Recursos hídricos

Rio de Janeiro sofre com catástrofes ambientais em cascata

12 de abril de 2004

Ministério Público pediu que fosse criado um “pool” de universidades para auditar acidentes com o meio ambiente na Baía de Guanabara a nas lagoas do Rio


A única catástrofe  impossível de acontecer no Rio de Janeiro é o Cristo Redentor amanhecer de braços cruzados. Embora esteja amarrado para limpeza que nunca acaba. No estado, como tem registrado a Folha do Meio Ambiente, faz parte da cultura das autoridades, de modo geral, cruzarem os braços e esperarem a concretização dos acidentes prognosticados pelos técnicos, para depois anunciarem as providências como forma de marketing político ou empresarial. E assim, o carioca está perdendo a capacidade de indignar-se, não só por isso, mas também porque não consegue exigir que se apurem as causas das catástrofes, que sucedem em forma de cascata, senão se afoga.
O impacto do vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo da REDUC – Refinaria de Duque de Caxias da Petrobras, no dia 18 de janeiro, na Baía de Guanabara, ainda não havia se arrefecido, quando o Rio de Janeiro foi outra vez violentamente sacudido por outra tragédia; uma grande mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas. Era 6 de março, segunda-feira de carnaval e os foliões perdiam espaço nos jornais para a retirada de 130 toneladas de peixes mortos da Lagoa. O início  desse problema foi detectado antes do derramamento de óleo da Baia de Guanabara, mas só culminou no Carnaval, exatamente no período que se esperava o aprofundamento das investigações sobre o vazamento.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Alerta
O jornal O Globo registrou no dia 5 de fevereiro, que a Companhia de Água e Esgoto do Estado – CEDAE havia levado dois meses para intimar infratores a desativarem ligações clandestinas de esgoto na rede de águas pluviais. Esse alerta aconteceu precisamente um mês antes da grande mortandade de peixes. Depois do acidente, Prefeitura e Estado iniciaram uma guerra de acusações. No dia 16 de março, mudaram de estratégia, o município anunciava a mesma dragagem já divulgada pelo Estado. Assim os dois poderes passaram a disputar as obras. E as outras lagoas do Rio de Janeiro, principalmente da Zona Oeste, Barra e Jacarepaguá  correm sérios riscos, segundo técnicos.
O Ministério Público Estadual parece que tem feito grandes esforços para elucidar esse crime ambiental. Determinou que fosse criado um pool de universidades para auditar as  causas do acidente e elaborar soluções técnicas definitivas que acabam com o eterno problema da Lagoa. Mas, o que o MP pode fazer, depois de caracterizar o crime e concluir os inquéritos, é processar. Cabe à justiça punir.


Soluções simples
O Jornal do Brasil publicou no dia 9 de março 13 projetos que não saíram do papel, de 1877 a 1980. O primeiro foi apresentado pelo Barão do Lavradio, que era presidente da Junta Central de Higiene Pública. Ele sugeria a construção de um cais capaz de levar água do mar à Lagoa, em 1877.
Em 1981, quando aconteceu a maior mortandade  de peixes da história, na Lagoa Rodrigo de Freitas; 352 toneladas, sendo retiradas 270 toneladas de peixes mortos no 3 de junho, 21 toneladas, no dia 17 de julho, outras 21 toneladas, no dia 29 de setembro mais 40 toneladas, no dia 24 de outubro do mesmo ano-81. Diante desse quadro foi criado um projeto simples, mas executado, que deu resultado. A solução proposta na época, pela CEDAE-RJ, consistia em três pontos básicos,: eliminação dos lançamentos de esgoto, retirada do lodo ativo e renovação das águas.
Essas estatísticas são da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), registradas na Revista do ex-Ministério do Interior, vol. IV, n0 51, de 1983. Todo o projeto e suas etapas, com um título Soluções Simples estão descritos na mesma revista. Segundo uma técnica da FEEMA, que pediu para não ser identificada, que bastava a fiscalização desse projeto implantado em 1983.