Queimadas

Brasil em chamas. Todo ano é a mesma história

15 de abril de 2004

Quando o fogo toma conta das matas, o controle fica muito difícil. Se venta, a situação piora



Grande parte do país sofre com as queimadas que se estendem por dez estados, concentradas no Centro-Oeste, Norte e parte do Sudeste e do Sul. Promovidas pelos pecuaristas e produtores rurais que costumam usar o fogo para renovar as pastagens ou preparar a terra para o plantio, as queimadas de 1999 estão superando as registradas o ano passado.
Mato Grosso é o campeão absoluto das queimadas, com 11.453 focos registrados até o final de agosto último, seguido pelo Pará, com 5.321 focos, Mato Grosso do Sul com 2.270 focos, Tocantins com 1.124 e Minas Gerais com 1.010 focos de queimadas.
Mas no Sudeste e no Sul o fogo também faz estragos. Centenas de hectares dos parques nacionais de Itatiaia e da Serra dos Órgãos, ambos no Rio de Janeiro, foram devastados pelo fogo, o mesmo acontecendo com o Parque Nacional da Ilha Grande, na divisa do Paraná com Mato Grosso do Sul, considerada a principal área de proteção dos cervos no Brasil. A reserva ecológica de Salto Santiago, a 170 quilômetros da cidade paranaense de Cascavel também está sob fogo, ameaçando as 900 famílias assentadas nos 3,2 mil hectares da área.


Quando o fogo toma conta da mata não há muito o que fazer. Bombeiros, tropas do Exército e da Polícia Militar e voluntários tentam o que podem para conter a queimada, mas é impossível impedir a sua progressão, principalmente se está ventando forte na área.
Este ano os helicópteros têm sido usados com mais freqüência. Os bombeiros estão utilizando um equipamento novo, o banby buck, uma espécie de balde gigante que despeja água sobre a parte mais ativa do fogo, mas ainda assim os resultados são limitados.


O risco do blecaute


No dia 17 de agosto último a capital do Maranhão, São Luís e o norte do estado ficaram às escuras durante 48 minutos. Causa: as queimadas que danificaram as linhas de transmissão, provocando desligamentos.
Segundo relatório do NOS (Operador Nacional de Sistemas), no mês passado foram registrados 54 desligamentos em linhas de transmissão de várias regiões do País, provocados por incêndios, inclusive em troncos importantes omo Ivaiporã, Presidente Dutra e Marabá.
Em São Paulo, que consome 40% da energia produzida no país, especialmente pelo setor industrial, há riscos de corte nas regiões sob influência das subestações de Ribeirão Preto e Santa Bárbara e na região de Bauru.


Monitorando o fogo


O Ibama e o Inpe montaram um sistema de monitoramento das queimadas com a identificação das áreas de maior risco de ocorrência de incêndios florestais. É o ProArco – Programa de Monitoramento de Queimadas e Prevenção de Controle de Incêndios Florestais no Arco do Desflorestamento na Amazônia.
Diariamente, às oito horas da manhã, os arquivos do satélite NOAA com as coordenadas dos focos de calor por município e informações meteorológicas são transferidos dos computadores do Inpe para os computadores do Ibama.
Entre nove e dez horas é realizada uma conferência entre técnicos na Sala de Situação do Ibama, onde são discutidos os prognósticos sobre os focos de calor detectados, além de previsões meteorológicas detalhadas para as áreas de risco indicadas.