Off-road

Pantanal: diversidade e beleza

29 de abril de 2004

A rodovia Transpantaneira, de 127 km, passa dentro da reserva selvagem

O primeiro ponto de apoio para o turista que se aventura na rodovia Transpantaneira, após cruzar o portão do Ibama, é a Pousada do Pixaim, 45 km adiante. A pousada oferece, além do pernoite, três refeições e um passeio de voadeira (canoa com motor). Os animais em torno da pousada estão acostumados com a presença de turistas e o passeio parece estar acontecendo no quintal da nossa própria casa. Há mais duas opções semelhantes à da Pousada do Pixaim, Araras Lodge e o Hotel Fazenda Santa Tereza.
Saindo de Cuiabá, Mato Grosso, o começo da Transpantaneira está a menos de duas horas de viagem. A rodovia inicia na pequena cidade de Poconé. Tecnicamente, porém, o marco zero é no portão de fiscalização do Ibama, por onde é feito o controle da pesca. A partir daí, são 127 km de terra e 125 pontes rudimentares. Duas delas, no entanto, foram recentemente construídas em concreto e são de mão única.
Prudência é a melhor recomendação para quem se aventura na Transpantaneira: desça sempre do carro para inspecionar as pontes, há muitas armadilhas entre as tábuas afastadas e os vários pregos soltos; fique atento aos animais, não faltam cobras e jacarés ao redor das pontes; use jeans e camisa de manga longa por causa dos mosquitos e do sol. Se for possível, carregue algumas tábuas para colocar no lugar daquelas que estão faltando.
Outro lugar adequado para descanso fica a pouco mais de 40 km após o Pixaim, é a Pousada do “seu” Leirinho, um pequeno abrigo no Pantanal onde é possível pernoitar, jantar e tomar um bom café da manhã. Barganhando, o preço da diária pode ser reduzido pela metade. Atenção: as pontes, do Pixaim até o Leirinho, são as piores de toda a Transpantaneira. Por tanto, se você conseguir chegar lá, não desanime, e siga em frente por mais 37 km até o fim da estrada: o acampamento de pesca de Porto Jofre, onde também existe uma pousada.
Fora de estrada – Prepare muito bem seu carro, de preferência um utilitário com tração e redução. Certifique-se das condições dos pneus e leve um cabo de aço para reboque. Ele poderá ser útil para o resgate de seu próprio carro ou de outro. Inclua na bagagem água, comida e um kit para primeiros socorros. Não tenha pressa. É praticamente impossível ir e voltar no mesmo dia. Por tanto, curta a paisagem e os animais. Há milhões de mosquitos. Utilize o ar condicionado do carro para não ter de abrir as janelas.


Para entender o Pantanal


O Pantanal Mato-Grossense é uma vasta planície sedimentar com 230 mil quilômetros quadrados, cortado pela bacia do Rio Paraguai. Deste total, 135 mil hectares formam o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense. Seu relevo oscila pouco, de 100 a 200 metros. Está localizado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, cercado ao Norte pelas serras dos Parecis, Azul e do Roncador, a Leste pela Serra de Maracaju (Planalto Central), ao Sul pela Serra da Bodoquena e a Oeste pelos chacos paraguaio e boliviano.
O Pantanal Norte, no estado do Mato Grosso, tem uma área aproximada de 80 mil quilômetros quadrados e abrange os municípios de Cáceres, Poconé e Melgaço. O Pantanal Sul, com cerca de 150 mil hectares, fica no estado do Mato Grosso do Sul e engloba os municípios de Aquidauana, Miranda, Paraguai, Rio Negro/Nhecolândia, Nabilque, Aboral e Paiaguás.
A época mais indicada para uma visita à região é entre o período de maio a setembro, quando as águas estão mais baixas. No entanto, as últimas alterações climáticas registradas no planeta modificaram em muito o clima das águas e da seca em várias regiões. Uma delas foi o Pantanal. No último mês de janeiro, em relação a anos anteriores, foi baixo o índice de precipitação pluviométrica, permitindo a passagem de veículos.
A pesca, autorizada de fevereiro a outubro, após a desova e o crescimento dos alevinos, pode ser praticada apenas com vara e desde que haja licença. O limite máximo de captura por pessoa é de 30 quilos. Por tanto, se você pescar além disto, devolva ao rio. Caso contrário, os peixes serão apreendidos pelos ficais do Ibama em algum dos vários postos de fiscalização espalhados pela região e você será multado. A caça, porém, é rigorosamente proibida. Praticá-la é um crime inafiançável.
Para evitar surpresas desagradáveis, convém vacinar-se contra a febre amarela 10 dias antes da viagem, para que a medicação surta resultado. Também é recomendável vacinar-se contra a hepatite. A vacina contra a febre amarela pode ser feita nos postos da Sucam, na região, ou em postos de saúde de qualquer cidade. Já a vacina contra hepatite é difícil de ser obtida na rede pública de saúde. Mas, com certeza, você a encontrará em clínicas particulares.
É recomendável viajar levando um estojo de Primeiros-Socorros para prevenir qualquer contra-tempo, como arranhões e picadas de insetos.  Para montar um estojo adequado, você pode pedir orientação junto a Cruz Vermelha Internacional, socorristas do Corpo de Bombeiros ou em postos de saúde.
Além da hospedagem em hotéis e pousadas, que muitas vezes providenciam o translado de barco ou de avião até o local, existe a opção de hospedagem em barcos (chalanas) de pesca, muitos têm até ar-condicionado. Mais de 15 barcos realizam este tipo de serviço e as reservas podem ser feitas  por telefone. Selecionamos alguns:
Albatroz – 18 camarotes, cada um com capacidade para acomodar quatro pessoas; chuveiro elétrico, ar-condicionado. Fones (067) 231.4851 e (011) 214.2777.
Beira-Rio – Seis quartos com chuveiro elétrico. Fone (067) 242.1476.
Barão de Melgaço e Kayamã – Seis camarores com chuveiro elétrico. Fone (067) 231.1460.
São Paulo – Seis camarotes com chuveiro elétrico, fábrica de gelo. Fones (067) 231.5463 e (011) 255.3194.
Outros serviços – Pousada do Leirinho – sem telefone; Pousada do Pixaim – (065) 721.1172; Hotel Fazenda Santa Tereza- (065) 321.2327; Araras Lodge- (065) 682.2800.