Semana do Índio

O índio brasileiro e a inclusão digital

23 de abril de 2004

O índio quer muito mais do que apito. Quer computador, software e internet

Dois povos indígenas privilegiados são os waimiri atroari e os parakanã. Há 15 anos estavam quase extintos. Hoje têm acesso a ações de saúde, educação, defesa do território e resgate sociocultural como poucos brasileiros têm. Devido a um programa desenvolvido pela Eletronorte e Funai que ainda vai durar mais dez anos, esses índios vêm crescendo a taxas excepcionais e conquistando uma qualidade de vida exemplar. Contam também com bancos de dados sobre cada passo que dão na vida, desde a hora em que nascem. O banco de dados dos programas Waimiri Atroari e Parakanã foi o primeiro conhecimento advindo da tecnologia da informação. Fazendo principalmente cálculos de bioestatística, os índios aprenderam rápido e muitos já escrevem textos e fazem planilhas. Segundo o indigenista Porfírio Carvalho, responsável pelos programas, “o sistema de informação dos índios lembra muito o sistema binário, o que facilitou sobremaneira o aprendizado da nova tecnologia. Nós mesmos desenvolvemos o programa de banco de dados, fundamentais para o acompanhamento dos subprogramas. Evidentemente a entrada da nova tecnologia tem que ser avaliada com muito cuidado, para que não haja distorção do uso da informação. Nós estamos tendo esse cuidado e os próprios índios estão sabendo conduzir o processo, inclusive do ponto de vista ético”, explica.


summary


Native brazilians and digital inclusion


Governments and NGO}s have worked toward holding good discussions about digital inclusion – disseminating information technology and providing easier access to the worldwide computer network and use of free software in both the office place and community telecommunications centers which have been installed in several regions of the Country.  
However, when the subject turns toward digital inclusion of indigenous communities the discussion must broach the delicate area of cultural preservation of traditional peoples.  Should we take computers and access to information to the native villages in the middle of the forest?  There are those who are categorically against this idea.  Others however, believe that the computer and the Internet can be useful to these communities, provided that the first contact is made in an administrative atmosphere, with those more mainstreamed Indians, who speak and write in Portuguese, for example.  One thing is certain however; native Brazilians no longer want to be told what to do.   They want the computer just as they also want other comforts that the white man has, but they want them in the form of educational and work tools.  But just to get started, they need access to electric power or to be near it.  Then come the other requirements such as training, appropriate equipment, access to wide band, ethics code as so on. 
Two native peoples, the Waimiri Atroari and the Parakanã have been so privileged.  Fifteen years ago they were nearly extinct.  Today they have access to health and educational facilities, protection of their territory and a social and cultural revival afforded to few Brazilians.  Thanks to a development program sponsored by Eletronorte and the FUNAI, which will extend for another 10 years, these natives have grown at an exceptional rate and have successfully achieved an exemplary quality of life.  Today they have access to a data bank related to each step they take in life, from the time they are born.  The Waimiri Atroari and Parakanã programs data bank was the first acquisition arising from information technology.  Based mainly on bio-statistical calculations, these Indians have learned quickly and many of them can process texts and work with spreadsheets. 
The expert on indigenous peoples Porfírio Carvalho is nearly always connected on line with these communities and by two-way video camera.  “They call me an enchanter,” joked Carvalho, who further explained that the goal of the programs is to have at least one computer in each village connected in network by broadband.  Therefore it will be possible, for example, to solve small problems, send and receive strategic information and even conduct long distance medical consultations. 
The tribes have used solar energy to enter the worldwide web and already have an Internet site.


Energia solar e home-page
 A tecnologia da informação pode calcular a área do roçado, a entrada de intrusos na área demarcada da reserva e os principais locais de caça e pesca


Na verdade, essas duas comunidades só estão conseguindo ampliar o seu conhecimento por meio da computação e da internet porque também têm o privilégio de contar com placas de energia solar em suas aldeias.
A maioria dos computadores está instalada nos prédios onde funciona a parte administrativa dos programas, em Manaus e em Tucuruí.
E foi de lá, de terras tão distantes, que encontramos o indigenista conectado com essas comunidades on-line e com câmera de vídeo ligada nos dois pontos. “Eles dizem que sou feiticeiro”, brinca Porfírio Carvalho, explicando que a meta dos programas é ter pelo menos um computador em cada aldeia, ligados em rede por banda larga. Assim será possível, por exemplo, resolver pequenos problemas, enviar e receber informações estratégicas e até mesmo realizar consultas médicas a distância, um processo que já está em fase de treinamento.
Outro uso que os waimiri atroari e parakanã estão fazendo da tecnologia da informação é calcular a área do roçado, a entrada de intrusos na área demarcada da reserva e os principais locais de caça e pesca. Isto com o apoio de um software nacional integrado ao sistema de rastreamento por satélite GPS. Os mais jovens, principalmente, apropriam-se desses recursos mais rapidamente, possuem um bom conhecimento do mundo do homem branco e o que pode ajudá-los na luta pela sobrevivência.


Home-page
Uma história real ilustra bem a boa relação entre índios e a inclusão digital, pelo menos nesse caso. Em uma reunião com pesquisadores e executivos, perguntas e mais perguntas atormentavam a cabeça de um jovem cacique. Numa repetida cobrança de mais dados, ele foi categórico: por favor, mais informações acessem a página www.waimiriatroari.org.br.
Sorrisos amarelos a parte, realmente vale a pena conhecer a página, e também a www.parakana.org.br.
Os dois sites são dos primeiros surgidos entre comunidades indígenas no Brasil. Neles é possível conhecer as ações desenvolvidas e ter acesso a uma loja eletrônica que comercializa o artesanato e produtos das comunidades, por exemplo.
Quando tiverem um sistema melhor estruturado, será possível ler o jornal eletrônico O Kinja (pronuncia-se ‘quinha’) ou assistir a vídeos com as festas tradicionais de cada tribo. E caso o leitor queira saber mais detalhes envie um e-mail e ele será respondido com o apoio de 28 professores índios que atuam no subprograma de Educação. E tudo sem nenhuma feitiçaria.


A meta é ter
pelo menos um computador em cada aldeia, ligados em rede com banda larga


 



No rio Negro
Computador apóia índios em novas alternativas econômicas


Apoiar novas experiências de alternativas econômicas adaptadas ao meio ambiente na região do rRio Negro, no Estado do Amazonas, desenvolvendo também a inclusão digital de comunidades indígenas, tem sido o objetivo do Instituto Socioambiental – ISA, ONG que mantém escritório em São Gabriel da Cachoeira, e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – Foirn.
Para melhorar a vida nas aldeias – ao todo são 750 aldeias, onde habitam mais de 30 mil índios pertencentes a 22 grupos étnicos diferentes, representantes das famílias lingüística tukano, aruak e maku – uma rede de computadores conectados à internet está apoiando projetos indígenas de piscicultura, cultivos regionais, empresas comunitárias de mineração, ecoturismo e produção e comercialização de artesanato feminino.
Para desenvolver as ações de inclusão digital dessas comunidades, o ISA e a Foirn contam com duas antenas  do programa Gesac – Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão, do Governo Federal. O Gesac tem como meta disponibilizar acesso à internet e mais um conjunto de outros serviços de inclusão digital a comunidades excluídas do acesso à rede mundial de computadores.
Uma antena está instalada na sede da Foirn, em São Gabriel da Cachoeira, a 800km de Manaus e outra na Escola Indígena Municipal Baniwa Coripaco Pamáali. A primeira, além das atividades econômicas, apóia mais de 200 professores indígenas da região na descoberta de novos conceitos e práticas de educação multicultural e multilingüe. Num banco de dados a Foirn mantém informações como, por exemplo, um censo demográfico, um zoneamento ecológico e econômico e uma pesquisa sobre as línguas indígenas.
Já os alunos da escola, piloto do projeto de Educação Indígena no Alto Rio Negro, localizada no Alto Rio Içana, recebem aulas de computação em apenas dois computadores doados e também de manejo agroflorestal, piscicultura, artes e administração.


Software livre
Vale ressaltar o uso do software livre também nesse projeto do ISA. Seguindo a tendência de empresas e órgãos governamentais no Brasil atualmente, o uso do software livre possibilita a liberdade de executar o programa para qualquer fim; estudar o funcionamento do programa e adaptá-lo às necessidades específicas; redistribuir cópias e aplicar melhorias no programa, distribuindo também essas modificações de forma a beneficiar toda a comunidade.
Ao contrário dos programas proprietários (aqueles que são pagos e fechados) que obrigam os usuários a se adaptar à tecnologia, o software livre, além de representar uma economia substancial para projetos de inclusão digital, significa acima de tudo uma reafirmação da cidadania ao oferecer liberdade para aprender, ensinar, competir, de expressão e de escolha.


A primeira vez é sempre inesquecível
Em Altamira (PA) os xipaia teclam e navegam na rede floresta de inclusão digital


Dona Maria Augusta é a matriarca da nação xipaia na cidade de Altamira, oeste do Pará. Preside a Akarirá, associação que defende os interesse do seu povo. Há poucos dias essa velha índia de rosto marcado pelo tempo da floresta juntou parentes de várias gerações e foi conhecer o primeiro telecentro da Amazônia e da Rede Floresta de Inclusão Digital – Topawa Ka}a, que a Eletronorte está instalando na região. A primeira impressão foi de surpresa e euforia. A primeira vez diante da tela e do teclado
certamente foi inesquecível para os xipaia, um povo que vive pensando em trabalhar e ter um futuro menos sofrido. Em Altamira são 20 computadores conectados à internet e usando software livre à disposição da comunidade, de dezenas de movimentos sociais e outros tantos grupos indígenas. Nesse momento, todas essas pessoas estão escolhendo o conselho gestor do telecentro para que seja possível desenvolver uma série de atividades para o
crescimento humano e o desenvolvimento
socioeconômico.


Geisiane, 13 anos, não tem palavras para descrever o que está sentindo: “a primeira vez está sendo muito bom pra mim, que nunca tinha visto um computador. Agora sei que vai representar muito para minha vida, assim como pra vida de qualquer um”. Seu primo Adílio está extasiado: “Dá um negocinho estranho, mas a pessoa leva bem. Acho bom pra nossa comunidade entrar na internet de graça, sem precisar pagar um curso. Vale a pena não só pra nós, mas pra toda a humanidade, que fica mais informada”.
Na fileira logo atrás, Isabel, dona Maria, seus filhos, seus netos – “tá tudim aqui!” -, todos estão tendo o primeiro contato com a tecnologia da informação e todos concordam num ponto: se for para estudar, aprender, facilitar um emprego e melhorar a qualidade de vida, então é “um negócio muito bom!”. Conectado a um site sobre povos indígenas, Antônio resume a sensação: “isso aqui é muito bom pra mim e pros meus parentes. Vai servir muito para o nosso futuro, pra vida que temos pela frente. É uma grande oportunidade que a Eletronorte está abrindo nesse grande espaço para gente estar aqui estudando e aprendendo para seguir em frente”.
 Dona Maria Augusta pede para falar. “É um grande prazer que tenho em usar um computador. Eu nunca ‘esperancei’ na minha vida chegar ao ponto em que cheguei. Em nome da nossa associação posso dizer que estamos muito contentes de ver meu povo aqui, todo mundo aprendendo. E vem mais gente por aí. Acho que com esse apoio, meus filhos podem ter um emprego melhor. Antes a gente não tinha dinheiro para pagar um curso de computação, mas mesmo assim a associação conseguiu pagar curso para seis índios. Nós somos um povo carente e temos que nos encostar num pau que tenha sombra. E adquirir mais e mais coisas para a minha comunidade”.
Aproveitando a carona no grupo xipaia, Gilson, da nação curuaia, concorda: “computador é uma necessidade da humanidade hoje. Todos tendo acesso poderão ter uma oportunidade maior no mercado de trabalho. Nossa expectativa é muito boa, num momento em que uma empresa abre as portas para a comunidade e esse espaço passa a ser uma grande porta para o aprendizado, computação e informação”.
Então voltamos à pergunta: devemos levar computadores e o acesso a informação para as aldeias indígenas no meio da floresta? Ou para localidades próximas às reservas? Ou não levar? O leitor certamente saberá tirar suas conclusões.
(AA)


“É um grande prazer que tenho em usar um computador. Eu nunca ?esperancei?
na minha vida chegar ao ponto em que cheguei?
Maria Augusta Xipaia


Amazonas Indígena marca diálogo com Estado


Estado do Amazonas realiza 15 oficinas preparatórias sobre problemas e
soluções apropriadas para o etnodesenvolvimento sustentável


Da redação
No Estado do Amazonas vivem 17,1% de indígenas brasileiros, o equivalente a quase 120 mil índios. No Amazonas concentram-se 74 das 220 etnias registradas no Brasil, com maior percentual (33%) na etnia tikuna, conforme dados da Funai e que possui 30% das terras
indígenas registradas do País, cerca de 178, além de uma sólida organização dos povos indígenas em dezenas de
associações, federações e confederações das organizações indígenas, incluindo a sede da Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, a Coiab. Logo, o Amazonas, com toda esta demanda e diversidade de povos indígenas, tem avançado no campo das relações entre estas populações e o poder público ao construir, por meio de ações participativas do governo estadual com as principais lideranças e povos indígenas organizados do Amazonas, um programa de desenvolvimento sustentável que gere emprego, renda e qualidade de vida paras as populações indígenas locais.


Batizado de Amazonas Indígena, este programa é uma espécie de agenda indígenas do Estado que prevê a realização de ações concretas que gerem desenvolvimento por meio do fomento aos setores da educação, saúde, geração de renda e emprego, segurança, moradia, regularização fundiária e outros que possam garantir qualidade de vida aos índios estabelecidos.
O programa tem um início significativo. Após receber uma lista de nove nomes indicados para dirigir a Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi), o governador Eduardo Braga nomeou Bonifácio José, índio baniwa, para a presidência. Segundo o governador, essa é uma experiência importante, pois mostra a transparência e boas intenções do governo que tem a participação e a boa vontade das próprias lideranças indígenas. Para Bonifácio José os índios estão mais atentos e participativos ao processo de desenvolvimento de suas populações. “Podemos mostrar que hoje em dia nós índios podemos ser donos do nosso próprio processo de desenvolvimento e a prova disso foram as conferências indígenas realizadas nas principais comunidades do Amazonas e que resultaram na Conferência Estadual dos Povos Indígenas no ano passado, daí foi um passo para definição do Amazonas Indígena”, explicou Bonifácio.


Etnodesenvolvimento
Passado o período de estruturação institucional e planejamento participativo, este ano, justamente na quinzena de comemorações ao Dia do Índio, em Manaus, batizada de “Semana dos Povos Indígenas”, organizada pela Fepi, Coiab e Funai, os povos indígenas apresentaram uma agenda de etnodesenvolvimento objetiva de projetos e ações práticas lideradas pela Fepi, com o apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).
Entre os projetos em andamento, há a concretização do Projeto de Apoio ao Artesanato no Alto Solimões, com recursos de R$ 240 mil, em parceria com o Ministério de Integração Nacional e o Projeto de Apoio a Comercialização de Produtos Indígenas, em parceria com o Sebrae, Yakinô, no valor de R$ 150 mil.
Segundo o governador Eduardo Braga, a Semana dos Povos Indígenas sela o compromisso de estimular o reconhecimento e a valorização da cultura dos povos indígenas presentes no Amazonas, fortalecendo sua identidade cultural e promovendo sustentabilidade econômica. “Com o tema Povos Indígenas no Brasil de todos: a busca de diálogo na diferença, os povos indígenas do Amazonas se reuniram para mais uma vez discutir práticas importantes de preservação e de inclusão social da sociedade indígena em diálogo permanente com todos os outros escalões da população amazonense”, lembra o governador do Amazonas.
 
Gestão participativa
Os resultados do primeiro ano de gestão de Bonifácio José, na fundação, começaram a surgir, a partir da iniciativa da Fepi, em parceria com as organizações indígenas do Estado, em realizar 15 oficinas preparatórias sobre os problemas e as soluções apropriadas para o etnodesenvolvimento sustentável das diversas etnias do Amazonas.
Esse foi um processo de consultas inédito na história do Estado e do País. Os resultados dessas oficinas foram consolidados e debatidos na I Conferência Estadual dos Povos Indígenas, que mapeou as demandas das comunidades indígenas do Amazonas.
O documento produzido por essa conferência deu as bases para um programa instituído no Programa Plurianual do Amazonas Indígena.


 


Quadro dos povos indígenas
do Estado do Amazonas


POPULAÇÃO TERRAS INDÍGENAS ETNIAS
 119.927 178 66


ETNIAS INDÍGENAS NO ESTADO DO AMAZONAS


01 Apurinã 23 Karapanã 45 Mura
02 Arapaso 24 Katawixi 1 46 Mayoruna
03 Banawa-Yafi 25 Katuena 47 Parintintin
04 Baniwa 26 Katukiana (Pedá Djapá) 48 Paumari
05 Bará 27 Katukina-Pano 49 Pirahã
06 Barasana 28 Kaxarari 50 Piratapuya
07 Baré 29 Kaxinawa 51 Sateré-Mawé
08 Deni 30 Kubeo 52 Siriano
09 Desana 31 Kokama 53 Tariana
10 Diahui 32 Kulina Pano 54 Tenharim
11 Flexeiros 1 33 Korubo 55 Tikuna
12 Hi-Merimã 34 Kuripako 56 Torá
13 Hixkaryana 35 Madiha-Kulina 57 Tsohom Djapá
14 Isolados do rio Pardo 1 36 Maku 2 58 Tuyuka
15 Jamamadi 37 Makuna 59 Waimiri-Atroari
16 Jarawara 38 Marubo 60 Wai-Wai 3
17 Juma 39 Matis 61 Wanano
18 Juriti-Tapuia 40 Matsé 62 Warekena
19 Kaixana 41 Mayá 1 63 Witoto
20 Kambeba 42 Miranha 64 Yanomami 4
21 Kanamari 43 Miriti-Tapuya 65 Yepamahsã-Tukano
22 Kanamanti 44 Munduruku 66 Zuruaha



1 Grupos isolados.
2 Possui 4 subgrupos: Dâw, Hupda, Nad?b e Yuhúp.
3 Possui 4 subgrupos: Karafawayana, Katuena, Mayanawa e Xeréu.
4 Possui 4 subgrupos: Ninam, Sanumá, Yanoma e Yanomami.
Fontes: SEEI-1988 / FUNAI-1999 / ISA-2000 / FOIRN-ISA-2000