Gás natural está poluindo mais que gasolina
23 de abril de 2004Conversões irregulares e kits mal feitos desvirtuam o objetivo ambiental
Participaram do encontro com técnicos e diretoria do Ibama, dia 6 de abril, 21 empresas e entidades de classe: Firjan, Inmetro, AGNV, IBP, Fiat Automóveis, BRC-WMTM, Abrive, PGN, Tomasetto, Achile, Angis, Cata, Oyrsa, Elétrica Auto, Sindirepa-DF, Tury do Brasil, KGM, Napro, Sindirepa-RJ, Sindirepa-PR e Sindirepa-PR.
Ao abrir a reunião, Nilvo Luiz Alves da Silva, diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental do Ibama, foi bem objetivo: “Os organismos regulamentadores da política ambiental brasileira são o Congresso Nacional e o Conama e o Ibama é o organismo federal executor desta política; se o setor tiver alguma proposta de mudança na regulamentação, esta deve ser encaminhada a essas instâncias e o Ibama vai implementar as ações de sua competência para incentivar as corretas instalações de kits (com Cagn) e coibir as irregulares”. E concluiu Paulo Macedo: “Estas ações alcançarão todo o segmento passando pelos importadores, fabricantes de kits/componentes e pelas oficinas que fazem a conversão do sistema”.
Para o analista ambiental Paulo Macedo, é sabido, que se utilizado inadequadamente, pode-se ter um grande aumento na emissão de poluentes por veículo. “Para exemplificar – diz ele – ensaiamos um veículo homologado para a fase III do Proconve, e medimos os poluentes com os carros movidos a três tipos de combustível: a gasolina, a GNV com o gerenciamento eletrônico do motor e a GNV desligando o sistema de controle eletrônico do motor. Este último equivale em método e tecnologia a muitas destas conversões não criteriosas que estão sendo feitas hoje por aí”. Os resultados finais estão no quadro acima.
Explicando melhor o quadro, Paulo Macedo deixou claro: “Podemos ver a perda ambiental que tem um veículo a GNV, propalado como ambientalmente limpo, se ele é simplesmente convertido sem critérios tecnológicos. E isto em relação a uma conversão com esses critérios e ele próprio com o combustível original conforme homologado”.
Portanto, ficou evidente para todos os participantes do encontro que os ganhos ambientais esperados da utilização do GNV em larga escala, só acontecerão se utilizada as tecnologias adequadas disponíveis de controle eletrônico do funcionamento do motor. “Essas devem ser incentivadas, inclusive nas próprias montadoras”, conclui Paulo Macedo.
Na verdade, todos os participantes do encontro estavam preocupados com os prazos estabelecidos pelo Conama. Tanto a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro-Firjan como o Instituto Brasileiro de Petróleo-IBP formalizaram a posição em documento ao Ibama. Outras entidades, porém, como a Associação Brasileira de Gás Natural Veicular (ABGNV), reafirmaram apoio às ações dos órgãos governamentais.
Paulo Macedo explicou, no final da reunião, que os prazos necessários já foram concedidos e vencidos. E concluiu: “As ações do Ibama visam a garantir os ganhos ambientais que o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores conseguiu e continuará perseguindo”.