries about that. “In 20 years JBB’s scrub will be one of the rare that exist in the country”, said Anajulia.