Gestão Ambiental

Empresas mundiais discutem no Rio de Janeiro desenvolvimento sustentável

19 de abril de 2004

Executivos de 120 companhias internacionais de 30 países, que faturam US$ 3 trilhões, estarão reunidos no Rio de Janeiro, de 23 a 27 de agosto corrente e de 10 a 3 de setembro próximo no World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) com a participação de acadêmicos, representantes de consumidores e de organizações não governamentais… Ver artigo

Executivos de 120 companhias internacionais de 30 países, que faturam US$ 3 trilhões, estarão reunidos no Rio de Janeiro, de 23 a 27 de agosto corrente e de 10 a 3 de setembro próximo no World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) com a participação de acadêmicos, representantes de consumidores e de organizações não governamentais para um debate sobre eficiência ecológica, responsabilidade social das empresas e consumo sustentável.


A entidade, que já promoveu encontros semelhantes na Europa, na Ásia e na África, e se reúne pela primeira vez na América Latina, abrange associados de vinte diferentes setores industriais. É integrada por três sócios brasileiros: as empresas Aracruz Celulose, Companhia Vale do Rio Doce e White Martins. Seu presidente mundial é o sueco Björn Stigson, e a sucursal brasileira é presidida pelo empresário Felix de Bulhões, da White Martins.


Temas
A eco – eficiência é um dos principais temas em debate, envolvendo a responsabilidade social das empresas e a produção e o consumo sustentáveis. A eco – eficiência não se restringe à instalação de equipamentos nas indústrias para reduzir a emissão de poluentes, mas à adoção de práticas ambientais corretas envolvendo todo o processo produtivo e até mesmo as relações da indústria com a comunidade local.


Ela pode ser resumida em produzir mais e com maior qualidade, utilizando menos matérias – primas e energia, reduzindo as emissões de poluentes em todas as fases do processo produtivo, numa combinação de eficiência econômica e ambiental.


Empresas canadenses e australianas, especialmente em áreas como a mineração, foram as primeiras a adotar práticas de eco – eficiência, que incluem um contínuo processo de educação ambiental envolvendo todos os setores de produção, e até cuidados com a apresentação da indústria, como o ajardinamento e a plantação de árvores em áreas externas dos edifícios.


O presidente da WBCSD admite que as práticas de eco – eficiência na América Latina estão mais avançadas no México e na Argentina, mas atesta que os empresários brasileiros estão a cada dia se convencendo da necessidade de seguir práticas ambientais, até como forma de garantir o acesso do mercado externo para seus produtos.


Lucros
O desafio dos empresários que se dedicam à produção ecologicamente sustentável é aferir os resultados financeiros decorrentes dessa postura. Eles se ressentem de critérios capazes de definirem a repercussão da eco – eficiência no resultado financeiro da empresa.


Essa questão será examinada nos seminários que serão realizados no Rio de Janeiro, especialmente nas reuniões de setembro, que envolverão apenas diretores das empresas multinacionais que estarão presentes ao evento.


Um modelo para definir como as práticas ambientais podem tornar-se lucrativas e como a eco – eficiência pode ser percebida não só pelos dirigentes das empresas, mas pela opinião pública, está sendo desenvolvido com a participação de 22 grandes companhias, dentre elas a Volkswagen, a Shell e a Monsanto.


É provável que até março do próximo ano os primeiros resultados possam ser publicados, contribuindo para definir um padrão de comportamento que possa traduzir, em termos financeiros, as ações de desenvolvimento sustentável.


Responsabilidade social
Outro tema que terá relevância nas discussões do Rio de Janeiro é relativo à responsabilidade social das empresas. Muitos empresários ainda consideram que essa é uma tarefa exclusiva dos governos e não das empresas.


A idéia é mostrar que além do pagamento do salário, que tem seu valor diferente em cada país, as empresas precisam se envolver com os problemas de seus empregados, de suas famílias e da própria comunidade, participando de alguma forma do desenvolvimento econômico e social de sua área de influência imediata.


Alguns exemplos caracterizam esse comportamento: a Shell patrocinou a publicação de um guia para administradores sobre direitos humanos; a Unilever desenvolve um projeto de educação nutricional na África do Sul e a Novartis auxilia agricultores da República Dominicana a proteger suas colheitas.


Tornar essas práticas mais constantes, e estimular o maior número possível de empresas a segui-las, é um dos temas a serem debatidos nos seminários no Rio, com o propósito de estabelecer um canal de diálogo entre as empresas e a sociedade, segundo a visão dos dirigentes da WBCSD.


BRASIL SEMPRE, uma nova revista


O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS – lançará uma revista especializada que terá o nome de BRASIL SEMPRE. A revista terá um site na Internet e será editada em português e inglês, com o propósito de divulgar as ações de empresas brasileiras voltadas para o desenvolvimento sustentável. O lançamento de BRASIL SEMPRE ocorrerá por ocasião do encontro do World Business Council for Susteinable Development, no Rio de Janeiro, agora do dia primeiro ao dia 3 de setembro.


Antes do encontro do WBCSD, todos os representantes das 120 empresas visitarão a Amazônia, mais precisamente o Projeto Carajás, da CVRD.


3M: devolução de embalagens


Algumas empresas já estão atuando na linha da eco – eficiência. A By – Product Synergy está adotando o sistema do lixo – zero: ou seja, o que é lixo numa indústria é utilizado como matéria – prima em outra, total ou parcialmente. Isso permite não só uma redução dos poluentes, como uma sensível diminuição nos custos da produção.


As cinzas resultantes de emissões das indústrias de alumínio podem ser utilizadas como matéria – prima para a produção de tijolos, reduzindo o custo da construção civil, uma experiência que vem sendo feita com êxito pela Alumar, uma indústria que produz alumina e alumínio nas proximidades de São Luís, capital do Maranhão.


A Interface, uma empresa norte – americana que faz revestimento de piso, recupera o carpete danificado, devolvendo-o ao comprador, e com isso evitando a produção de lixo (reduzindo a poluição) e diminuindo a utilização de fibra (reduzindo custos).


Outra empresa norte – americana, a 3M, uma multinacional que produz mais de 50 mil produtos, introduziu uma cláusula nos contratos com seus fornecedores, tornando obrigatória a devolução das embalagens de vários produtos, assim como a devolução de determinados equipamentos, após concluída sua vida útil. Esses equipamentos são recuperados e reciclados, retornando ao mercado, para nova utilização.